O Estado do Amazonas registrou 13 casos suspeitos de tráfico de pessoas em 2013. Entre as vítimas, duas mulheres foram enviadas de Manaus pela rota internacional do Brasil com países da Europa.
Segundo Cristiano Chíxaro, do NETP (Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas) da Secretaria Estadual de Justiça e Direitos Humanos, no caso de tráfico internacional, uma mulher foi aliciada para o trabalho escravo na Suíça. A outra foi recrutada para exploração sexual na Itália. As outras 11 vítimas são do tráfico interno.
Chíxaro, que é também responsável pela implantação dos Postos Avançados de Atendimento Humanizado ao Migrante, disse que as investigações dos casos de tráfico de seres humanos registrados este ano tramitam sigilosamente nas polícias Civil e Federal. Por isso, não é possível informar detalhes da apuração.
No entanto, ele adiantou que a maioria das vítimas são mulheres na faixa etária entre 15 e 25 anos de cor negra, sem perspectiva de vida e sem estrutura familiar.
Em 2012, conforme o NETP, foram confirmados quatro casos de tráfico de pessoas no Amazonas, sendo que uma vítima foi enviada para São Paulo_destino também de duas pessoas aliciadas por quadrilhas do tráfico, em 2011.
Cristiano Chíxaro afirmou que o Amazonas está na rota internacional do tráfico de pessoas porque a região faz fronteira com a Colômbia e o Peru. “O Amazonas é uma área de fronteira com grande fluxo migratório, muitas pessoas entrando e saindo, além de grandes eventos acontecendo no interior do Estado. Isso facilita a atuação dos aliciadores de forma tranquila”, disse.
O tráfico de pessoas é o recrutamento, o transporte, a transferência, o alojamento ou o acolhimento de pessoas, recorrendo à ameaça ou ao uso da força ou outras formas de coação, ao rapto, à fraude, ao engano, ao abuso de autoridade ou à situação de vulnerabilidade.
Como parte das medidas previstas pelo Plano Estadual de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, Cristiano Chíxaro disse que no Amazonas foram implantados sete Postos Avançados de Atendimento ao Migrante, sendo dois em Manaus (no porto e no terminal rodoviário), e o restante em cinco municípios: Parintins, Coari, Humaitá, Manacapuru e Itacoatiara. “Esses postos têm objetivo de orientar o migrante, que não conhece o crime de tráfico de pessoas, e é um local para receber as denúncias, além do Disque100 ”, disse.
Reportagem publicada pelo Amazônia Real na segunda-feira (25) diz que os principais relatórios sobre o tema apontam que tráfico de pessoas é um grave problema a ser enfrentado nos Estados da Amazônia devido à ausência de uma política de prevenção e repressão ao crime na região.
O relatório “Diagnóstico Sobre Tráfico de Pessoas nas Áreas de Fronteira no Brasil”, do Ministério da Justiça, afirma que há tráfico de pessoas em reservas indígenas.
Já o “13° Relatório Anual sobre Tráfico de Pessoas (TIP)”, do Departamento de Estado norte-americano, diz que que o tráfico de pessoas para o trabalho escravo está relacionado a atividades com a degradação do meio ambiente na Amazônia.
SEM SEGURANÇA
O presidente da Associação de Gays, Lésbicas e Travestis de Parintins (AM), Fernando de Souza Moraes disse à reportagem que o jovem travesti B.A.C., 28, mais conhecido como “Bruna Valadares”, continua sem segurança e assistência psicológica. O travesti denunciou uma quadrilha de tráfico de pessoas que atua entre as cidades de Parintins, Manaus, Belém (PA) e Jundiá (SP).
“Bruna está em situação de vulnerabilidade por falta de proteção. Recebeu ameaças de morte por telefone. Também não tem atendimento psicológico”, disse Fernando de Souza Moraes.
Parintins fica a 369 quilômetros de distância de Manaus. Em 2012, “Bruna Valadares” foi aliciada para trabalho escravo em Jundiaí. Ela fugiu da quadriha e chegou de volta ao Amazonas apoiada por amigos e orgãos dos governos de São Paulo e Amazonas, que atuam contra o tráfico de pessoas.
Ao site Amazônia Real “Bruna Valadares” disse que fez um pedido de sua proteção ao Fórum de Parintins, mas não obteve resposta da solicitação.
Segundo Fernando Moraes, o pedido de segurança foi formalizado no mês de junho pela Promotoria de Parintins e encaminhando também à Secretaria de Justiça do Amazonas. “A Bruna não tem segurança num lugar em que já houve sete crimes homofóbicos com autoria desconhecida”, afirmou.
Por meio da assessoria de imprensa, a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos do Amazonas disse que as denúncias de ameaças de morte contra “Bruna Valadres” foram investigadas pela Polícia Civil do Amazonas. “O relatório da inteligência diz que não encontrou indícios da denúncia e nem da ameaça”, afirma a Sejus, destacando que o jovem recebeu assistência psicológica.
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infelismente isso nao funciona, minha vizinha tem duas filhas menores viciadas em crack e vivem em situaçao de rua fazendo programa pra manter o vocio a familia ja procurou todos os orgaos dezenas de veses e nunca ninguem fez nada, isso é pura hipocrisia.