Política

NA REAL: Senegaleses dizem que é “normal” medo do ebola

FREUD ANTUNES, DE RIO BRANCO (AC) De Dacar, no Senegal, na África Ocidental, os senegaleses Mamadou Lamin e Diagne Ababacar partiram para o Brasil pela rota da imigração irregular sem se conhecerem. Desde o final do mês de agosto eles […]

Os senegaleses Mamadou Lamin e Diagne Ababacar no abrigo público de Rio de Branco (AC). (Foto: Freud Antunes/AR)

Por Amazônia Real Publicado em: 11/09/2014 às 20:11

FREUD ANTUNES, DE RIO BRANCO (AC)

De Dacar, no Senegal, na África Ocidental, os senegaleses Mamadou Lamin e Diagne Ababacar partiram para o Brasil pela rota da imigração irregular sem se conhecerem. Desde o final do mês de agosto eles estão abrigados e tornaram-se amigos na Chácara Aliança, uma casa com jardins e piscina mantida em Rio Branco pelo governo do Estado do Acre onde estão acomodados atualmente cerca de 500 estrangeiros, sendo a maioria do Haiti.

Em entrevista à agência Amazônia Real, Mamadou Lamin e Diagne Ababacar afirmam que não sofreram preconceito por parte de funcionários da imigração brasileira por causa do vírus ebola. Eles dizem que souberam do único caso notificado no Senegal quando chegaram em Assis Brasil, cidade acriana que faz fronteira com o Peru.

“Acredito que é normal as pessoas terem medo de um vírus mortal e compreenderia. Pensei muito em minha família e também temo pela vida deles”, disse Lamin.

Mamadou Lamin é um dos poucos senegaleses que sabem falar o português no abrigo de Rio Branco. Ele, que aprendeu a língua quando viveu em Portugal, ajudou na tradução da entrevista com Diagne Ababacar, que fala francês e um pouco de inglês.

Amazônia Real – Quando você chegou ao Brasil e quanto tempo demorou a viagem?

Mamadou Lamin – Cheguei no dia 20 de agosto em uma viagem que durou 16 dias. Sai do Senegal de avião, passei pela Espanha e Equador. O restante do trajeto fiz de ônibus e taxi. Passei por cidades turísticas como Cuzco, no Peru, e cruzei a fronteira brasileira em Assis Brasil, no Acre.

AR – Quanto você gastou na viagem? Precisou da um coiote (traficante de pessoa)?

Mamadou Lamin – Gastei US$ 500 (cerca R$ 1,1 mil) e não precisei de coiote. Tenho um amigo que trabalha em São Paulo e ele indicou toda a rota, porque ele também usou a mesma rota. Expliquei que meu objetivo era procurar trabalho para sustentar a minha família, pois sou o filho mais velho.

AR – O senhor foi discriminado quando chegou em decorrência da notificação do caso de ebola no seu país?

Mamadou Lamin – Quando cheguei no Brasil, não sabia do caso de contaminação e fiquei sabendo depois que cheguei. Esse caso foi registrado, porque uma pessoa que estava em Guiné e acabou viajando para o Senegal.

AR – Mas você não foi parado ou destratado pelo medo da contaminação?

Mamadou Lamin – Confesso que fiquei com medo, mas medo pela minha família que ficou no Senegal. Acredito que é normal as pessoas terem medo de um vírus mortal e compreenderia, pensei muito em minha família e também temo pela vida deles.

AR – O caso de contaminação é próximo da sua cidade?

Mamadou Lamin – Não, o relato do caso é bem distante da cidade em que minha família mora, mas fiquei preocupado.

AR – O senhor foi parado na fronteira ou na estrada?

Mamadou Lamin – Não existia fiscalização na estrada e segui até Rio Branco depois de pagar R$ 80 a um taxista brasileiro. Cheguei no abrigo as 2 horas da manhã

AR – O senhor já está no Brasil há 20 dias. Já conseguiu a documentação para trabalhar ou a autorização de permanência?

Mamadou Lamin – Ainda não. Como outras pessoas daqui, ainda estou esperando. Ansioso por um trabalho. Meu destino final é São Paulo, com o meu amigo.

AR – O senhor disse que não precisou de coiote, mas conhece outra pessoa que usou o serviço dos coiotes?

Mamadou Lamin – Sim, conheço, porque acabamos conversando com algumas pessoas e elas falam que pagaram para vir para o Brasil. Não tive contato com todos daqui, mas eles acabam comentando, mas não sei o valor. Esse contrato pode ser feito no Senegal ou no Equador. Eles (os coiotes) trazem as pessoas até Puerto Maldonado, no Peru.

Entrevista com Diagne Ababacar

AR – Quando o senhor chegou ao Acre?

Ababacar – No dia 25 de agosto.

AR – O senhor precisou pagar alguém para trazê-lo?

Ababacar – Sim, precisei, pois não conhecia a rota e não sei falar espanhol ou português. Ele (coiote) me cobrou US$ 700 (cerca de R$ 1,5 mil) para me trazer e US$ 500 ( cerca de R$ 1,1 mil) da viagem.

AR – O senhor foi tratado de forma diferente por funcionários da imigração brasileira por causa do ebola?

Ababacar – Há quatro meses o vírus do ebola está na Guiné e, quando houve o relato de contaminação no Senegal, o nosso presidente fechou a fronteira, mas já havia saído do país.

AR – Quanto tempo durou sua viagem?

Ababacar – Eu demorei oito dias de viagem. Minha meta é trabalhar e pretendo buscar trabalho em São Paulo.

Reportagem Noticiosa

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1 Comentário

Diego Silva disse:

12/09/2014 às 17:12

Esta é a política do PT! Não estão nem ai para a saúde da população brasileira. Vai ser preciso morrer alguns brasileiros para tomarem a iniciativa de fecharem as fronteiras que estão a mais de quatro anos alimentando a renda dos coites. Definitivamente o Governo da Presidente Dilma Rousseff é um bom negócio para ilegais e traficantes de pessoas.

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