A questão do lixo em Parintins (Parte Final – Atuação da Ascalpin)

RENAN ALBUQUERQUE Nos dois artigos anteriores, tratamos do problema (Parte I) e de uma possível mitigação (Parte II) dos efeitos devastadores que a irresponsabilidade sobre o lixo produzido vem gerando a Parintins, a 369 quilômetros via fluvial da capital do […]

Por Amazônia Real Publicado em: 09/12/2013 às 00:06

RENAN ALBUQUERQUE

Nos dois artigos anteriores, tratamos do problema (Parte I) e de uma possível mitigação (Parte II) dos efeitos devastadores que a irresponsabilidade sobre o lixo produzido vem gerando a Parintins, a 369 quilômetros via fluvial da capital do Amazonas, Manaus. Para encerrar a avaliação do assunto, sublinhemos o papel pioneiro que a Associação dos Catadores de Lixo de Parintins (Ascalpin) possui atualmente frente ao problema. A entidade tem propostas viáveis e de custo médio para efetivar o reaproveitamento de resíduos e diminuir o fluxo consumista e degradador que alimenta a população, todavia o processo não avança por falta de conhecimento e interesse dos gestores públicos da cidade.

A presidente da entidade, Marcivone de Freitas, tem se mostrado indignada por causa da falta de apoio público tanto em relação à estrutura da Ascalpin quanto ante práticas efetivas para a implantação de ações de conscientização acerca do lixo no município. Uma pergunta básica é feita por ela em simpósios do qual participo e que Marcivone é convidada: como a população vai se adequar de forma satisfatória a projetos que irão mudar seu cotidiano se a sociedade parintinense possui alta tolerância ao lixo? Ou seja, é comum a cidade estar limpa apenas no Festival dos Bois e pouco se questiona sobre isso.

Fator que impede o processo de conscientização acerca do tratamento de resíduos sólidos em Parintins é a falta de educação ambiental — e uma proposta já destacada pela Ascalpin é criar ação conjunta a ser implantada em diferentes níveis educacionais e econômicos da ilha. De fato, não adianta mudar a lixeira para outro local se não for iniciada i) fiscalização e multa para quem sujar logradouros públicos, ii) supressão de podas de árvores que não ofereçam risco de cair, iii) ação interinstitucional para ampliar aulas de educação ambiental na rede municipal e iv) impedimento de descartes domésticos de efluentes, propondo-se montagem gratuita de encanamento para sumidouros domésticos.

São ações urgentes e a própria presidente da Ascalpin se ofereceu para prestar parte dos serviços gratuitamente, mas não houve retorno da Secretaria de Limpeza Pública e da Secretaria de Meio Ambiente. Foram feitas reuniões com representantes da Prefeitura Municipal sobre uma possível transição para uma economia de baixo rejeito e descarte, só que a enxurrada de promessas até hoje não possui efetividade. Com isso, o Estado deu mostras de que “incentivar a cultura local”, “gerar renda sustentável” e “planejar o melhor folclore popular do Brasil”, frases tais que tanto são ouvidas durante a festa dos bois, não passam de marketing barato e o pior é que boa parte da imprensa amazonense engole sem questionar a xaropada.

Na avaliação acerca do problema do lixo em Parintins, fica evidente que a sociedade acadêmica e a sociedade civil organizada possuem estratégias eficazes para melhorar a qualidade de vida da população. Entretanto, cabe ponderar que o Poder Público tem sido pouco competente em organizar diálogos com esses segmentos e agilizar parcerias. Fica mais fácil evitar o enfrentamento do problema e protelar a solução para amanhã. Mas, em se tratando de Amazônia, o amanhã é agora.

Reportagem Noticiosa

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