Política

Marta faz gol recorde e leva o Brasil às oitavas da Copa do Mundo

A Seleção Feminina deverá enfrentar a França ou Alemanha na próxima fase do mundial da França (Foto: CBF) Manaus (AM) – Com um gol de pênalti contra a Itália, a jogadora Marta fez história nesta terça-feira (18), na França e levou […]

Marta faz gol da vitória e do record na Copa do Mundo (Foto: CBF)

Por Izabel Santos Publicado em: 18/06/2019 às 23:04

A Seleção Feminina deverá enfrentar a França ou Alemanha na próxima fase do mundial da França (Foto: CBF)

Manaus (AM) – Com um gol de pênalti contra a Itália, a jogadora Marta fez história nesta terça-feira (18), na França e levou a Seleção Feminina às oitavas de final, tornando-se a maior artilheira da Copa Mundo, com 17 gols em mundiais. Marta, bateu a marca que antes era do alemão Miroslav Klose na disputa masculina e dedicou o recorde às mulheres.

“Quebrar recordes é algo que acontece naturalmente quando se dedica, faz trabalho com amor. Estava esperando esse momento. Estou feliz demais. Digo que a gente está quebrando muitas barreiras, e esse recorde representa bastante, porque não é só a jogadora Marta, mas as mulheres, num esporte que ainda é masculino para muitos, temos uma mulher como a maior artilheira das Copas. É para todas elas”, disse ao site Globoesporte Marta Silva, que já tinha ultrapassado a marca de gols de Pelé, com 12 gols em copas do mundo.

Com a vitória de 1 a 0 para a Itália, no Stade du Hainaut, em Valenciennes, na França, o Brasil acumulou seis pontos. Está em terceiro lugar no empate com as seleções da Itália e Austrália, pelo Grupo C. Segundo a CBF, a Seleção Brasileira Feminina deverá enfrentar o time da França ou da Alemanha. O adversário será definido nesta quarta-feira (19).

No jogo contra a Itália, o Brasil entrou em campo com as seguintes jogadoras: Bárbara; Letícia (Poliana), Kathellen, Mônica e Tamires; Thaisa, Andressinha, Marta (Luana); Ludmila, Cristiane (Bia Zaneratto) e Debinha.

Há 20 anos o Brasil não jogava com a Itália numa Copa do Mundo Feminina. As duas seleções jogaram pela última vez em 1999. O Brasil ganhou de 2 x 0. A Itália passou 20 anos sem disputar um mundial.

No jogo na França, o time da Itália foi formado pelas jogadoras Laura Giuliani; Alia Guagni, Sara Gama, Elena Linari e Elisa Bartoli (Lisa Boattin); Aurora Galli, Manuela Giugliano e Valentina Cernoia; Valentina Giacinti (Valentina Bergamaschi), Cristiana Girelli (Ilaria Mauro) e Barbara Bonansea.

Torcedores e torcedoras vibram com o gol de Marta
(Foto: Alberto César Araújo/Amazônia Real)

O jogo que deu a vitória ao Brasil e o recorde de Marta na Copa do Mundo foi transmitido, ao vivo, pela campanha Jogue como uma garota, no bar Espaço Cultural Curupira Mãe do Mato, em Manaus, e no bar Tio Jonh, em São Gabriel da Cachoeira (no norte do Amazonas). Nas duas cidades, mais de 200 pessoas, entre torcedoras e torcedores, vibraram pelo placar de 1 a 0 contra a Itália.

Das 43 torcedoras que participaram do bolão do jogo em Manaus, quatro acertaram a vitória da Seleção Feminina. Pela ordem dos palpites acertaram: Izabel Santos (esta repórter que vos escreve); Thaís Bentes, Naiane Santos e Ana Cláudia Chaves. Elas ganharam brindes da marca-protesto @peita, realizadora da campanha Jogue como uma garota.

A estudante Naiane Santos, de 22 anos, comemorou o resultado do bolão. “Fiquei muito feliz por ter ganhado! Apostei no placar de 1 a 0, porque acho que o Brasil não está com um ritmo muito forte, mas eu sabia que íamos passar da Itália”, disse ela.

Ganhadoras do bolão com as organizadoras do evento no Curupira, em Manaus
(Foto: Alberto César Araújo/Amazônia Real)

A socióloga Ana Cláudia Chaves, membro do Fórum Permanente de Mulheres de Manaus (FPMM), também ganhou o bolão. Ela considera o apoio às atletas do futebol feminino fundamental, pois a modalidade é pouco valorizada no país.

“Iniciativas como a da Peita são muito importantes para a valorização do esporte praticado por mulheres. Eu senti na pele a pouca atenção que ele recebe; fui jogadora de futebol na adolescência e sempre foi muito difícil ser profissional por causa da falta de incentivo. Falta muito apoio, principalmente da iniciativa privada”, disse Ana Cláudia.

Ganhadora do bolão do jogo, Naiane Santos
(Foto Alberto César Araújo/Amazônia Real)

A representante do coletivo feminista partidAmazonas, que empodera mulheres para a política institucional, Mayara Jansen, falou sobre a importância desse jogo para o esporte brasileiro.

“Achei que foi um jogo muito equilibrado. Me surpreendi, inclusive, porque estávamos sem a Formiga, e a Marta saiu na metade do segundo tempo. Como o gol foi de pênalti, pode parecer um pouco menos, mas esse gol foi muito importante para todas as mulheres que gostam de futebol e de esportes, porque o futebol é visto como uma coisa de homem. Mas a Marta é, agora, a maior goleadora de todas as copas. Ela ultrapassou o alemão Klose que já se aposentou. Agora, vai ter que surgir alguém que seja melhor que ela, e no momento não há ninguém na história do futebol”, disse.

Visibilidade do futebol feminino

Transmissão do jogo Brasil e Itália da Copa do Mundo da França
(Foto: Alberto César Araújo/Amazônia Real)

A campanha Jogue como uma garota foi idealizada pela designer Karina Gillon, fundadora da @peita, em Curitiba. Ela convidou embaixadoras em 21 cidades do país para promover a mobilização de torcedoras da Seleção Brasileira Feminina. Em Manaus, responde pela organização do evento a jornalista Kátia Brasil, cofundadora da agência Amazônia Real. Já em São Gabriel da Cachoeira, a embaixadora é Ednei Teles, coordenadora do Campeonato de Futebol Feminino. Foram convidadas para coordenar a campanha na capital amazonense Gabriela Refosco, proprietária do bar Curupira Mãe do Mato; Anne Paiva, do Instituto Mana; Marília Freire, do Humaniza Coletivo Feminista; Mayara Jansen e Elvira Eliza França, da partidAmazonas.

“O objetivo principal da campanha é fazer com que a nossa sociedade respeite a diversidade e veja como é importante e transformador o esporte. O futebol feminino precisa de visibilidade para mudar a desigualdade entre mulheres e homens”, disse Kátia Brasil, embaixadora da campanha Jogue como uma garota Manaus.

A embaixadora de São Gabriel Ednei Teles disse que as torcedoras e torcedores que acompanharam o jogo Brasil e Itália, no bar Tio John, vibraram muito com a vitória da Seleção Feminina. “É muito bacana ver as pessoas nos incentivando e ver as mulheres unidas pelo futebol e por uma causa que dá visibilidade. Isso é um incentivo para mim”, comemorou ela.

Torcedora em Manaus, a designer Sabrina Cordeiro também destacou a importância da visibilidade das mulheres no futebol. Ela disse que estava ansiosa para assistir ao jogo no Curupira Mãe do Mato, o que conseguiu fazer nesta terça-feira (18), pela primeira vez.

“Eu queria vir assistir aqui, porque acho bom esse tipo de iniciativa, pois dá visibilidade e supera preconceitos, pois o futebol feminino ainda é alvo desse tipo de coisa. Então, é muito bom que a transmissão do esporte tenha espaço”, conta Sabrina.

Priscila com o repórter Raphael Pimentel, da TV Amazonas/Rede Globo, que acompanhou a transmissão com sua equipe (Foto Alberto César Araújo/Amazônia Real)

As professoras Priscila Diógenes e Valesca Chaves, ambas representantes do Maracatu Baque Mulher Manaus, também foram, pela primeira vez, assistir aos eventos da campanha Jogue como uma garota, no Curupira. Elas disseram que pretendem continuar acompanhando as transmissões.

“É bacana apoiar o futebol feminino, pois as mulheres são subvalorizadas e não ganham o mesmo que os homens. Quanto mais apoio, mais força”, disse Priscila.

Valesca completou, referindo-se à empresária Gabriela Refosco: “Não acompanho muito o futebol, mas vim para dar apoio às atletas e ao Espaço Curupira Mãe do Mato que sempre apoia iniciativas independentes e é gerido por uma mulher”.

Elvira Eliza França, também da partidA, completou, falando a importância da campanha Jogue como uma garota. “É muito bom torcer pelo Brasil num grupo de mulheres, num bar dirigido por uma mulher, numa campanha criada e coordenada por mulheres. Elas têm uma força especial, uma garra que mostra como estão empoderadas para fazer o melhor que podem em tudo o que fazem. Por isso, merecem todo respeito. Achei muito importante que nessa campanha, durante os intervalos dos jogos, a embaixadora faça comentários relacionando a união das mulheres no futebol com a união para lutar contra a violência e o feminicídio”, disse. (Colaboraram Alícia Oliveira e Jackeline Lima)

Marta, a heroína do Brasil (Foto: Fifa Getty Imagens)

Quem será o próximo adversário da Seleção Feminina?

Segundo a CBF, é provável que a rival da Seleção Brasileira de Futebol Feminino seja a França, mas a situação ainda não está completamente definida. Isso porque o regulamento do Mundial prevê mudanças nas oitavas de final, dependendo de onde vêm as seleções classificadas na Copa do Mundo. Entenda:

– Brasil x França

Se a situação das seleções classificadas se mantiver, esse será o duelo da Seleção Brasileira na próxima fase da Copa do Mundo. Um eventual embate contra as donas da casa será no próximo domingo (23), às 16h (15h em Manaus).

– Brasil x Alemanha

É o confronto menos provável, mas ainda possível no caminho da Seleção Brasileira. Para que o Brasil encare a equipe germânica, as oitavas de final não poderão ter representantes dos grupos A (Nigéria) ou do grupo D (Argentina ou Escócia). Caso seja esse o panorama final da fase de grupos do Mundial, Alemanha e Brasil irão duelar às 12h30 (11h30 em Manaus) do próximo sábado (22).