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Copa 2014: Desafio da Arena da Amazônia será atrair público para jogos locais

Por Elaíze Farias Publicado em: 15/05/2014 às 19:52

A maior autoridade do Amazonas na coordenação da Copa do Mundo em Manaus ainda não sabe dizer se os jogos regionais irão atrair público ao estádio Arena da Amazônia.

Miguel Capobiango, coordenador da UPG Copa, também não sabe se algum dos dez times profissionais da Federação Amazonense de Futebol (FAF) vai jogar pelo campeonato estadual no estádio milionário depois da Copa.

“Não tem como dizer que de uma hora para outra os jogos vão atrair público. Mas a Arena vai ajudar a criar uma referência interessante, como formação de torcida”, disse Capobiango à agência EFE.

A Arena da Amazônia será entregue à FIFA no próximo dia 22 de maio, segundo a UGP Copa em Manaus.

O estádio já recebeu jogos da Copa do Brasil, entre eles, Nacional (AM) X Remo (PA), Princesa do Solimões (AM) X Fast (AM), Vasco X Resende, Nacional X Corinthians e Princesa X Santos.

Segundo o governo do Amazonas, a arrecadação com as partidas da Copa do Brasil na Arena da Amazônia foi de R$ 5,5 milhões. Os três times amazonenses faturaram R$ 1,2 milhão.

Mas quem ganhou mais foram times nacionais. Na partida entre Vasco e Resende a arrecadação foi de R$ 2,1 milhões para um público de 40.189 pessoas. Já o jogo entre os times locais Princesa e Fast a arrecadação na Arena foi de R$ 244,6 mil com 9.000 torcedores.

Jogadores do Santos comemoram gol na Arena (FotoAmazonas/Alberto César Araújo)

Dissica Valério Thomaz, presidente da Federação Amazonense de Futebol (FAF), admite que o futebol amazonense “não vai estourar só por causa da Copa”. Ele afirma que é preciso “que todos façam a sua parte”.

Segundo ele, o time melhor colocado no ranking brasileiro é o Nacional pela quantidade de competições nacionais.

Mas, depois de 27 anos sem representação num torneio nacional, o time profissional do Estado que ganhou a vaga no Campeonato Brasileiro na série D é o Princesa do Solimões, fundado no município de Manacapuru, a 80 quilômetros de distância da capital.

O presidente da FAF está otimista com a Arena. “Agora teremos uma praça desportiva. Então esperamos que a Arena da Amazônia motive o torcedor a ir aos estádios e volte a ter o hábito de assistir jogos. Mas não acredito que isto ocorrerá logo. Isso é a longo prazo”, disse Dissica Thomaz.

Ele projeta organizar um torneio ainda em 2014 com times de países vizinhos, como Venezuela e Colômbia.

Para um dos coordenadores do IACi (Instituto Amazônico da Cidadania) que defende causas socioambientais em Manaus, Hamilton Leão os benefícios da Copa do Mundo “são para poucos, em detrimento de muitos”.

“Esse legado que o governo do Amazonas tanto defende jamais existirá. Por mais que queiramos olhar com bons olhos para a Copa do Mundo, não conseguiremos ir além de soberba pretensão de realizar uma competição, patrocinando uma bilionária instituição privada que é a FIFA, enquanto o País ainda enfrenta verdadeiras mazelas”, diz ele.

Para Leão, o mais sensato, primeiramente, era que o governo tivesse responsabilidade de estruturar o País e as cidades “e não se prevalecer da desculpa de um grande evento para se desviar importantes recursos públicos em futebol, enquanto falta para áreas como educação e saúde”.

Até mesmo dentro das estruturas do governo do Amazonas existe desconfiança. Recentemente, durante audiência realizada na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), o secretário de cultura do Estado, Robério Braga, declarou que “a cidade de Manaus deixa muito a desejar” em relação a Copa do Mundo.

“Qualquer pesquisa e caminhada do manauense nas ruas de Manaus constata–se que é muito deficiente para se mostrar ao mundo. Portanto, temos que ser seletivos para mostrar ao mundo. Esse tem sido o esforço mais recente que tenho acompanhado”, disse o secretário Braga, que nos últimos 17 anos coordena eventos internacionais como o Festival Amazonas de Ópera e o Amazonas Film Festival, que já contou com a presença de astros como a atriz Claudia Cardilane e o diretor Roman Polanski. (Com informações da agência EFE)

Reportagem Noticiosa

Sobre a matéria

Elaíze Farias

Cofundadora da Agência Amazônia Real e editora de conteúdo. É referência em reportagens sobre povos originários, populações tradicionais, denúncias de violações de direitos territoriais e direitos humanos, crise climática, violências socioambientais e impactos de grandes empreendimentos na natureza e nas populações amazônicas. Entre as premiações recebidas, está o Prêmio Imprensa Embratel de 2013. Em 2021, foi homenageada no 16º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), junto com Kátia Brasil, também fundadora da Amazônia Real. Em 2022, recebeu o Prêmio Especial Vladimir Herzog. É jornalista formada pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM).