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Amazônia Real é finalista do Prêmio Vladimir Herzog

Por Amazônia Real Publicado em: 05/10/2022 às 16:39

Um dos maiores prêmios jornalísticos do País selecionou entre os três grandes finalistas na categoria multimídia a reportagem “Rondônia Devastada”; nesta mesma edição as cofundadoras da agência, Elaíze Farias e Kátia Brasil, serão homenageadas por decisão unânime da comissão organizadora (Foto: Alexandre Cruz Noronha/Amazônia Real).

A reportagem especial “Rondônia Devastada”, publicada pela agência Amazônia Real em maio deste ano, é uma das finalistas do Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog 2022, um dos mais conceituados do jornalismo brasileiro. A indicação foi divulgada nesta quarta-feira (05) e a escolha dos vencedores será feita pela Comissão Organizadora no próximo dia 13 de outubro, em sessão pública e presencial no Espaço Vladimir Herzog do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo.

Finalista na categoria Produção Jornalística em Multimídia, a reportagem mostra em textos, imagens, infográficos e um mini-documentário a ação de madeireiros, grileiros e empresários do agronegócio detêm o domínio territorial em Rondônia. Eles promovem a devastação da floresta amazônica, mas ainda enfrentam a resistência dos povos indígenas. A defesa dos povos amazônicos é, aliás, o que resultou na homenagem especial que as duas fundadoras da Amazônia Real receberão nesta edição do Vladimir Herzog.

As jornalistas Elaíze Farias e Kátia Brasil, cofundadoras da agência, vão receber o Prêmio Vladimir Herzog Especial 2022, por escolha unânime da Comissão Organizadora. Também serão homenageados o médico e escritor Drauzio Varella e o jornalista Dom Phillips (in memoriam), assassinado no Vale do Javari, no Amazonas, ao lado do indigenista Bruno Pereira (Ver mais detalhes abaixo).

“Rondônia é um dos Estados da Amazônia mais impactados pelo avanço indiscriminado e ilegal do agronegócio. Um setor que tem o apoio do poder econômico e dos governantes. O Estado vive hoje aquilo que líderes indígenas e comunidades tradicionais chamam de o fim da floresta”, afirma a jornalista Elaíze Farias, uma das autoras da reportagem.

“Sermos indicados e indicadas para o Prêmio Vladimir Herzog é não apenas um reconhecimento pelo trabalho exaustivo que a Amazônia Real empreende. Mostra que não basta falar em defender a Amazônia. Para defender a Amazônia e as populações que aqui vivem é preciso conhecê-las. Para conhecer, nem sempre é possível vir aqui. Então, como jornalistas, mostramos isso por meio de nossas reportagens.”

Na categoria multimídia, “Rondônia Devastada” concorre com as reportagens “Mortes invisíveis”, publicada pelo TAB UOL; e “A rota do tráfico humano na fronteira da Amazônia”, do site Metrópoles. Este ano, 528 produções jornalísticas em sete categorias foram avaliadas pelo Prêmio Herzog. As categorias são arte, fotografia, texto, vídeo, áudio, multimídia e livro-reportagem.

“Dedicamos muitos dias para o especial ‘Rondônia Devastada’, começando pela apuração, passando pela edição, até chegar à publicação. A equipe foi a campo, debruçou-se sobre os vários dados disponíveis, checou e rechecou tudo para traçar um panorama da complexa cadeia destrutiva que avança sem dó sobre a Amazônia”, diz o editor de especiais Eduardo Nunomura.

“Reunir todo o material coletado pelos repórteres, que chegaria a dar um livro, e transformá-lo na série de reportagens foi um desafio enorme porque queríamos que esse conteúdo servisse de ensinamento para a sociedade, que muitas vezes não tem ideia do que se passa na região amazônica.”

O fotógrafo Alexandre Cruz Noronha, autor das fotos e do vídeo que fazem parte do especial, declara estar muito feliz com o reconhecimento do trabalho jornalístico, que envolveu uma ampla investigação. “Acho que é importante para a própria visibilidade da pauta, que é de extrema importância”, disse.

Para Karla do Val, uma das repórteres que participou do especial, a indicação ao Prêmio Herzog é uma honra. “Estar na equipe indicada para um dos prêmios mais importantes do jornalismo enche de orgulho. Foi um trabalho árduo, longo e difícil, elaborado com muita responsabilidade, buscando a precisão das informações”, afirmou.

O jornalista Fábio Pontes, que também participou do especial, celebrou o reconhecimento do jornalismo feito por quem vive na Amazônia e enfrenta as dificuldades e riscos. “Para mim, certamente, essa é uma das reportagens mais especiais que já produzi. A logística foi muito difícil. Enfrentamos atoleiros, árvores caídas no meio do caminho, viagem de barco com muita chuva. Enfrentamos todos os tipos de riscos para produzir essa reportagem. Mas fazer jornalismo independente aqui na Amazônia já é um risco em si, e estamos acostumados”, disse.

Alexandre Noronha e Fábio Pontes (Acervo pessoal)

O especial é fruto de um trabalho coletivo, cuja equipe foi formada por Elaíze Farias, Fábio Pontes e Karla do Val (repórteres); Alexandre Cruz Noronha (fotógrafo); Eduardo Nunomura (editor de especiais); Alberto César Araujo (editor de fotografia); Kátia Brasil (editora-executiva); Lívia Lemos (mídia social); Giovanny Vera (mapas e infografia), César Nogueira (montador de vídeos e tradutor); Nelson Mota (desenvolvimento) e Maria Cecília Costa (assistente administrativa). A reportagem especial foi realizada com o apoio da organizaçã Observatório do Clima e da instituição socioambiental Re: Wild.

Em 2019, a série “Sem Direitos: o rosto da exclusão social no Brasil”, resultado de uma parceria entre as mídias digitais independentes #Colabora, Ponte Jornalismo e Amazônia Real, foi a vencedora da categoria multimídia do 41º Prêmio Vladimir Herzog.

Veja aqui os prêmios recebidos pela agência desde a sua fundação.

Homenagem especial

Kátia Brasil e Elaíze Farias (Foto: Cícero Pedrosa Neto/Amazônia Real)

Elaíze Farias e Kátia Brasil receberão a homenagem especial do Vladimir Herzog pela trajetória no jornalismo defensor das causas amazônicas. Para a Comissão Organizadora da premiação, a Amazônia Real é a maior porta-voz dessas causas. As jornalistas receberão o troféu símbolo do Prêmio – a meia lua recortada com a silhueta de Vlado Herzog, uma criação do jornalista, artista plástico e designer Elifas Andreato, falecido em março deste ano.

A cerimônia do 44º Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos será realizada no dia 25 de outubro, às 20 horas, no Tucarena, em São Paulo. No mesmo dia haverá a tradicional roda de conversa do Prêmio Herzog e a solenidade de premiação das reportagens do ano.

Sobre o Prêmio

Entrega do 41º Prêmio Vladimir Herzog no Tuca Arena (Divulgação)

O Prêmio Vladimir Herzog foi criado em 1978 durante o Congresso Brasileiro de Anistia, realizado em Belo Horizonte (MG). Perseu Abramo (1929-1996), então diretor do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, deu a ideia de batizar a premiação com o nome de Vladimir Herzog, jornalista assassinado pela ditadura militar brasileira em outubro de 1975 e símbolo da resistência contra o regime autoritário instaurado no país em 1964.

A premiação especial é um reconhecimento das seguintes organizações, além do Instituto Vladimir Herzog e da família Herzog: Associação Brasileira de Imprensa (ABI); Associação Brasileira de Jornalistas Investigativo (Abraji); Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo; Conectas Direitos Humanos; Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB Nacional; Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo – ECA/USP; Federação Nacional dos Jornalistas – FENAJ; Ordem dos Advogados do Brasil – Secção São Paulo; Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo; Periferia em Movimento; Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo; e Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação – Intercom.

Reportagem Noticiosa

Sobre a matéria

Citações

“Sermos indicados e indicadas para o Prêmio Vladimir Herzog é não apenas um reconhecimento pelo trabalho exaustivo que a Amazônia Real empreende”

Elaíze Farias, uma das fundadoras da Amazônia Real

“A equipe foi a campo, debruçou-se sobre os vários dados disponíveis, checou e rechecou tudo para traçar um panorama da complexa cadeia destrutiva que avança sem dó sobre a Amazônia”

Eduardo Nunomura, editor de especiais da Amazônia Real

“Acho que é importante para a própria visibilidade da pauta, que é de extrema importância”

Alexandre Noronha, fotógrafo

Foi um trabalho árduo, longo e difícil, elaborado com muita responsabilidade, buscando a precisão das informações”

Karla do Val, repórter

https://premiovladimirherzog.org/finalistas-44-premio-vladimir-herzog/

https://amazoniareal.com.br/rondonia-devastada/

https://amazoniareal.com.br/fundadoras-da-amazonia-real-vao-receber-premio-vladimir-herzog-especial-2022/

Amazônia Real

A agência de jornalismo independente e investigativo Amazônia Real é uma organização sem fins lucrativos, criada por jornalistas mulheres em 20 de outubro de 2013, em Manaus, no Amazonas, Norte do Brasil. Sua missão é fazer jornalismo ético e investigativo, pautado nas questões da Amazônia e de seu povo. A linha editorial é voltada à defesa da democratização da informação, da liberdade de expressão, da liberdade de imprensa e dos direitos humanos. ([email protected])