Meio Ambiente

Bototerapia é realizada no Amazonas desde 2005

Por Liège Albuquerque Publicado em: 09/12/2013 às 00:00

Não é de hoje que a interação homem e animal é a base de muitas terapias de cura, como a equoterapia. No Amazonas, a bototerapia foi iniciada em 2005 pelo fisioterapeuta Igor Simões Andrade. “Comecei usando bolinhas para estabelecer um elo de confiança com os botos e pouco depois comecei a entrar com crianças”, conta. Igor atende as crianças no baixo rio Negro, no rio Ariaú, zona rural de Iranduba, a cerca de 20 quilômetros de Manaus, de barco. Leia a seguir entrevista com o fisioterapeuta ao portal Amazônia Real.

Como o senhor definiria essa prática? é uma espécie de fisioterapia com botos?

Bototerapia ou o Rolfing assistido por golfinhos de rio foi desenvolvida voluntariamente por mim, que sou especialista em Rolfing. A técnica é utilizada com sucesso na reabilitação de seres humanos em diversos países, e em respeitados centros de pesquisa e tratamento da saúde humana, tanto no Brasil, como também em diversos países da Europa, Estados Unidos, Japão e, pela primeira vez no mundo, vem sendo associada ao contato e interação pacifica com golfinhos Amazônicos livres e amigáveis na natureza.

Que tipo de doenças são tratadas com a prática?

Nosso tratamento é complementar e não substituímos nenhum tratamento. Atendo hiperatividade, depressão infantil, autismo, síndrome de down , crianças portadoras de necessidades especiais. Olho a pessoa por trás da deficiência.

Quantas pessoas em média o senhor já atendeu até hoje?

O atendimento inclui a criança e a mãe. Já foram em torno de 600 atendimentos em sete anos

Igor Simões na bototerapia com os botos e crianças (Foto Divulgação Bototerapia/Diogo Lagroteria)

Quem apoia ou financia o senhor nesse trabalho?

Meu consultório particular é de onde vem a manutenção real, mas tenho também apoio do Hotel Ariaú, com transporte fluvial e alimentação. Às vezes com alguma doação extra possibilita realizar a atividade também na praia Amigos do Boto, próximo ao hotel. Pelas condições das crianças, a praia facilita muito a segurança das pessoas e as aproxima dos animais.

O senhor cobra quanto por uma sessão?

O atendimento é realizado com crianças que não podem pagar, por isso não cobro nada. Porém, para um atendimento particular de uma criança com condições seria cobrado o transporte, alimentação e minha diária.

Com a regulamentação do turismo com botos, o senhor acha que a bototerapia pode ser prejudicada?

Não, pelo contrário. A bototerapia tem licenciamento do Ibama desde 2009 e esse documento que eu recebi nessa época foi usado como base para as normas atuais. Fui convidado pela secretária Kamila Botelho para apresentar a bototerapia aos Conselheiros (de Meio Ambiente) do Estado e foi muito bom. Acho importantíssimo para os botos, pois o ecoturismo regulamentado, com dias de intervalo, limite de alimentação e pessoas nas visitas, além de palestras educativas, ajudarão a reverter a matança dos botos. Sugeri que nos locais de matança sejam instalados flutuantes para ecoturismo. O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) tem esses locais estudados pela Dra. Vera (Silva). E agora através de uma parceira entre o Instituto da Bototerapia e a Associação Amigos do Peixe-Boi (Ampa), estamos instalando um flutuante que servirá como modelo da regulamentação. Outro fator importante da regulamentação é que todos os lugares que cobrarem para o turismo com boto deverão realizar pesquisa e trabalho social como acontece no Ariaú. Então, outros lugares poderão receber minhas crianças da Bototerapia Filantrópica.

Reportagem Noticiosa

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