Degradação e Desenvolvimento ou a dinâmica do avançando, mas retrocedendo

CARLOS DURIGAN É fato reconhecido à exaustão que as políticas voltadas ao crescimento econômico a qualquer preço no Brasil e no mundo têm como sua principal consequência a degradação socioambiental. Há décadas sentimos os resultados previstos em tantos estudos, debates, […]

Por Amazônia Real Publicado em: 10/02/2014 às 03:09

CARLOS DURIGAN

É fato reconhecido à exaustão que as políticas voltadas ao crescimento econômico a qualquer preço no Brasil e no mundo têm como sua principal consequência a degradação socioambiental. Há décadas sentimos os resultados previstos em tantos estudos, debates, declarações e manifestos dos mais diversos que indicariam a escolha equivocada de paradigmas desenvolvimentistas por nossos governantes ao não incluírem em suas agendas ações concretas e responsáveis em relação às bases de toda a vida no planeta e ainda mais, o respeito às diversidades biológica e sociocultural.

No Brasil, indígenas, quilombolas, populações tradicionais, setores da sociedade envolvente como o caso dos movimentos sociais, ambientalistas e cientistas, enfim, os chamados “entraves ao desenvolvimento”, indignados, têm continuamente dado o alerta e, cada seguimento a seu modo, buscando fazer frente às políticas equivocadas que insistem em promover a degradação social e ambiental, justificando-a como um passivo inerente ao desenvolvimento.

Evoluímos, é verdade, em muitos aspectos ao longo dos últimos anos, mas fica aquela impressão de que avançamos retrocendendo, a velha história do um passo à frente e dois atrás.

Vejamos. Em sua história mais recente e até os anos 80, o Brasil era notícia devido às altas taxas de desmatamento na Amazônia, as frentes de expansão da “Caravana do Desenvolvimento” promovida na região pela ditadura que mostrava a sua real face, semeando a destruição ambiental, a violência em série sob o lema do “Integrar para não Entregar”.

Anos 90, respiramos a democracia, enfim, e um debate mais apropriado começou a ser travado baseado nos conflitos existentes. Os movimentos sociais cobraram respostas de governos eleitos, mas nem tão engajados assim, tivemos a Rio 92, onde o Brasil, assim como tantos outros países se comprometeu formalmente a tirar o termo Sustentabilidade do papel, Unidades de Conservação foram criadas, Terras Indígenas e Quilombolas reconhecidas e que representam quase 50% da Amazônia hoje. Além disso, surgiram diversos projetos voltados à conservação ambiental, ao desenvolvimento local e geração de renda na diversidade de possibilidades e modos de vida das populações amazônicas, etc.

E enfim, depois de alguns avanços importantes, o que temos hoje? Os processos de degradação tomando novo fôlego, impulsionados pelas atuais políticas públicas que insistem em seguir o velho rumo, promovendo mais uma vez o desmatamento, inclusive no interior das áreas que deveriam ser protegidas; um novo Código Florestal feito sob encomenda para as oligarquias nacionais que promovem o agronegócio com os pés fincados na “Casa Grande”; áreas protegidas sendo extintas para dar passagem a grandes projetos de infraestrutura e mineração; lideranças que continuam a ser assassinadas impunemente, etc.

Não é muito difícil adivinhar os resultados que tudo isto pode trazer para nós e as futuras gerações. O fato é que de desenvolvimento de fato temos experimentado muito pouco, mas seus resultados degradantes, podemos sentir no nosso dia-a-dia e de forma crescente e intensa, dando-nos poucas boas expectativas, se assim persistirmos nos velhos erros do passado. Repetindo o velho jargão: mudanças são necessárias e os instrumentos para elas estão nas nossas mãos.

Reportagem Noticiosa

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