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Documentário resgata cultura e resistência de quilombolas de Alenquer, no Pará

Símbolo de resistência étnica dos povos quilombolas, o Marambiré é uma manifestação cultural que reúne dança, música e cantos que fazem referência aos antigos reinados da África Central. Marambiré é também o nome do documentário de André dos Santos. Ele […]

A foto de Integrantes do Marambiré é um frame do documentário de André dos Santos

Por Amazônia Real Publicado em: 07/11/2017 às 12:11

Símbolo de resistência étnica dos povos quilombolas, o Marambiré é uma manifestação cultural que reúne dança, música e cantos que fazem referência aos antigos reinados da África Central. Marambiré é também o nome do documentário de André dos Santos. Ele foi ao interior de Alenquer, no Pará, e resgatou a história e as manifestações culturais da população quilombola da comunidade Pacoval.

Na próxima sexta-feira (10), o documentário Mirambiré será exibido na comunidade Pacoval.

André dos Santos é quilombola, nascido na comunidade Boa Vista, no alto rio Trombetas, no Pará, a primeira comunidade de remanescentes de quilombos a receber o título coletivo e definitivo de suas terras, em 1995. Há cinco anos, ele vem se dedicando a produzir documentários sobre a vida e a cultura de comunidades afrodescendentes na Amazônia, como forma de divulgar e preservar esses saberes, sabendo da importância que o audiovisual tem para esse feito. O documentário Mirambiré foi produzido com patrocínio do programa Rumos Itaú Cultural.

Por meio de depoimentos dos mestres populares e da comunidade, o documentário fala do ritual que resiste há mais de um século como instrumento de preservação da cultura, das raízes africanas, das memórias dos escravos e de seus descendentes na região amazônica, reunindo corporalidade e oralidade.

Passada de geração em geração, a dança recria um universo teatral-ritual com rei, rainhas, “valsares”, tocadores e contramestres. Atualmente, se apresenta na forma de um festejo sincrético que inclui elementos de cultos africanos e religião cristã, assim como culturas portuguesa e africana.

Cortejo do Marambiré em foto do frame do documentário de André dos Santos.

O Marambiré ocorre principalmente em homenagem a São Benedito, um santo católico venerado em Portugal desde o século 16 e que, ao ser trazido ao Brasil pelos padres portugueses, por ser ex escravo, foi prontamente adotado pelos escravos, tornando-se um santo negro de grande devoção. A festa acontece nos meses de dezembro e janeiro.

Além do forte aspecto religioso, o Marambiré tornou-se um símbolo da resistência étnica, não somente da comunidade do Pacoval, mas de diversas outras localizadas no baixo Amazonas. Nas letras das músicas, as referências à África, ao sofrimento e ao passado escravista são fortes, marcando o pertencimento étnico e a identidade afrodescendente.

Um dos ritmos que embala o momento é o Lundum, muito parecido com o Carimbó e o Marabaixo. Os personagens são o Rei do Congo, a Rainha do Congo, as rainhas auxiliares, os cabeçários, o caixeiro setwalls, o contra-mestre e os valsares. A presença de uma “corte” é muito comum em diversas manifestações culturais de origem africana.

Como retrata o documentário, as letras das músicas são bastante antigas e, segundo a comunidade, não são mudadas desde que foram criadas. Cada parte do ritual tem seus cantos específicos. Ao mesmo tempo em que as músicas evocam São Benedito, rendem tributo à nobreza – ao Rei e à Rainha do Congo – e seus vassalos, atualmente chamados de valsares.

Confira o trailer do documentário Marambiré, realizado pela Lamparina Filmes, com recursos do edital Rumos Itaú Cultural 2015-2016.

https://www.facebook.com/lamparinafilms/videos/1552019161557545/

O que é?

Documentário Marambiré

De André dos Santos

Dia 10 de novembro de 2017

Onde: Comunidade Pacoval, em Alenquer, no Pará

Duração: 80 minutos

Classificação indicativa: livre