Política

Em Madri, a agência Amazônia Real recebe o Prêmio Rei da Espanha

Na premiação, o rei Felipe VI pediu que os jornalistas recuperem “a essência do bom jornalismo” como uma maneira de transmitir histórias confiáveis aos cidadãos (Foto: Alberto César Araújo/Amazônia Real) Manaus (AM) – A jornalista e editora de […]

Por Amazônia Real Publicado em: 30/04/2019 às 18:41

Na premiação, o rei Felipe VI pediu que os jornalistas recuperem “a essência do bom jornalismo” como uma maneira de transmitir histórias confiáveis aos cidadãos (Foto: Alberto César Araújo/Amazônia Real)

Manaus (AM) – A jornalista e editora de conteúdo Elaíze Farias recebeu, nesta terça-feira (30), das mãos do rei Felipe VI, o troféu pelo Prêmio Rei da Espanha de Meio de Comunicação de Maior Destaque da Ibero-América, concedido à agência Amazônia Real. A cerimônia aconteceu na Casa América, em Madri, e contou com a participação do editor de fotografia da agência, Alberto César Araújo.

A Amazônia Real foi merecedora da mais importante premiação de jornalismo nas línguas portuguesa e espanhola, destacada pelos jurados, que valorizaram o épico do trabalho, a solidez e o prestígio de uma pequena equipe de jornalistas que trabalha com informações locais, em Manaus, no Amazonas.

Os prêmios de jornalismo internacional Rei de Espanha, em sua 36ª edição, reconheceram o trabalho de jornalistas de mídias da Espanha, Venezuela, México, Argentina, Brasil, Bolívia, Nicarágua e Portugal, nas categorias: impressa, rádio, televisão, fotografia, jornalismo digital e jornalismo ambiental e desenvolvimento sustentável. A premiação é promovida pela Agência EFE e pela Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (Aecid).

Durante a premiação, o rei Felipe VI pediu que os jornalistas recuperem “a essência do bom jornalismo” como uma maneira de transmitir histórias confiáveis aos cidadãos, para preservar o rigor, a independência e a imparcialidade da mídia e lutar contra a disseminação de notícias falsas.

“Parabenizo o trabalho valente dos jornalistas, que contribuem para a formação de sociedades mais livres e mais democráticas”, disse o rei Felipe VI, que presidiu a cerimônia na Casa América.

Rei Felipe VI, Alberto César e Elaíze Farias (Agência EFE)

Em entrevista à agência EFE, a jornalista Elaíze Farias afirmou que a conquista do Prêmio de Jornalismo Rei da Espanha dá mais visibilidade à necessidade de defender a região amazônica das ameaças que ela sofre constantemente e criticou as políticas ambientais e da demarcação dos territórios indígenas do presidente Jair Bolsonaro.

Segundo ela, o prêmio “dá mais visibilidade ao nosso trabalho, diante do aumento de ameaças por grandes empresas de mineração, agroindústria e as grandes potências econômicas, principalmente, neste momento político de grande pressão sobre a Amazônia e seu povo”, afirmou Elaíze, que é cofundadora da Amazônia Real, com a jornalista Kátia Brasil. “Esse prêmio valoriza o trabalho da Amazônia Real e nos encoraja a continuar fazendo um jornalismo denso, investigativo e ético sobre as populações amazônicas”, completou a jornalista.

O editor Alberto César Araújo disse que, ao ser anunciado a entrega do troféu do Prêmio Rei da Espanha, a agência Amazônia Real e a jornalista Elaíze Farias receberam muitos aplausos do público presente na Casa de América. “A importância desse prêmio para a mídia independente e para a região amazônica é única. Sermos reconhecido neste momento político tem uma credibilidade muito grande para toda a imprensa brasileira”, disse.

A agência independente de jornalismo Amazônia Real foi criada em 21 de outubro de 2013, com a missão de produzir grandes histórias da Amazônia e suas populações, especialmente aquelas que têm pouco espaço e visibilidade na chamada grande imprensa brasileira. Sem fins lucrativos, o trabalho da Amazônia Real é fazer jornalismo ético e investigativo, com uma linha editorial em defesa da democratização da informação, liberdade de expressão e direitos humanos. O site da agência na internet é lido em mais de 180 países e conquistou mais de 3 milhões de leitores.

Manifestação em Rio Branco (AC) pela demarcação (Foto: Talita Oliveira/Amazônia Real)

Para manter a produção diária de notícias e uma rede com mais de 30 jornalistas nos estados do Amazonas, Acre, Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Roraima, Rondônia e Pará, a agência conta com o apoio de articulistas e faz parceria com instituições que apoiam o acesso à mídia e também recebe doações dos leitores.

Ao repercutir a premiação, a jornalista Kátia Brasil destacou o início do trabalho árdua da Amazônia Real, em 2013. “Com o empenho e coragem de três mulheres jornalistas, nós ‘furamos a bolha’. Hoje, a voz dos povos tradicionais está sendo ouvida através do jornalismo independente, comprometido com a ética e a liberdade de expressão”, disse a jornalista Kátia Brasil, que lembrou das participações das jornalistas Liège Albuquerque e Elaíze Farias no processo de fundação da Amazônia Real.

No início, segundo ela, a ideia de criar uma agência independente na Amazônia também empolgou muitos profissionais, entre eles, Elisa Maia, Wilsa Freire, Carlos Durigan, Philip Fearnside, Eduardo Góes Neves, Patrícia Melo, Lúcio Flávio Pinto, Oiara Bonilla, Rosenthal Alves, Vandré Fonseca (in memorian), Luana Piotto, Mário Freire, Zacarias de Souza Farias, Mary Cohen, Maru Whately, Mayra Wapichana, Fátima Guedes, Floriano Lins, Diogo Lagroteria, João Paulo Barreto, Jairo Marques, Graciela Selaimen, Aurélio Viana, Odair Leal, Eliane Brum e Fabiano Maisonnave. “Esses foram os nossos primeiros parceiros e apoiadores. Em nome deles, nós agradecemos a todos que formam hoje mais de 40 pessoas envolvidas no trabalho da Amazônia Real”.

Vejam os vídeos da premiação, com as participações do Rei Felipe VI e do presidente do júri e da EFE, Fernando Garea.

Para a premiação da 36ª. Edição do Prêmio Rei de Espanha, um júri internacional avaliou, 200 trabalhos procedentes de 18 países que concorreram. Os Prêmios Rei da Espanha de Jornalismo são realizados pela EFE e pela Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (AECID), organização do Ministério das Relações Exteriores.

A edição deste ano reconheceu jornalistas e veículos de comunicação da Espanha, Venezuela, México, Argentina, Brasil, Bolívia, Nicarágua e Portugal.

Na categoria de rádio, foram premiados os jornalistas Conchi Cejudo, Gervasio Sánchez e Javier del Pino, pela reportagem “Vidas Enterradas”, do programa A Vivir, da Espanha, sobre famílias de vítimas da Guerra Civil Espanhola (1936-1939) e do regime de Franco (1939-1975).

O jornalista nicaraguense Ernesto Wilfredo Miranda Aburto foi premiado com o Prêmio Ibero-Americano por uma reportagem investigativa sobre a repressão dos protestos contra o governo da Nicarágua, que causou centenas de mortes no ano passado, publicada no jornal Confidential.

Os jornalistas da Argentina Diego Cabot, Candela Ini e Santiago Nasra, do jornal La Nación, ganharam o Prêmio da Imprensa pelo artigo “Los Cuadernos de las Coimas”, sobre a corrupção no antigo governo justicialista do país.

A equipe boliviana formada por Roberto Navia, Clovis de la Jaile, Nelfi Fernández, Lizeth Vargas, Eldon Centella, Miguel Ángel Roca, Maria Luz Soruco, Marco León e Fuad Landívar recebeu o Prêmio Especial Ibero-americano de Jornalismo Ambiental e Sustentável por um trabalho multimídia sobre a caça ilegal e indiscriminada de onças-pintadas na Bolívia e publicado no jornal El Deber e Mongabay Latam.

O Prêmio de Televisão foi para um programa sobre os “Piratas da Amazônia”, da Record TV, do Brasil. A equipe de reportagem é formada por Marcelo Magalhães e Daniel Motta, Sirenes Meirelles, Anna Paula Mello, Gustavo Costa, Caio Laronga, Lucas Augusto, Victor Haar, Leandro Pasqualin, Lucas Mioni, Rafael Ramos, Renan Laranjeira, Daniel Salvia, Demètrius Argyriou, Pablo Soares e Rafael Gomide

O Prêmio Jornalismo Digital foi para uma série de reportagens publicadas por uma equipe composta por jornalistas da Univisión, uma emissora de língua espanhola nos Estados Unidos, e do El Faro, de El Salvador, sobre as migrações causadas pela violência no Triângulo Norte da América Central. A equipe de reportagem é formada por mais de 20 jornalistas, entre eles a venezuelana Maye Primera e o salvadorenho Carlos Martínez.

O Prêmio de Fotografia foi para o português Nuno Andres Ferreira, da agência LUSA, autor de uma imagem do presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, enquanto consolava um idoso durante uma visita à área impactada pelos incêndios florestais de 2017.

Também foi premiado o veterano apresentador de televisão do México Joaquín López-Dóriga, nascido na Espanha, com uma menção honrosa especial por sua longa carreira.

O espanhol Francisco Moreno, foi reconhecido com Prêmio Don Quixote, pelo artigo “A repressão linguística do espanhol nos Estados Unidos”, publicado na edição em do The New York Times.

Participaram do júri, além de Fernando Garea, a vice-presidente e diretora da AECID, Ana Calvo, os jornalistas Rosa María Mateo, administradora provisória única da RTVE; Rosa María Calaf, ex-correspondente da TVE; Alberto Peláez, correspondente chefe do Noticieros Televisa na Espanha; Giles Tremlett, escritor e jornalista do “The Guardian”, e Nicolau Santos, presidente da agência de notícias “LUSA”.

Veja o vídeo com as fundadoras produzido pela agência EFE e Amazônia Real.

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Reportagem Noticiosa

Sobre a matéria

Amazônia Real

A agência de jornalismo independente e investigativo Amazônia Real é uma organização sem fins lucrativos, criada por jornalistas mulheres em 20 de outubro de 2013, em Manaus, no Amazonas, Norte do Brasil. Sua missão é fazer jornalismo ético e investigativo, pautado nas questões da Amazônia e de seu povo. A linha editorial é voltada à defesa da democratização da informação, da liberdade de expressão, da liberdade de imprensa e dos direitos humanos. ([email protected])