Mineradora sobreviverá?

LÚCIO FLÁVIO PINTO A Vale, que já foi a segunda maior mineradora do mundo, caiu para o 8º lugar no ranking das mineradoras mais valiosas, segundo relatório divulgado no mês passado pela PricewaterHouseCoopers. A auditora mostra que as 40 maiores companhias […]

Mina de Carajás

Por Amazônia Real Publicado em: 26/07/2016 às 19:19

LÚCIO FLÁVIO PINTO

A Vale, que já foi a segunda maior mineradora do mundo, caiu para o 8º lugar no ranking das mineradoras mais valiosas, segundo relatório divulgado no mês passado pela PricewaterHouseCoopers. A auditora mostra que as 40 maiores companhias de mineração do mundo, com ações em bolsas de valores, perderam 37% do valor de mercado.

Pela primeira vez, todas elas tiveram prejuízo conjunto, que alcançou 27 bilhões de dólares. Só o prejuízo da Vale, no ano passado, superou US$ 12 bilhões. Com esse resultado, a companhia perdeu três posições em relação ao último levantamento, que a colocara em 5º lugar: foi ultrapassada pela Coal India Limited (4^a), estatal indiana que produz 82% do carvão no país; pela russa Norilsk Nickel (5^a), que lavra níquel e paládio; e pelo Grupo Mexico SAB, que produz cobre, zinco e metais preciosos, além de operar nove mil quilômetros de ferrovias.

A Vale, como a sua concorrente direta, a Anglo American, viu-se obrigada a começar a vender ativos para reduzir sua gigantesca dívida. “O foco nos custos continuam, mas os revezes econômicos também”, diz o documento. O endividamento se tornou problema e prioridade comum de todas as 40 maiores mineradoras do mundo, algumas com sua sobrevivência ameaçada em função da queda dos preços das commodities no mercado internacional.

Além de só conseguirem reduzir uma fração da dívida total, a elevação do custo do dinheiro usado para refinanciar empréstimos foi, em muitos casos, igual ao valor contraído em novos empréstimos. A consequência foi o rebaixamento geral feito pelas agências de classificação de riscos.

“A reação das 40 maiores mineradoras se deu em duas etapas: um foco ainda maior no corte de investimentos, seja corrente ou de capital, e na aceleração da venda de ativos. Será interessante ver se esses esforços vão ter continuidade e os efeitos em cascata dessas decisões”, disse, em nota à imprensa, Andries Rossouw, da PwC na África do Sul.

Apesar de o setor mineral continuar a enfrentar desafios significativos e restrições, a perspectiva de longo prazo é considerada positiva pela Price. “Muitas das 40 maiores valorizam o que é preciso ter para encarar essa maratona de mineração e têm os olhos fixados firmemente nos prêmios de longo prazo”.

Espera-se que a Vale esteja entre essas sobreviventes. Mas a que custo?

A foto acima mostra uma mina no Estado do Pará e é de autoria de Daniel Beltrá/Greenpeace

Lúcio Flávio Pinto é jornalista, sociólogo, formado pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo. Editor do Jornal Pessoal, publicação alternativa que circula em Belém/PA desde 1987. Lançou recentemente o site Amazônia Hoje e blog Cabanagem. Autor de mais de 20 livros sobre a Amazônia, entre eles, “Guerra Amazônica”, “Jornalismo na linha de tiro” e “Contra o Poder”. Lúcio Flávio é o único jornalista brasileiro eleito entre os 100 heróis da liberdade de imprensa, pela organização internacional Repórteres Sem Fronteiras.

Reportagem Noticiosa

Sobre a matéria

Amazônia Real

A agência de jornalismo independente e investigativo Amazônia Real é uma organização sem fins lucrativos, criada por jornalistas mulheres em 20 de outubro de 2013, em Manaus, no Amazonas, Norte do Brasil. Sua missão é fazer jornalismo ético e investigativo, pautado nas questões da Amazônia e de seu povo. A linha editorial é voltada à defesa da democratização da informação, da liberdade de expressão, da liberdade de imprensa e dos direitos humanos. ([email protected])