Juarez Silva Jr.

Seis livros e um arquivo: justiça, memória e história na Amazônia

Trago nesta coluna uma questão com a qual estive muito envolvido nos últimos tempos, a organização e lançamento de livros. Todos relacionados à Justiça, Memória e História na Amazônia, e em um dos casos com abrangência também nacional. Confesso que […]

Por Juarez Silva Jr Publicado em: 20/08/2024 às 11:45

Trago nesta coluna uma questão com a qual estive muito envolvido nos últimos tempos, a organização e lançamento de livros. Todos relacionados à Justiça, Memória e História na Amazônia, e em um dos casos com abrangência também nacional.

Confesso que o assunto escolhido não deixa de ter uma ponta de vaidade, afinal, dos seis livros, todos recém-lançados e citados no título, três tem a minha organização, textos e arte; em outro, sou coautor com capítulo e capa e os dois restantes são de pessoas queridas que tive a oportunidade de apoiar e acompanhar durante as pesquisas em arquivo. Por falar em arquivo, todos estão relacionados no todo ou em parte à pesquisas realizadas ou práticas e experiências que perpassam o arquivo em que trabalho. O Arquivo Central do Tribunal de Justiça do Estado do Amazonas (TJAM).

Vou começar o breve comentário pelas obras que não tenho participação direta.

“À porta do tribunais: os trabalhadores no poder judiciário no norte do País” é um livro organizado pelos colegas Wanderlene Barros, Pedro Mansour e pelos Professores César Queirós e Anderson Moura. Não tenho participação direta, mas tenho indireta, pois acompanhei e apoiei no possível, junto com nossos estagiários, as pesquisas deles e de outros coautores no nosso acervo arquivístico do TJAM. A dizer, apenas que é grande contribuição para a história e memória da Justiça e da sociedade, o livro inclui trabalhos feitos também a partir dos acervos da Justiça do Trabalho.

O livro “Foi só para espantar o inglez… Entre labor e a lei: a luta por direitos sociais e trabalhistas no Amazonas (1907-1917)”, do Professor Francisco Pereira Costa, é produto da sua pesquisa para o Pós-doutorado, pela UFAM. Fazendo um trabalho que combina História e Direto, o autor traz uma visão inédita e interessante sobre os trabalhadores e a Justiça, antes da criação da Justiça do Trabalho na era Vargas, e em contexto amazonense. Como já dito, a pesquisa utilizou fontes do TJAM.

Na sequência cito o livro, um e-book, resultante da I Mostra de Pesquisa História e Justiça, organizado pelo professor César Queirós, e que conta com vários artigos interessantíssimos dos participantes da mostra. Modéstia à parte eu incluído, com um artigo que já deu muito o que falar antes mesmo de ser lançado, “Desmistificando o caso Ária Ramos”, caso que não sai dos jornais manauaras há 109 anos. Como diz o amigo cineasta Cleinaldo Marinho, antes tínhamos memória, agora temos história e vamos ter arte. Na mesma linha traz trabalhos sobre a história regional, a partir dos arquivos judiciais.

Sobre os títulos que têm minha mão direta, inicio por “Linha do tempo do Tribunal do Júri”, e-book que traz de forma simples e direta a evolução da instituição do Tribunal do Júri em nível nacional, com afunilamento para o estadual amazonense e tratando dos casos mais rumorosos, personalidades e pontos de inovação.

Há também o e-book resultante dos trabalhos laureados nos Prêmios Eduardo Ribeiro e Memória TJAM, edição de 2023, do qual fui organizar. Sou suspeito para falar, apenas vou dizer que foi feito com muito carinho e está muitíssimo interessante.

Para finalizar, o livro “Gestões Documental e de Memória no Judiciário: de onde viemos, onde estamos e para onde vamos” do qual também sou organizador e o coautor com mais capítulos. O livro em versão e-book e física reúne textos de mais 11 autores, expertos temáticos do Judiciário, de vários ramos, regiões e formações relacionadas.

O livro tem generoso posfácio da Desembargadora Carla Reis, Presidente da Comissão de Gestão da Memória do TJAM e o lisonjeiro prefácio do Juiz paulista, Dr. Carlos Alexandre Böttcher, a mais respeitada referência temática nas Gestões Documental e de Memória do Judiciário nacional. O livro busca estabelecer a ideia de um novo campo de estudos a partir da realidade e possibilidades da documentação, memória e história encerradas no Poder Judiciário. A obra é de interesse para estudantes de História, Arquivologia, Direito, Biblioteconomia, Jornalismo, pesquisadores, profissionais do Judiciário e aspirantes.

É motivo suficiente para estar feliz, não? Os e-books estão disponíveis gratuitamente no Portal da Memória do TJAM, e os físicos estão à venda nas principais livrarias online, só buscar.

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Sobre a matéria

Juarez Silva Jr

Juarez Silva Jr. é um ativista, escrevinhador digital e apaixonado pela Amazônia, radicado em Manaus desde 1991. Tem graduação em Processamento de Dados pela Universidade de Taubaté, em São Paulo. Trabalhou e lecionou diretamente na área de tecnologia da informação por duas décadas, migrando para a área de Educação a Distância na qual é especialista pela Universidade Católica de Brasília. Também é Mestre em História pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Atua nos movimentos de negritude e é estudioso da temática e história das relações raciais e cultura afrobrasileira e africana, movimentos sociais e Direitos Humanos. Foi conselheiro estadual de Direitos Humanos e é servidor público de carreira. Escreve sobre tecnologia, história, relações raciais, atualidades, sociedade e cultura.