SOS Parintins

FÁTIMA GUEDES O Município de Parintins, no Amazonas, vive uma das piores crises administrativas dos últimos tempos: atropelar princípios democráticos; aplicar calotes em prestadores de serviços; desviar finalidades na aplicação dos recursos públicos tornou-se objeto vicioso e perceptível a qualquer […]

Por Amazônia Real Publicado em: 09/12/2014 às 10:54

Comunidade fez manifestação nas ruas da cidade de Parintins (Foto: Floriano Lins/AR)

FÁTIMA GUEDES

O Município de Parintins, no Amazonas, vive uma das piores crises administrativas dos últimos tempos: atropelar princípios democráticos; aplicar calotes em prestadores de serviços; desviar finalidades na aplicação dos recursos públicos tornou-se objeto vicioso e perceptível a qualquer cidadão comum.

De forma abusiva e desrespeitosa, o atual Gestor Municipal enfia os pés pelas mãos ignorando que vivemos num sistema republicano cuja natureza é servir a coisa pública, ao interesse comum. Em realidade, coisa igual, neste Município, só na administração do ex-prefeito Carlinho da Carbrás, cassado pelas mesmas razões e por pressão do movimento Justiça e Paz para Parintins liderado pela Igreja Católica, na pessoa de Padre Francisco Luppino (falecido).

Em meio ao caos e no limite da tolerância, mais uma vez, a voz sofrida e indignada da Comunidade vai às ruas e se levanta em defesa de questões relativas à Saúde, Educação, lixo, iluminação pública e aplicação de recursos… É do conhecimento geral o descaso com que o Município de Parintins vem sendo conduzido; tal problemática naturalizara-se cultura administrativa cujo olhar não consegue ou não quer mergulhar no real-concreto da Ilha, para, enfim, promover desenvolvimento econômico, social e humano.

Na realidade, a coisa pública na “Cidade dos Bumbás” assemelha-se a um balcão de negócios particulares onde cada administrador eleito age segundo os próprios interesses e, na sequência, adultera direitos civis e políticos sem quaisquer escrúpulos.

Não são recentes os enfrentamentos e levantes populares, nesta Ilha, por conta de tais práticas; no entanto, a atual Administração atingira o recorde em abusos e absurdos… Em total devaneio ou oportunismo, ignora legislações, direitos sociais, limites de gestão, opiniões de secretários, assessores e etc. Usa e abusa da coisa pública como se fosse dono deste Município… E nos intervalos, ainda brinca com a vida da população que nem menino mimado acostumado a impor caprichos e, no fim, tirar vantagens…

É pertinente refletir que, em conjunturas semelhantes, tolerância e paciência histórica têm fim. E, nesse sentido, observando-se as reações da grande maioria de parintinenses – do mais passivo cidadão ao mais comprometido ativista – comprova-se em cada gesto, em cada desabafo, em cada lágrima ocultada: revolta, desespero, infelicidade e uma dose ilimitada de arrependimento entre aqueles que embarcaram no delírio da Parintins dos nossos sonhos…

Pelo andar da carruagem, a qualquer momento, conforme se verificou ao final da década de 1990, a panela vai explodir em Parintins… Os ânimos estão à flor da pele… A população não tem mais o que perder… O pacato parintinense não tem escolha: os desperdícios com a Praça da Liberdade já não conseguem anestesiá-lo diante do saque na Saúde Pública sem as condições mínimas de atendimento mesmo emergencial; os monturos de lixo acumulados nos quatro cantos da cidade assim como as péssimas condições das vias públicas inviabilizando a qualidade de vida; um ensino-aprendizagem falido cujo cardápio metodológico condenara à reprovação quase 50% dos alunos; por fim, o volume de “gafanhotos” alimentando-se da folha de pagamento (tática para formação de plateia) denunciam o luto que veste o Município de Parintins.

Neste abismo de desesperanças, a população parintinense clama por socorro a quem demanda poderes e ao mesmo tempo sentimento coletivo no sentido de divulgar o presente anúncio/denúncia como oportunidade de investigação do exposto e, por fim, desconstrução de arranjos burocráticos, de propagandas e de fantasias administrativas que encobrem esta realidade com maestria… Em resposta ao caos, da Câmara de Vereadores nos chega um silêncio repulsivo mais ou menos parecido à omissão, prevaricação, conivência…

De resto, reafirmamos o que Niemayer declarara como saída em circunstâncias idênticas – “quando a esperança nos poderes constituídos se esgota no coração da humanidade só há um caminho – a revolução”.

Notas:

Ilha – referente a Parintins.

Parintins dos nossos sonhos – slogan dado a Parintins pela atual administração.

Fátima Guedes é educadora popular e pesquisadora de conhecimentos tradicionais da Amazônia. Graduada em Letras pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), tem especialização em Estudos Latino-Americanos pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) em parceria com a Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF) em Guararema (SP). É também fundadora da Associação de Mulheres de Parintins, da Articulação Parintins Cidadã e Militante da Marcha Mundial das Mulheres.

Reportagem Noticiosa

Sobre a matéria

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