Era fim de domingo quando Vinicíus e um amigo voltavam para casa. Eles tinham acabado de sair de um festejo em um terreiro no bairro da Cremação em Belém do Pará.
Ao sair do carro, Vinícius foi surpreendido quando um homem desceu de um carro próximo e atirou contra ele três vezes.
Vinícius morreu naquele dia.
Vinícius era atleta e estudava para prestar o Enem para entrar no curso de Educação Física. Ele também era praticante do candomblé, conhecido como Taata Kimbelenkosi. Como sacerdote tinha um papel de liderança na religião.
No dia seguinte à morte de Vinícius, veio mais uma dor à família.
O programa Alerta Pará, da filial regional da Rede TV!, divulgou o assassinato de Vinícius de forma sensacionalista e racista.
Além de divulgar a foto de outra pessoa como sendo Vinícius e expor o endereço da família da vítima, o apresentador Valter Lobato chamou a vítima de criminoso.
"mas antes ele do que um trabalhador, do que um policial, do que um cidadão de bem em geral"
Como resposta, a família de Vinícius, amigos, artistas e representantes do candomblé se uniram em um ato por justiça e retratação da emissora pelo conteúdo do programa.
O programa fez uma retratação debochada depois dos protestos, com piada entre os apresentadores e em nenhum momento foi mencionado o nome de Vinícius.
Também não foi retirado do ar o vídeo com as difamações e o endereço da família.
Vinícius faz parte de uma estatística triste e que vem crescendo cada vez mais no Pará. Só em 2021, foram 219 crimes relacionados à intolerância religiosa no Estado.