A Amazônia segundo Lúcio Flávio Pinto

Ministra é atacada, Lula se omite

O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e o ministério do Meio Ambiente, com o apoio de nove procuradores federais do Estado do Pará, vão tentar impedir a realização do leilão de áreas de petróleo […]

Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI) recebe a ministra de Estado do Meio Ambiente e Mudança do Clima, para discutir com os senadores a possível criação de uma unidade de conservação marinha na Região Norte. Mesa: secretário-executivo do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), João Paulo Capobianco; ministra de Estado do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, em pronunciamento; presidente da CI, senador Marcos Rogério (PL-RO). Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

Por Lúcio Flávio Pinto Publicado em: 29/05/2025 às 16:22

O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e o ministério do Meio Ambiente, com o apoio de nove procuradores federais do Estado do Pará, vão tentar impedir a realização do leilão de áreas de petróleo na Margem Equatorial, marcado pela Agência Nacional para junho. O leilão abrange 47 blocos, considerados os mais promissores para a exploração de petróleo.

Apesar dessa coesão, os ambientalistas foram derrotados pela aprovação, no Senado, da Nova Lei Geral do Licenciamento Ambiental. É um atalho legal para o que se viu na última terça-feira (27), em audiência na Comissão de Infraestrutura do Senado: a ministra Marina Silva foi alvo de críticas e ataques da oposição, sem que os parlamentares da base política do governo a defendessem. Acuada, a ministra teve que se retirar do local.

O Ibama afirma que os blocos ofertados na foz do Amazonas, em terras indígenas e em unidades de conservação, acarretarão “sérios danos ambientais”, segundo avaliação técnica do instituto. Mas o órgão não estaria retardando a apreciação do projeto, apontado pelos parlamentares favoráveis à aprovação do leilão. A posição é liderada pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre, representante do Amapá, um dos principais Estados da Margem Equatorial. E com a omissão do presidente Lula.

A criação de uma nova unidade de conservação na área não impediria a extração de petróleo, mas o presidente do instituto, Rodrigo Agostinho, afirmou que “nenhum técnico do órgão “vai assinar uma licença, “sem segurança e minimização dos riscos”.

Já se sabe como um conflito desses começa. E como costuma terminar.

A imagem que abre este artigo mostra a ministra Marina Silva durante sua fala à Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI), do Senado Federal e o presidente da CI, senador Marcos Rogério (PL-RO) para discutir com os senadores a possível criação de uma unidade de conservação marinha na Região Norte. (Foto: Geraldo Magela/Agência Senado/26/05/2025).

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Sobre a matéria

Lúcio Flávio Pinto

Lúcio Flávio Pinto é jornalista desde 1966. Sociólogo formado pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo, em 1973. Editor do Jornal Pessoal, publicação alternativa que circula em Belém (PA) desde 1987. Autor de mais de 20 livros sobre a Amazônia, entre eles, Guerra Amazônica, Jornalismo na linha de tiro e Contra o Poder. Por seu trabalho em defesa da verdade e contra as injustiças sociais, recebeu em Roma, em 1997, o prêmio Colombe d’oro per La Pace. Em 2005 recebeu o prêmio anual do Comittee for Jornalists Protection (CPJ), em Nova York, pela defesa da Amazônia e dos direitos humanos. Lúcio Flávio é o único jornalista brasileiro eleito entre os 100 heróis da liberdade de imprensa, pela organização internacional Repórteres Sem Fronteiras em 2014. Acesse o novo site do jornalista aqui www.lucioflaviopinto.com.