Política

Tiradentes e Paulo Apurinã trocam acusações e insultos na Justiça

Por Kátia Brasil Publicado em: 03/03/2014 às 02:40

O presidente da Rede Tiradentes (CBN Manaus), Ronaldo Tiradentes, e o ativista indígena Paulo José Ribeiro da Silva, o Paulo Apurinã, trocam ofensas pelas redes sociais, pela emissora de rádio e em ações na Justiça desde 2011.

As agressões verbais mútuas começaram quando o jornalista noticiou a prisão do ativista indígena por desacato a um agente da Polícia Federal e um servidor do Ibama no aeroporto internacional Eduardo Gomes, em Manaus. O agente do Ibama proibiu Paulo Apurinã embarcar com um cocar de penas de aves silvestres. Ele foi condenado pela Justiça Federal a pagamento de multa e prestação de serviços no processo no. 0012801-97.2011.4.01.3200.

Em 2012, as agressões verbais entre Paulo Apurinã e Ronaldo Tiradentes aumentaram quando o jornalista anunciou que a Polícia Federal investigava crime de fraude no Rani (Registro Administrativo de Nascimento Indígena) de Apurinã, expedido pela Funai (Fundação Nacional do Índio). Tiradentes passou a denominá-lo nos comentários como “falso índio”.

Nas redes sociais, Paulo Apurinã postou mensagens acusando Ronaldo Tiradentes de supostos crimes de falsificação de diploma do Ensino Médio e de responder vários processos na Justiça contra adversários políticos. Nos anos 90, o jornalista respondeu uma ação por falsificação de documento movida com base em inquérito da Polícia Federal.

Em 2013, Paulo Apurinã começou a ofender Ronaldo Tiradentes de suposto crime de pedofilia com base em informações de um processo que tramita em segredo de justiça no Superior Tribunal de Justiça.

Ronaldo Tiradentes ingressou com uma representação contra Paulo Apurinã por crimes de difamação e injúria em 2013, que é hoje a ação penal no. 0618427-54.2013.8.04.0001. Esses crimes são considerados de menor potencial ofensivo e, em geral, não cabem prisões. As acusações estão na petição que tramita no Tribunal de Justiça do Amazonas.

O radialista move ainda outros dois processos (0601491-17.2014.8.04.0001) contra o ativista, abertos (0600855-51.2014.8.04.0001) em 2014. Paulo Apurinã também ingressou com uma ação pelos mesmos crimes contra o radialista, mas perdeu (0202425-17.2013.8.0020) na Justiça do Amazonas.

No ano passado, a Polícia Federal indiciou Paulo José Ribeiro por fraude no Rani (Registro Administrativo de Nascimento de Índio). O ativista nega as acusações. O processo está no Ministério Público Federal aguardando a formalização ou não da denúncia.

Quem é quem

Ronaldo Tiradentes foi deputado estadual, eleito em 1990 pelo PDC e reeleito em 1994 pelo PPB. Em 1995, assumiu a Secretaria de Comunicação do governo de Amazonino Mendes (PTB), ficando no cargo até 1997.

Em 2003, sua família ganhou a primeira concessão de Rádio Tiradentes no Amazonas. Hoje, o grupo de comunicação, que inclui um canal de TV, está presente no interior do Estado e em Porto Velho (RO). Conhecido por fazer do microfone uma “metralhadora” no ar, o jornalista também moveu processos e é alvo de ação por trocas de acusações contra adversários políticos, entre eles, o senador Alfredo Nascimento (PR).

Paulo Apurinã surgiu no cenário político do Amazonas como uma liderança de um grupo de indígenas que vive em Manaus. Como coordenador do Movimento Indígena de Renovação e Reflexão do Amazonas chegou a liderar invasões de terras para assentar índios sem moradia na cidade. Ganhou popularidade viajando com os índios para vários ações em outros Estados.

Esteve no Congresso Nacional, em Brasília. E entregou um cocar para a presidente Dilma Rousseff em Manaus, em 2011. Após ter o nome indiciado pela PF no processo e fraude, deixou de ser reconhecido pela etnia Apurinã. Em 2012, filiou-se ao PSOL. No ano passado, Paulo Apurinã foi detido com outros 25 índios pela Polícia Militar do Rio de Janeiro durante a desocupação do prédio do antigo Museu do Índio, no Complexo do Maracanã, na Zona Norte do Rio. Recentemente, o ativista diz que pretende concorrer ao cargo de governador do Amazonas nas próximas eleições.

Paulo Apurinã durante ação do movimento indígena em Brasília (Foto: Arquivo pessoal)

Reportagem Noticiosa

Sobre a matéria

Kátia Brasil

Kátia Brasil é co-fundadora e editora executiva da agência de jornalismo independente e investigativo Amazônia Real, com sede em Manaus (AM). Recém formada pela Faculdade Hélio Alonso, no Rio de Janeiro, foi morar na Amazônia no início do ano de 1990. Trabalhou na TV Cultura e jornais O Globo, A Gazeta de Roraima, O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo. Entre os prêmios que ganhou estão o Esso Regional Norte 1991 e Women Journo Heroes (#JournoHeroes), da International Women’s Media Foundation (IWMF), em 2019, Prêmio Abraji, em 2020, Vladimir Herzog e Comunique-se, ambos em 2021. É conselheira da Énois Jornalismo, do Tornavoz e Projor. Integra o forbiddenstories.org, o Fórum Permanente das Mulheres de Manaus (FPMM) e do Coletivo Mães Pela Diversidade ([email protected])

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1 Comentário

Wesley Mendonça disse:

04/03/2014 às 16:59

Tem muito inocente neste mundo. Tampa e pinico se degladiando. Um não é índio coisa nenhuma e o outro é velho conhecido por suas artimanhas políticas. Não contribuem em nada e para cousa alguma.

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