Meio Ambiente

Defesa Civil critica Sipam, ANA e CPRM por falta de informações do rio Madeira

O coordenador da Defesa Civil de Porto Velho (RO), coronel José Pimentel, criticou nesta segunda-feira (24) as informações dos meteorologistas e hidrólogos de instituições como Sipam (Sistema de Proteção da Amazônia), Ana (Agência Nacional das Águas) e do Serviço Geológico […]

Distrito de São Carlos foi inundado pelas águas do Madeira (Foto: Marcos Freire/Secom)

Por Kátia Brasil Publicado em: 24/03/2014 às 19:42

O coordenador da Defesa Civil de Porto Velho (RO), coronel José Pimentel, criticou nesta segunda-feira (24) as informações dos meteorologistas e hidrólogos de instituições como Sipam (Sistema de Proteção da Amazônia), Ana (Agência Nacional das Águas) e do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) pelo atraso na divulgação dos alertas de prevenção e de informações que ajudassem no atendimento às famílias atingidas diante da inundação histórica do rio Madeira.

Segundo o coronel José Pimentel, a população já está sofrendo a influência da inundação do rio Mamoré, mesmo antes do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) divulgar dados da enchente. Para o coronel Pimentel, o nível do Madeira pode chegar aos 20 metros, provocando mais danos a população.

“Nós sabemos que as águas do rio Mamoré já estão descarregando tudo no Madeira e é por isso que temos cotas fora dos padrões. É por isso que a tendência é o rio Madeira ultrapassar a marca dos 20 metros. Nós não temos por parte do Sipam e por parte dos hidrológicos (Serviço Geológico do Brasil ou CPRM, ANA) informações que poderíamos chegar a essas marcas. O que eles fazem é avisar que temos cinco dias de chuvas. É isso que a gente tem recebido. A natureza chegou dessa forma, tanto é que os órgãos que deveriam estar ajudando, estão confusos com as previsões”, disse o coronel José Pimentel.

Segundo ele, essas instituições não confirmam com precisão os níveis do rio Madeira e não fazem alertas de previsão como ocorre, por exemplo, com as cheias do rio Negro, em Manaus. “O CPRM deveria entender de cota (nível). O que o CPRM tem feito, quando é solicitado, são exames da correnteza e profundidade. Na verdade, essa questão de cota quem tem como passar são os órgãos que têm plataformas de coletas de dados. Quem tem satélite é o Sipam, são os órgãos de monitoramento da Marinha, as próprias usinas (Santo Antônio e Jirau). Eles poderiam nos dar uma ideia de cota, mas não nos repassam. Eles poderiam nos disponibilizar todas as informações”, disse o coronel José Pimentel.

O coordenador da Defesa Civil Municipal disse que recebe informações mais precisas da Marinha da Bolívia. “É a Marinha da Bolívia que tem nos dado informações que, em muitas vezes, não conseguimos por aqui. Eles nos deram as informações de que as águas do Mamoré chegariam de forma abrupta, o que fez a gente mobilizar novas ações”, disse.

O município de Porto Velho tem cerca de 485 mil habitantes. Há um mês, o rio Madeira estava com 18,33 metros e 1.632 famílias atingidas (ou 8.150 pessoas). Hoje, seu nível está com 19,55 e cerca de 4.000 famílias atingidas (ou 20 mil pessoas).

Além de Porto Velho, Guajará-Mirim, Nova Mamoré e Rolim de Moura sofrem com a cheia. Os prejuízos somam cerca de R$ 1 bilhão, diz o governo estadual.

O coronel José Pimentel afirmou que com a evolução a enchente atingiu 11 dos 13 distritos do município. Foram retiradas todas as famílias das comunidades de Demarcação, Nazaré, São Carlos, Santa Catarina e parte de Abunã. Elas foram levadas para comunidades em áreas altas, longe das margens do rio Madeira.

Já na região central de Porto Velho o coordenador diz que serão retiradas famílias também. Dos 69 bairros, 17 estão afetados pela enchente.

A reportagem não localizou os representantes do Sipam, do CPRM e da ANA para comentar as declarações do Coordenador da Defesa Civil de Porto Velho.

Em sua página na internet, o CPRM de Rondônia divulga os números do nível do rio Madeira e a vazão, mas as informações são fornecidas pela hidrelétrica de Santo Antônio. Nesta segunda-feira (24), os dados informados eram do dia 19 de março e não foram atualizados até o fechamento desta matéria.

Reportagem Noticiosa

Sobre a matéria

Kátia Brasil

Kátia Brasil é co-fundadora e editora executiva da agência de jornalismo independente e investigativo Amazônia Real, com sede em Manaus (AM). Recém formada pela Faculdade Hélio Alonso, no Rio de Janeiro, foi morar na Amazônia no início do ano de 1990. Trabalhou nas TVs Educativa e Cultura e nos jornais O Globo, A Gazeta de Roraima, O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo. Entre os prêmios que ganhou estão o Esso Regional Norte 1991 e Women Journo Heroes (#JournoHeroes), da International Women’s Media Foundation (IWMF), em 2019, Prêmio Abraji, em 2020, Vladimir Herzog e Comunique-se, ambos em 2021. É uma das jornalistas brasileiras +Admiradas Negras da Imprensa Brasileira, em 2024. É diretora editorial do Projor/Observatório da Imprensa. Conselheira do Tornavoz e RBJA, e membra da Comissão da ABI Ambiental. Foi eleita em 1o. lugar Região Norte do Prêmio TOP 100 +Admirados Jornalistas Brasileiros. Integra o forbiddenstories.org, o Fórum Permanente das Mulheres de Manaus (FPMM) e o Coletivo Mães Pela Diversidade em defesa das pessoas LGBTQIAPN+. ([email protected])