Cultura

Festival Pan-Amazônico de Cinema é retomado após 7 anos, em Belém

30 filmes, de quatro nacionalidades, serão exibidos. A cineasta Keila Serruya será uma das juradas (Foto do filme Bimi Shu Ikaya de Isaka Huni Kuin/Saci Filmes/Conteúdo em Movimento) Manaus (AM) – Após sete anos de hiato na realização dos concursos […]

Filme BimiShuIkaya (Foto: IsakaHuniKuin/ Saci Filmes/Conteúdo em Movimento)

Por Kátia Brasil Publicado em: 28/05/2019 às 20:21

30 filmes, de quatro nacionalidades, serão exibidos. A cineasta Keila Serruya será uma das juradas (Foto do filme Bimi Shu Ikaya de Isaka Huni Kuin/Saci Filmes/Conteúdo em Movimento)

Manaus (AM) – Após sete anos de hiato na realização dos concursos de cinema em Belém, em 2019 está sendo retomado o Amazônia DOC.5 – Festival Pan-Amazônico de Cinema na sua 5ª edição, que começa nesta quinta-feira (30), e segue até 7 de junho, no Teatro Maria Sylvia Nunes (Estação das Docas), em Belém (PA). Com entrada gratuita, a programação será composta por 30 filmes de quatro nacionalidades, divididos em duas mostras competitivas que passam por temas como gênero, meio ambiente e movimentos sociais.

A grande homenageada da edição do festival é a professora da Universidade Federal do Pará (UFPA) e crítica de cinema Maria Luzia Miranda Álvares. O primeiro filme de exibição será o documentário “Torre das Donzelas”, de Susanna Lira.

Além da exibição dos filmes, serão ofertados, pelo Festival Amazônia DOC.5, quatro painéis de debate. O primeiro será o “Documentários de Impacto”, com o professor Rodrigo Grillo, entre os dias 3 e 7 de junho; e três dias de masterclass, com Alice Riff para alunos de uma escola pública da região. As exibições de filmes serão divididas entre Cine-Teatro Maria Sylvia Nunes e o Cinema Líbero Luxardo, enquanto o Sesc Ver-o-Peso receberá oficinas e mesas-redondas. Uma mostra paralela, com filmes de edições anteriores, será exibida no Cine Olympia, também na capital paraense.

“A Mostra Competitiva apresenta um panorama com 30 documentários, com temas diversos, urgentes e necessários. Acredito que os filmes irão suscitar debates contundentes e profundas reflexões, junto ao público do Festival”, afirma Zienhe Castro, diretora do festival.

Imagem do filme “El Murmurio del Viento”, de Nina Wara Carrasco

O hiato de sete anos, desde a última edição do Festival, segundo a organização, é resultado de uma série de desencontros. “Tivemos alguns dissabores no passado, relacionados ao patrocínio, por meio da Lei de incentivo estadual. Resolvi parar para repensar o projeto do Festival”, disse Zienhe, que passou os cinco anos seguintes longe de Belém. Ao retornar, em 2017, o projeto foi inscrito em edital do extinto Ministério da Cultura e aprovado.” Em 2018, estava com 4 projetos de realização de 3 curtas e um roteiro de longa. Optamos em realizar a 5a. Edição do Festival Amazônia DOC em 2019”, concluiu ela.

Após receber 350 inscrições de toda a região Pan-Amazônica, o comitê de seleção escolheu os 30 filmes que compõem as três mostras competitivas do Festival. A primeira é a “Pan-Amazônia” que reúne 21 filmes, sendo 4 internacionais, representando Peru, Colômbia, Equador e Colômbia. A segunda é a mostra “Amazônia Legal”, que agrupa nove filmes de cineastas dos estados brasileiros, que compõem a região da Amazônia Legal. Na terceira, os vencedores serão conhecidos durante a Sessão de Encerramento, no dia 7 de junho, e serão premiados nas categorias “Júri Oficial” e “Público”. Os troféus serão confeccionados com miriti, uma fibra de palmeira, obra do artesão marajoara Ronaldo Guedes.

Participação das mulheres

A cineasta amazonense Keila Serruya (Foto: César Nogueira)

Dois terços das pessoas envolvidas no evento são mulheres, desde a organização do evento, composição do júri até a escolha dos filmes a serem exibidos. Para a organização, é importante dar às mulheres mais espaço em toda a cadeia produtiva da realização cinematográfica, incluindo o debate crítico, afirmou a diretora do festival, Zienhe Castro. Para ela, proporcionar o encontro de mulheres da área era “um desejo antigo”.

Para a cineasta amazonense Keila Serruya, “o espanto de serem 75% de mulheres na produção é um sintoma”. “Ele é que comprova o quanto somos negadas nesses espaços de criação, poder e ocupação. Existem diversos projetos onde são 100% formados por homens e ninguém questiona”, afirmou ela, que foi convidada a participar do festival.

Keila é uma das artistas a compor o júri da edição, e participará da mesa-redonda “Nós Documentaristas”, que reunirá as cineastas Susanna Lira, Alice Riff e Ursula Vidal, no dia 5 de junho, às 18h30.

Sobre as expectativas para o evento, Keila diz: “Sempre quando há um monte de gente que trabalha, estuda, ou é interessada em cinema em um único lugar, eu começo a refletir sobre a possibilidade de mudar o mundo. Obras cinematográficas podem ser, sim, umas dessas ferramentas”.

Os painéis e mesas-redondas começam no dia 3 de junho, com a exibição de “Caminho da Vacina” e “Doença de Chagas: Encontrando uma Geração”, com Victoria Servillano, produtora do Médicos Sem Fronteiras. O painel “Mercado Audiovisual” será no dia 5 de junho, com a presença de: Marina Pompeu, representante do Canal Brasil; Renée Castelo Branco, da Globo News; e Angélica Coutinho, da Ancine. Por fim, no dia 6, haverá a mesa-redonda “Projetos que Mudam o Mundo”, que aborda iniciativas de realização audiovisual com impacto social, com Josi Campos, da Plataforma VideoCamp; Lívia Almendary, da Plataforma Taturana; e Lília Melo, do CineClube TF.

Homenagens a Maria Luiza

A professora Maria Luzia Miranda Álvares ( Foto: Érika M Nunes/TJPA)

A homenageada desta 5a. edição, a professora universitária e crítica de cinema Maria Luzia Miranda Álvares, é graduada em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Ela é mestre em Planejamento do Desenvolvimento pelo Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA) e doutora em Ciência Política pela UFPA. Além de professora, ela também é, desde 1972, jornalista e crítica cinematográfica. Entre seus principais temas de pesquisa estão comportamento político, ciclos republicanos paraenses, competição eleitoral, recrutamento político e seleção de candidaturas e gênero e poder. Atualmente, Maria Luiza está vinculada a diversos grupos de pesquisa, como o Grupo de Estudos e Pesquisas Eneida de Moraes sobre Mulher e Gênero-GEPEM/UFPA, do qual é coordenadora.

A coordenadora do festival, Zienhe Castro se pronunciou acerca do importante papel de Maria Luiza nesse festival, dizendo ser ela “pioneira no exercício da crítica cinematográfica paraense e, ouso dizer, quiçá, uma das primeiras no cenário nacional”.

Além das mostras competitivas, na Sessão de Abertura – que acontecerá nesta quinta-feira (30 de maio), no Teatro Maria Sylvia Nunes, na Estação das Docas – será exibido o filme “Torre de Donzelas”, de Susanna Lira, (2015), vencedor de Melhor Documentário, no Festival do Rio, em 2018. Ao longo da programação, também haverá estreias dos filmes “Boi Pavulagem é Boi do Mundo”, de Ursula Vidal e Homero Flávio (2019); “Perspectivas, de Arthur Costa (2019), e “Amazônia Groove”, de Bruno Murtinho (2019).

O Festival Amazônia DOC.5 é uma realização da Secretaria do Audiovisual e Secretaria Especial da Cultura, do Ministério da Cidadania, com produção da Z Filmes e Instituto de Cultura da Amazônia (Culta), com co-realização da Secretaria de Estado de Cultura do Pará (Secult-PA). O patrocínio é da empresa SOL, e o co-patrocínio é da Fundação Cultural do Pará (FCP), Sesc, Belém Soft Hotel e San Tito. O festival também tem apoio cultural da Inovador Talvez Filmes, e da Conne – Conexão Audiovisual Centro-Oeste, Norte, Nordeste; do curso de bacharelado em Cinema, da Universidade Federal do Pará (UFPA); do Sebrae, Estrela do Norte, Banpará, Pará 2000, NET, Funtelpa, YetLab e Projeto Circular.

Imagem do filme “Marajó das Letras” (Foto: Nayana Thiely)

O que é?
AMAZÔNIA DOC. 5 – FESTIVAL PAN-AMAZÔNICO DE CINEMA 2019

Abertura: 30/05, às 18h30, no Teatro Maria Sylvia Nunes (Estação das Docas), com exibição do documentário “Torre das Donzelas”, de Susanna Lira.

Mostras competitivas: 31/05 a 05/06, com sessões às 16h, 18h e 21h, no Cinema Líbero Luxardo (Av. Gentil Bittencourt, 650 – bairro de Nazaré)

Oficina: “Documentário de Impacto”, com Rodrigo Grillo (UFPA), de 03 a 07/06, das 9h às 12h, no Sesc Ver-o-Peso (Boulevard Castilhos França, 522/523)

Encerramento: 07/06, às 18h, no Teatro Maria Sylvia Nunes (Estação das Docas), com cerimônia de Premiação do Festival nas Categorias Júri Oficial e Público e exibição do filme “Amazônia Groove”, de Bruno Murtinho.

Entrada gratuita

Confira a programação completa aqui.

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Reportagem Noticiosa

Sobre a matéria

Kátia Brasil

Kátia Brasil é co-fundadora e editora executiva da agência de jornalismo independente e investigativo Amazônia Real, com sede em Manaus (AM). Recém formada pela Faculdade Hélio Alonso, no Rio de Janeiro, foi morar na Amazônia no início do ano de 1990. Trabalhou nas TVs Educativa e Cultura e nos jornais O Globo, A Gazeta de Roraima, O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo. Entre os prêmios que ganhou estão o Esso Regional Norte 1991 e Women Journo Heroes (#JournoHeroes), da International Women’s Media Foundation (IWMF), em 2019, Prêmio Abraji, em 2020, Vladimir Herzog e Comunique-se, ambos em 2021. É uma das jornalistas brasileiras +Admiradas Negras da Imprensa Brasileira, em 2024. É diretora editorial do Projor/Observatório da Imprensa. Conselheira do Tornavoz e RBJA, e membra da Comissão da ABI Ambiental. Foi eleita em 1o. lugar Região Norte do Prêmio TOP 100 +Admirados Jornalistas Brasileiros. Integra o forbiddenstories.org, o Fórum Permanente das Mulheres de Manaus (FPMM) e o Coletivo Mães Pela Diversidade em defesa das pessoas LGBTQIAPN+. ([email protected])