Cultura

Livro conta a história do site Cine Set

Um dos fundadores, Caio Pimenta, diz que o site rompeu com a ideia de que o cinema feito no Amazonas não precisaria de estudos (Foto: Cine Set) Manaus (AM) – Um programa produzido por alunos na TV Ufam (Universidade Federal […]

(Arquivo/Cine Set)

Por Kátia Brasil Publicado em: 03/07/2019 às 18:56

Um dos fundadores, Caio Pimenta, diz que o site rompeu com a ideia de que o cinema feito no Amazonas não precisaria de estudos (Foto: Cine Set)

Manaus (AM) – Um programa produzido por alunos na TV Ufam (Universidade Federal do Amazonas) deu origem ao que, hoje, é um dos sites de crítica cinematográfica mais relevantes do Brasil. Durante sua trajetória, iniciada em 2007, o Cine Set passou por várias formações e veículos. Em junho, o editor-chefe e fundador do site Caio Pimenta Freitas e crítica Susy Freitas lançaram o livro-coletânea “Cine Set e a Crítica Cinematográfica no Amazonas”, composto pelas melhores críticas e entrevistas feitas pela equipe de jornalistas.

O livro agrupa matérias publicados pelo site ao longo de 12 anos de atividades. É dividido em críticas de filmes amazonenses – entre eles “El Enemigo”, “A Estranha Velha que Enforcava Cachorros” e do Amazonas Film Festival. Além das críticas sobre os filmes nacionais, como “Chatô – Rei do Brasil” e “Boi Neon”, entre outros.

“Cine Set e a Crítica Cinematográfica no Amazonas” reúne ainda textos sobre produções estrangeiras e entrevistas com personalidades do cinema como a atriz Fernanda Montenegro, a cineasta Anna Muylaert e o crítico Pablo Villaça.

Uma das entrevistas de maior destaque é a que foi feita com o renomado crítico, pesquisador e teórico do cinema Jean Claude-Bernardet, de 82 anos, nascido na Bélgica, mas radicado no Brasil.

“Optamos pela importância dos filmes e dos diretores, a diversidade dos gêneros cinematográficos (é possível, por exemplo, encontrar análises de documentários até chegar aos filmes de terror), além, claro, da qualidade do texto, fundamental para uma coletânea como pretendemos fazer”, afirma Caio Pimenta, sobre o processo de escolha para a composição do livro.

Caio Pimenta com a equipe do site e o público (Foto: CineSet)

O Cine Set nasceu com o nome de Set Ufam. Era um programa de televisão mantido por alunos do curso de Comunicação Social da universidade e teve 47 edições, entre os anos de 2007 e 2010. Pelo programa passaram Caio Pimenta, Susy Freitas, César Nogueira e Diego Bauer. Os dois últimos são, hoje, idealizadores do Festival Olhar do Norte, única iniciativa independente que promove o cinema do Amazonas.

Com o tempo, o programa na TV Ufam passou a ser acompanhado por um blog, no qual alunos poderiam escrever novidades sobre a iniciativa. Foi uma questão de tempo para que os alunos começassem, também, a produzir resenhas.

Ao terminar o curso, Caio trabalhava no portal do jornal O Diário do Amazonas, o D24AM, no qual mantinha um blog com outros vídeo-repórteres, com quem também começou a produzir resenhas.

“Sugeri levar o Set Ufam para o D24; porém, pediram para tirar a vinculação com a universidade que não fazia mais sentido tê-la. Então, surgiu o Cine Set”, diz Caio. O projeto seguiu atrelado ao jornal até 2014, quando se tornou independente.

Sobre a importância do trabalho do site Cine Set para a cultura local, Caio Pimenta afirma que ele “rompeu com a ideia de que o cinema feito no Amazonas não precisaria de estudos ou análises” diz ele, completando:

“O cinema amazonense deve, sim, ser foco da crítica e trouxemos isso. Tirar a conversa sobre os filmes locais do círculo restrito à classe artística para levar às pessoas de modo público”.

Caio também analisou o trabalho dos críticos de cinema na atualidade. “Considero que, em uma cena ainda em processo de fortalecimento como a amazonense, o crítico necessita, ao mesmo tempo, ser exigente com a produção local, buscando problematizá-la e cobrá-la para uma constante melhora, mas, precisa também entender os seus processos de produção e as limitações que ainda existem”, concluiu ele.

Para o futuro, o Cine Set prioriza a expansão de cursos e oficinas, mas também busca a sustentabilidade financeira e a atualização diante de novos formatos para a crítica cinematográfica, como podcasts e redes sociais.

Crítica do Cine Set desde maio de 2016, Pâmela Eurídice é uma das autoras, com texto publicado no livro. Ela pontua que o lançamento coincidiu com o dia do Cinema Nacional e destaca a importância dessa produção para a cena local.

“A publicação do livro é uma vitória para a produção de crítica cinematográfica no Amazonas e o cinema amazônico como um todo, porque ele recupera parte da nossa história e a registra para que as gerações futuras possam ter acesso e conhecê-la. Fazer parte disso é um prazer e uma honra imensa. Ser crítica sempre foi o meu sonho e vejo no livro a concretização dele também”, disse Pâmela Eurídice.

Capa do livro (Foto: CineSet)

O livro “Cine Set e a Crítica de Cinema no Amazonas” está sendo vendido pelo próprio site, com o preço de R$30, acrescido de frete, caso o comprador não more em Manaus. Os pedidos devem ser feitos aqui. Informações com Caio Pimenta – (92) 9984-9003.

Os textos, fotos e vídeos publicados no website da Amazônia Real estão licenciados com uma Licença Creative Commons – Atribuição 4.0 Internacional e podem ser republicados na mídia com os créditos dos autores e da agência.

Reportagem Noticiosa

Sobre a matéria

Kátia Brasil

Kátia Brasil é co-fundadora e editora executiva da agência de jornalismo independente e investigativo Amazônia Real, com sede em Manaus (AM). Recém formada pela Faculdade Hélio Alonso, no Rio de Janeiro, foi morar na Amazônia no início do ano de 1990. Trabalhou na TV Cultura e jornais O Globo, A Gazeta de Roraima, O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo. Entre os prêmios que ganhou estão o Esso Regional Norte 1991 e Women Journo Heroes (#JournoHeroes), da International Women’s Media Foundation (IWMF), em 2019, Prêmio Abraji, em 2020, Vladimir Herzog e Comunique-se, ambos em 2021. É uma das jornalistas brasileiras +Admiradas Negras da Imprensa Brasileira, em 2024. É diretora editorial do Projor/Observatório da Imprensa. Conselheira do Tornavoz e RBJA, e membra da Comissão da ABI Ambiental. Foi eleita em 1o. lugar Região Norte do Prêmio TOP 100 +Admirados Jornalistas Brasileiros. Integra o forbiddenstories.org, o Fórum Permanente das Mulheres de Manaus (FPMM) e o Coletivo Mães Pela Diversidade em defesa das pessoas LGBTQIAPN+. ([email protected])