Colonialismo ontem e hoje da Amazônia

RENAN ALBUQUERQUE Mudanças no contexto geológico forçaram adaptações da vida animal e vegetal na Amazônia. A pessoa amazônica desde sempre evidenciou pouco impacto no ecossistema, mas a presença do europeu foi sentida enquanto espacialização exploratória para fins de repovoamento. A motivação comercial fez com que a […]

Por Amazônia Real Publicado em: 22/09/2014 às 09:46

RENAN ALBUQUERQUE

Mudanças no contexto geológico forçaram adaptações da vida animal e vegetal na Amazônia. A pessoa amazônica desde sempre evidenciou pouco impacto no ecossistema, mas a presença do europeu foi sentida enquanto espacialização exploratória para fins de repovoamento. A motivação comercial fez com que a influência do estrangeiro, na região, passasse a ser maior que o do nativo.

Com a presença do europeu na Amazônia, a servidão humana foi constante nos últimos 200 anos. Conflitos pelo controle da região resultaram em milhares de índios e ribeirinhos mortos. Além da falta de liberdade, doenças contagiosas atingiram nativos. Males como a varíola, no Baixo Amazonas e Alto Solimões, eram bastante comuns.

O europeu trouxe consigo escravos africanos. Estes, por sua vez, naturalmente também adoeciam e concorriam para reforços de epidemias. A intensiva exploração da terra provocou deterioração do solo e por conseguido dificuldade de manutenção alimentar. Naquele momento da colonização, constatam-se os primeiros registros de degradação da Amazônia.

Desde então, a grande floresta passa a ter fauna e flora cobiçadas. O aumento da densidade demográfica gerou problemas socioambientais graves a partir da década de 1940. A despeito disso, ainda hoje a Amazônia é o “eldorado” popular que motivam migrações para a região. Ideia essa difundida, principalmente, durante o governo militar.

Diversos programas foram implementados na região amazônica no sentido de produzir em grande escala para atender a mercados regionais. Todavia, esses programas eram voltados para o setor agropecuário, principalmente, em vez de serem orientados para produções sustentáveis como a piscicultura, por exemplo, que ultimamente vem crescendo na região.

O processo de embotamento de recursos naturais da Amazônia tem se dado, principalmente, a partir de indivíduos oriundos de outras regiões. Ainda no contexto de estudos de Meggers, anteriormente citada, civilizações amazônicas nativas souberam muito bem usar a floresta de maneira eficaz, respeitando limitações e toda a biodiversidade, ao contrário das políticas públicas controversas para o bioma.

Hoje essas políticas se repetem e na corrida presidencial 2014 nenhum candidato tem se voltado a reconhecer em seu programa de governo, de forma sistemática, o bioma como espaço estratégico para as novas gerações. A atitude dá a entender que por pelo menos mais quatro anos a Amazônia será mantida em igual patamar.

(1) MEGGERS, Betty., (1976). Amazônia: Ilusão de um paraíso, Belo Horizonte: Editora Itatiaia.

Renan Albuquerque é professor e pesquisador do colegiado de jornalismo da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e desenvolve estudos relacionados a conflitos e impactos socioambientais entre índios waimiri-atroari, sateré-mawé, hixkaryana, junto a atingidos pela barragem de Balbina e com assentados da reforma agrária.

Reportagem Noticiosa

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