Pais temem pelo retorno do ensino presencial

Por Wérica Lima Publicado em: 27/08/2021 às 10:45

Especialistas alertam sobre provável aumento no número de casos de Covid-19 por causa do trânsito de alunos que agora voltarão a ter aulas 100% presenciais e da variante Delta. (Foto: Wérica Lima/Amazônia Real)

Manaus (AM) – Com um misto de decepção e apreensão, a contadora Eliene Barbosa, mãe-solo de Mateus, de 11 anos, viu seu filho voltar à escola na segunda-feira (23), data de retorno das aulas presenciais em Manaus. De um lado, representava o fim de um período de pouco ou nenhum aprendizado. A filha mais velha de Eliene, que já concluiu o ensino médio, nem prestou a prova do Enem no ano passado. Não se sentia preparada. Mas, como em outras partes do Brasil, o Amazonas iniciou a vacinação em 13 de agosto de jovens de 12 a 17 anos. Mateus, por causa da idade, terá aulas sem estar imunizado.

“O meu filho estava na verdade fingindo que estuda, fingindo que aprende. E nesse retorno agora eu me sinto obrigada a ele ter que voltar [a estudar], mesmo não estando vacinado, o que é um risco muito grande”, resume a contadora. Eliene já sabe que se Mateus apresentar algum sintoma da Covid-19, o filho não sairá de casa. Mas será que todos os pais terão a mesma consciência? “A escola está se esforçando, mas o medo é real, né?”

Durante o isolamento, as escolas adotaram diferentes formas de se adaptar para ensinar aos alunos. Mateus tinha de dividir com a mãe e a irmã Beatriz, o acesso à internet. No seu trabalho, Eliene adotou o home-office. Quando o Wi-fi não funcionava, a mãe se via obrigada a contratar pacotes extras de dados pelo celular. “Eu vejo que eles retrocederam bastante, não conseguiram acompanhar o aprendizado”, afirma a contadora, que ficou espantada ao ver que algumas aulas de 2020 do “Aula em Casa”, da Secretaria de Educação do Amazonas (Seduc-AM), foram reprisadas neste ano. Beatriz adiou o Enem. “Ela ficou com medo de se contaminar e ainda não fazer uma boa prova”, comenta a mãe.

O retorno às aulas presenciais nas redes públicas e privadas, na segunda-feira em Manaus e dia 8 de setembro no interior do Amazonas, encontrará muitas escolas da capital e dos outros municípios sem estrutura adequada para enfrentar essa nova realidade. Quem afirma é Beatriz Calheiro, da diretoria do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Amazonas (Sinteam), no cargo de secretária de políticas para a juventude trabalhadora, e professora de história da rede estadual de ensino. O Sinteam chegou a enviar um ofício na semana passada à Fundação de Vigilância à Saúde do Amazonas (FVS-AM), questionando como seria possível o distanciamento de 2 metros nas salas de aula para o ensino infantil e 1,5 para os demais, além da capacidade de 50% recomendada pelo órgão.

“É óbvio que o nosso interesse é estar na escola dando aula, o ambiente que a gente gosta e foi formado para trabalhar. No entanto, convido a todos irem nesta semana que o governo põe em prática o retorno presencial em uma escola para ver como vai ser a entrada, ver como estarão as salas de aulas. Indo 50% dos alunos já têm sala de aula lotada, imagine com esse retorno, ficarão extremamente lotadas”, provoca.

Para Beatriz Calheiro, o ensino híbrido ainda seria a melhor forma para evitar casos de contaminação de Covid-19. “Esse modo [híbrido] que o Conselho Nacional de Educação autorizou até o final do ano vai ser cortado mais uma vez por uma iniciativa que para nós é no mínimo estranha. Essa necessidade exacerbada de querer o retorno 100% presencial, sendo que a gente ainda não tem condições para efetivar esses processos”, questiona.

O risco para aqueles que dependem do transporte coletivo é real, testemunhado por Rebeca Acsa dos Santos, de 14 anos, que cursa o 9º ano no Centro Educacional de Tempo Integral Marcantonio Vilaça II (CMPM II), na zona norte da capital amazonense. “Vai ficar perigoso porque os ônibus vão estar lotados, a gente vai ter muito mais risco de pegar Covid-19. Pego apenas um ônibus. Na ida ele não é lotado, mas quando volta é. Ano passado foi muito perigoso, eu faltava por ter medo de pegar”, conta.

Vacinação lenta

A fila da vacinação no Centro de Convivência do Idoso Padre Vignola na Cidade Nova
(Foto Raphael Alves/Amazônia Real)

Apesar da iniciativa para acelerar a vacinação com o avanço da variante Delta no país, a faixa etária de 12 a 17 anos ainda está longe de estar protegida para o retorno das aulas 100% presenciais no estado. No Amazonas, 20,5% de toda a população está com o esquema vacinal completo. Mas quando se observa a quantidade de jovens que tomaram a primeira dose na semana passada, os dados preocupam: 38.730 pessoas de 12 a 19 anos se vacinaram até sexta-feira (27) em Manaus, segundo o vacinômetro da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas Drª Rosemary Costa Pinto. Na rede básica de ensino na capital do Amazonas, 507.755 alunos estavam matriculados em 2020, segundo dados do IBGE.

E a cobertura vacinal de profissionais da educação básica no Amazonas atualmente é de 59,9% e do ensino superior 51,2%, sendo que apenas 55,5% e 55,1% tomaram a segunda dose, respectivamente. O risco de disseminação entre alunos e professores que ainda não completaram o ciclo vacinal é iminente, alertam especialistas.

Para o epidemiologista da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz-Amazônia) Jesem Orellana, o momento é inoportuno para o retorno 100% presencial das aulas, principalmente porque parte do estado do Amazonas já deve estar na fase de transmissão comunitária da variante Delta. Caso algumas cidades do Amazonas sigam relaxando as medidas de contenção da epidemia, em algumas semanas, a Delta pode se disseminar ainda mais e desencadear a terceira onda, ainda que a tendência seja de um aumento bem mais expressivo no número de casos novos do que no de internações e óbitos por Covid-19, afirma Orellana.

“O retorno 100% presencial das aulas no Amazonas, somado a clara sensação de esgotamento da epidemia, pode levar o estado a situação parecida com a observada em regiões em que a variante Delta já é dominante, como nos Estados Unidos, onde a retomada alarmante de novos casos de Covid-19 e de hospitalizações tem sido associada ao predomínio da variante Delta e às limitadas coberturas vacinais”, explica o especialista. “O problema não é ficarem doentes, mas assintomáticos ou levemente sintomáticos e disseminarem o vírus, matando quem é mais vulnerável, como seus professores ou outros grupos de risco.”

Orellana afirma que a preocupação com o retorno às aulas presenciais não é apenas com a alta transmissibilidade da Delta, mas também pela falta de estrutura das escolas, a falta de uma fiscalização eficaz e obrigatoriedade de vacinação contra a Covid-19. “O Estado do Amazonas segue sem oportuna vigilância laboratorial e epidemiológica, o que propicia a silenciosa disseminação viral. Falta transparência na elaboração e, principalmente, na avaliação do cumprimento de supostos protocolos sanitários nas escolas”, destaca o epidemiologista.

De acordo com Orellana, o uso de máscaras comuns, ainda que eficaz, não é suficiente para evitar a propagação do vírus nas escolas, pois estas não possuem amplo poder de filtragem como as máscaras N95 (PFF2). O uso do álcool em gel também é importante no combate à Covid-19, mas é uma medida limitada. A principal via de infecção da doença é aérea e não de contato.

Além da disseminação do vírus entre a faixa etária infantil, que não pode se vacinar por não haver estudos específicos com esse grupo, estudantes e não vacinados, o retorno às aulas abre brechas para novas mutações do vírus. “Principalmente se lembrarmos que variantes como a Gama já limitam vacinas contra a Covid-19, sobretudo quando o esquema está incompleto ou quando é baseado em dose única, tal como ocorre com a efetividade da vacina da Janssen, infelizmente. O mais preocupante em relação a variante Gama é que ela pode infectar pessoas mesmo com esquema completo”, conclui o especialista, ressaltando que esses casos são pouco comuns.

O pesquisador Lucas Ferrante, que previu a segunda onda no Amazonas em um artigo publicado na Nature Medicine e alertou as autoridades antes da falta de oxigênio em Manaus, afirma que “é uma inconsequência do Estado e da prefeitura respaldar esse retorno [das aulas presenciais] e isso tende a aumentar a transmissão comunitária em Manaus levando à terceira onda”. Ferrante acredita que o que gerou a segunda onda na capital foi o retorno das aulas presenciais e não as eleições ou festas de final de ano, pois no dia das eleições, em 15 de novembro, Manaus já havia estimado 2 mil casos da variante Gama.

Ao ser procurada, a Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), por meio da Vigilância Sanitária Municipal (Visa Manaus), informou à reportagem da Amazônia Real que está diagnosticando, desde julho, as condições sanitárias das escolas. Mesmo sem a consolidação desses dados, previsto somente para o fim de agosto, as aulas presenciais já foram retomadas na capital. A Semsa informou ainda que está aplicando um estudo de campo qualitativo e um questionário virtual para ser respondido pelos profissionais de educação.

Já a Secretaria Municipal de Educação (Semed) informou que o retorno 100% presencial das aulas “seguirá todos os protocolos de segurança para evitar a propagação do novo coronavírus”. O órgão disse que garantir a segurança é a principal prioridade e que por isso algumas escolas estão passando por adaptações estruturais e só retornarão ao presencial quando estiverem prontas.

A Seduc-AM garante que as escolas “dispõem de pias e totens/dispositivos de álcool gel e sabão” e que estão equipadas com tapetes sanitizantes, seguindo os protocolos e medidas de segurança.

As falhas do ensino remoto

Cricila Marinho de Sena, 35 anos, mãe do João Lucas, 8 anos e de Melissa Sena de 6 anos (Foto: Wérica Lima/Amazônia Real/19/08/2021)

Sem computador, impressora e acesso à internet, Cricila Marinho, mãe de João Lucas, de 8 anos, e Melissa Sena, de 6, chegava a gastar quase 100 reais por mês para imprimir as atividades escolares na casa do vizinho. “Ele cobrava mais barato, 50 centavos cada página. Mas só que às vezes passavam muitas tarefas e aí tinha a dificuldade, ainda mais quando só uma pessoa da casa trabalha. Às vezes, eram cinco tarefas para imprimir, aí o jeito era não fazer tudo, fazer algumas, deixar as outras. Fiz assim porque nem todo dia se tem [dinheiro] para mandar imprimir”, lembra.

No começo, Cricila teve o apoio da escola, mas o tempo foi passando e não houve mais ajuda. Assim como a contadora Eliene Barbosa, ela questiona o retorno presencial: “Eles falam que os professores tomaram a vacina, mas e as crianças que ainda não tomaram? Acho que ainda não está, não [na hora de voltar], porque logo quando voltou a aula presencial da minha filha uma funcionária de lá [escola] pegou o vírus. Desde esse dia ela não foi mais não, não deixei”.

Leonara Pinto, empregada doméstica e mãe de Leonardo Lima, 6, e Lívia Costa, 3, tinha que copiar as atividades quando não havia como imprimir. O filho Leonardo começou a estudar em 2020, e até agora ela percebe pouca evolução. “A gente não tem o material necessário para ensinar, sem contar que não é todo mundo que tem acesso à internet. Ele acompanhou o ‘Aula em Casa’, mas mesmo assim ficou prejudicado”. Leonara levou o filho só algumas vezes à escola durante o ensino híbrido (presencial duas vezes na semana), pois a própria escola dizia não ter condições de receber os alunos e que “não ia ter incentivo” para o retorno.

A respeito do “Merenda em casa”, distribuído pelo governo, Leonara recebeu duas vezes. “Eles falam tanto dessa merenda em casa, né? Mas não sei se alguém recebeu mais de duas vezes. Pensava que era enquanto durasse o período da pandemia e as crianças não estivessem estudando [no presencial]. Está certo que tem os alunos que foram para a escola no ensino híbrido. Mas e quem não foi? Para onde vai o dinheiro da merenda?”, questiona.

Ana Paula Salinos, de 14 anos, vive com a mãe na ocupação Casa do Estudante. Sem celular e acesso à internet, as aulas remotas tornaram-se um desafio para ela que possui um tumor no cérebro, o que dificulta a aprendizagem. Ana está na 4ª série do ensino fundamental. “Eu sinto falta de estudar, não aprendi quase nada, foi muito difícil. Eu acho que [o retorno presencial] vai ser bom para mim, pois aprendo mais”, diz.

Andreia Cordovil é mãe-solo de Ana e de Débora Luiza, de 7 anos, e encontra-se desempregada desde o início da pandemia. A maneira encontrada para que as filhas não parassem de estudar foi buscar apostilas de atividades semanalmente na escola. A família veio a ter acesso ao WhatsApp para os informativos escolares há apenas dois meses, por meio de um celular doado.

“Esse cisto atrapalha ela de aprender, ler, tirar as tarefas do quadro. Eu corri atrás [antes da pandemia], entrei em contato com a Seduc, para o ensino dela ser mais avançado. A Seduc solicitou uma professora auxiliar para ela na escola. Mas na pandemia ela deixou de ter essa professora”, explica.

Esperança e acolhimento

Thiago Salas perdeu o pai para a Covid (Foto: Wérica Lima/Amazônia Real/19/08/2021)

Os jovens estudantes precisam ainda lidar com perdas de familiares e encarar o desânimo para não desistirem de estudar. Este é o caso de Thiago Salas, 19, artista local, diretor de cultura da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas e integrante da União da Juventude Socialista. Ele perdeu o pai para a Covid-19 em abril. Com as finanças apertadas, precisou interromper o curso preparatório para vestibular. Aluno do 3º ano do ensino médio na Escola Estadual Marcantônio Vilaça I, Salas resolveu levar adiante o legado do pai advogado, empenhado nas causas sociais.

“Para mim está sendo muito difícil, é um sentimento de dor, pesar, e é preciso ficar de cabeça erguida para continuar a estudar. Tive que manter o foco e me dedicar ao máximo como aluno, filho. A gente tem aquele sentimento de que muitas pessoas poderiam ter sido vacinadas, porém acredito que temos que ter o espírito de esperança de que as coisas estão melhorando. Os alunos deveriam ter acompanhamento psicológico”, destaca Salas.

Na Escola Estadual Benedito Almeida, localizada no bairro Mauazinho, zona sul de Manaus, alunos e trabalhadores da educação realizaram uma passeata no último dia 19, para convocar alunos que não têm aparecido nas aulas. “Ainda estamos sentindo falta [dos alunos], por isso fizemos a mobilização. Há alunos que não têm contato com a escola desde fevereiro, na mente deles o ano letivo já está perdido. Estamos fazendo esse trabalho para que eles retornem às aulas para fazer as atividades e fazer subsídios para que eles possam recuperar e não perder o ano”, ressalta a gestora da escola, Lucicleide Moreira Avelino.

Para a aluna Vitória Caroline, de 18 anos, presente na passeata, alguns alunos precisam de incentivos externos, pois não contam com apoio no próprio ciclo familiar. “A escola também tem que ser esse incentivo, sabe? E falar assim: eu sei que está difícil, mas vamos voltar, levantar a cabeça e terminar o ensino médio. Até porque é muito difícil conseguir um emprego sem um ensino médio completo”, afirma.

O ensino nas aldeias

Indígenas Kanamari na TI Vale do Javari no Amazonas (Foto: Bruno Kelly/Amazônia Real)

Em Atalaia do Norte, município do interior do Amazonas, estudantes indígenas da região do Vale do Javari ficaram sem estudar em 2020, pois tiveram que retornar para suas aldeias a fim de evitar contaminação da Covid-19. O Conselho Nacional de Educação recomendou não reprovar alunos no período da pandemia. Luzia Kanamari, mãe de 4 filhos, retornou para a parte urbana do município somente neste ano, quando os filhos começaram a estudar de forma híbrida. A tentativa de isolamento na aldeia para a Covid-19 não chegar até eles falhou, e Luzia considera esse período perdido.

“Davam um papel com as atividades e pronto, o aluno que se virasse. Tinha que pesquisar, mas pesquisar como? Na aldeia, foi um ano sem um aluno pegar em um caderno, trabalho impresso. Só esse ano que começaram as aulas remotas.Todos daqui tiveram essa dificuldade por não ter acompanhamento direto. Os alunos mesmo que tem que dar o jeito”, conta.

Segundo Luzia, cerca de 800 alunos indígenas ficaram sem estudar no Vale do Javari. Das 57 aldeias, só duas possuem professor contratado pelo governo estadual. “Antigamente tinha”, lembra. “Escola só tem do município e a do Estado, que começou a ser feita não foi finalizada, até agora nunca saiu.”

Suzana da Silva, da etnia Baniwa, 18, é estudante da escola Eibek Pamáali localizada na comunidade Tucumã Rupitã, região no Alto Rio Negro, no município de São Gabriel da Cachoeira. Cursando o terceiro ano do ensino médio, ela afirma que também não teve aula em 2020. O uso de acesso ao celular é limitado e a comunidade depende de gerador de energia. “Os professores poderiam dar aulas na nossa comunidade, com auxílio do governo. O governo nunca dá atenção aos povos indígenas como deveria, conforme nossos direitos”, conclui.

Na Aldeia Canadá, no rio Ayari, a cerca de 300 quilômetros de São Gabriel da Cachoeira, o professor de física, mestre em ciências ambientais e coordenador de pesquisa da Escola Baniwa Eeno Hiepole, Dzoodzo Baniwa, adaptou junto aos colegas, a metodologia de ensino via pesquisa na educação dos alunos que não têm celular e acesso à internet. A ideia é de que a grade curricular se estruture em problemáticas e questionamentos feitos pelos alunos. “Em cada semestre a gente define o tema que vai estudar sobre as perspectivas. A gente chegou a trabalhar como a pandemia surgiu, o contexto, como se espalhou, como ela é vista na perspectiva biológica, porquê ocorre reações e quais as possíveis relações de temperatura com o número de casos”, explica Dzoodzo, e acrecenta: “Depois que a gente entendeu que ensino remoto é por meio de aparelhos eletrônicos, vimos que na nossa realidade isso não existe, por isso que a gente adaptou ”. A escola foi selecionada para participar do Programa Global de pesquisa-ação Escolas 2030, que busca criar novos parâmetros para a avaliação da aprendizagem com base na prática da educação integral e transformadora, a fim de garantir o Objetivo do Desenvolvimento Sustentável 4.

A maneira interdisciplinar de trabalho dividida por áreas do conhecimento deve continuar no retorno 100% presencial, pois tem sido vista como a melhor forma para preparar os estudantes. Mas para o retorno os professores ainda lutam por melhoria em estrutura e insumos básicos. “Não tem pia, nem banheiro, não tem nada. Para preparar merenda escolar a gente não tem cozinha. A família que é cozinheira da escola prepara na casa dela. Para refeição dos alunos a gente tem que usar centro comunitário, porque não tem refeitório. Receber do governo a gente não recebeu ainda, e nem tem esperança de receber, geralmente essas coisas não chegam nas nossas aldeias”, diz Dzoodzo Baniwa. (Contribuiu Leanderson Lima)

Daiana Soltelo e seus dois filhos Dane e Sônia gêmeos de 6 anos (Foto: Wérica Lima/Amazônia Real)
Aglomeração na saída do CMPMII durante as aulas híbridaa (Foto: Wérica Lima/Amazônia Real/19/08/2021)
Estudantes da Escola Estadual Marcantonio Vilaçaa esperam ônibus na Cidade Nova (Foto: Wérica Lima/Amazônia Real/19/08/2021)
Estudantes da Escola Estadual Marcantonio Vilaçaa esperam ônibus na Cidade Nova (Foto: Wérica Lima/Amazônia Real/19/08/2021)
Estudantes da Escola Estadual Marcantonio Vilaçaa esperam ônibus na Cidade Nova (Foto: Wérica Lima/Amazônia Real/19/08/2021)
Volra às aulas presenciais em Manaus. Leonara Pinto e seus dois filhos Leonardo Lima, 6 anos e Livia Costa de 3 anos (Foto: Wérica Lima/Amazônia Real/18/08/2021)
Volra às aulas presenciais em Manaus. Leonara Pinto e seus dois filhos Leonardo Lima, 6 anos e Livia Costa de 3 anos (Foto: Wérica Lima/Amazônia Real/18/08/2021)
Volra às aulas presenciais em Manaus. Leonara Pinto e seus dois filhos Leonardo Lima, 6 anos e Livia Costa de 3 anos (Foto: Wérica Lima/Amazônia Real/18/08/2021)

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Reportagem Noticiosa

Sobre a matéria

Citações

“O meu filho estava na verdade fingindo que estuda, fingindo que aprende. E nesse retorno agora eu me sinto obrigada a ele ter que voltar [a estudar], mesmo não estando vacinado, o que é um risco muito grande”, Eliene Barbosa, mãe-solo de Mateus, de 11 anos, e de Beatriz Barros, de 19 anos.

Links:

Vacinômetro FVS: https://www.fvs.am.gov.br/indicadorSalaSituacao_view/75/2

Relatório de vigilância ativa nas escolas: https://www.fvs.am.gov.br/media/publicacao/VII_RELATORIO_VIGILANCIA_ATIVA_NAS_ESCOLAS_05.07_ikCqtWy.pdf

Censo escolar: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/am/manaus/pesquisa/13/5913

Artigo que previu 2º onda https://www.nature.com/articles/s41591-020-1026-x

Vacinômetro Prefeitura de Manaus: https://vacinometro.manaus.am.gov.br/view/

Local de Cobertura

Manaus

Wérica Lima

Formada em comunicação social com ênfase em jornalismo pela Universidade Nilton Lins, é estudante de Ciências Biológicas no Instituto Federal do Amazonas (IFAM). Em sua trajetória, passou pela assessoria de comunicação do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e publicou artigos pela organização internacional de mudanças climáticas Climate Tracker. Em 2019, participou da 1ª Oficina de Jornalismo Socioambiental da Amazônia Real e foi social media na agência entre julho de 2020 e janeiro de 2021. Empenha-se em fazer reportagens que representem a diversidade amazônica e dê espaço para as populações falarem sobre suas próprias realidades, a partir do jornalismo científico e socioambiental. ([email protected])