A Amazônia segundo Lúcio Flávio Pinto

Governos do Japão e Noruega donos da Albras

Por Lúcio Flávio Pinto Publicado em: 23/06/2023 às 10:44

A Albras, a oitava maior produtora do mundo e a primeira do continente, instalada em Barcarena, a 50 quilômetros de Belém, foi inteiramente desnacionalizada em 2011, quando a ex-estatal Companhia Vale do Rio Doce, privatizada em 1997, se retirou da empresa.

A Vale vendeu a sua participação, que era majoritária (com 50,9% do capital), à Norsk Hydro, multinacional que é uma das maiores produtoras do metal na Europa. Mais de um terço das suas ações é do governo norueguês.

Com 49,9% das ações, o consórcio japonês NAAC, que dividiu metade dos investimentos na Albras com a Vale, permaneceu na companhia. No entanto, sem qualquer comunicado público, a Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica), órgão do governo japonês, ficou com 44,92% do capital da Albras. As 13 empresas japonesas do antigo consórcio tiveram que dividir entre si os 5% restantes.

Assim, a maior fábrica de alumínio primário do Brasil, com capacidade de produzir 460 mil toneladas do metal por ano, foi reestatizada. Mas passando para o controle dos governos do Japão e da Noruega.

Fonte nega

A participação de governos estrangeiros no capital da Albras não significa uma estatização da empresa, a maior produtora de alumínio primário do Brasil, instalada em Barcarena, no Pará. É esse o entendimento de uma credenciada fonte do setor, consultada por este repórter. Esse técnico desconhecia a participação da JICA no capital da Albras, mudança revelada neste espaço.

Além de desconhecer essa alteração no controle acionário, a fonte não sabe qual é a situação jurídica da agência de cooperação internacional do governo japonês: “Não sei se ela é controlada pelo governo japonês e em que condições. O governo não entende de alumínio. Apostaria que os sócios privados, mesmo minoritários, governam de fato a JICA”, especulou a fonte.

Quanto à Norsk Hydro, o técnico argumenta que a participação acionária não é propriamente do governo e sim da coroa norueguesa, duas situações distintas. Como acionista, a coroa exerce pouca influência na governança da Norsk. Se tivesse papel decisivo, provocaria a desvalorização da ação da multinacional nas bolsas, prejudicando a rentabilidade da companhia e perdas para a realeza.

Por isso, a fonte ressaltou que “não diria exatamente que as empresas de alumínio/alumina/bauxita foram nacionalizadas por Japão e Noruega. Salvo se um exame meticuloso da situação jurídica da governança de JICA e Norsk demonstrasse esse fato”.

A imagem que abre este artigo é de autoria de Cícero Pedrosa Neto/Amazônia Real e mostra a bacia de rejeitos da Albras, controlada pela Norsk Hydro, que tem como sócio o governo da Noruega e pela Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica), órgão do governo japonês.

Além de colaborar com a agência Amazônia Real, Lúcio Flávio Pinto mantém quatro blogs, que podem ser consultados gratuitamente nos seguintes endereços:

* lucioflaviopinto.wordpress.com – acompanhamento sintonizado no dia a dia.

* valeqvale.wordpress.com – inteiramente dedicado à maior mineradora do país, dona de Carajás, a maior província mineral do mundo.

* amazoniahj.wordpress.com – uma enciclopédia da Amazônia contemporânea, já com centenas de verbetes, num banco de dados único, sem igual.

* cabanagem180.wordpress.com – documentos e análises sobre a maior rebelião popular da história do Brasil.

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Sobre a matéria

Lúcio Flávio Pinto

Lúcio Flávio Pinto é jornalista desde 1966. Sociólogo formado pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo, em 1973. Editor do Jornal Pessoal, publicação alternativa que circula em Belém (PA) desde 1987. Autor de mais de 20 livros sobre a Amazônia, entre eles, Guerra Amazônica, Jornalismo na linha de tiro e Contra o Poder. Por seu trabalho em defesa da verdade e contra as injustiças sociais, recebeu em Roma, em 1997, o prêmio Colombe d’oro per La Pace. Em 2005 recebeu o prêmio anual do Comittee for Jornalists Protection (CPJ), em Nova York, pela defesa da Amazônia e dos direitos humanos. Lúcio Flávio é o único jornalista brasileiro eleito entre os 100 heróis da liberdade de imprensa, pela organização internacional Repórteres Sem Fronteiras em 2014. Acesse o novo site do jornalista aqui www.lucioflaviopinto.com.

3 Comentários

Marcio Vaz disse:

25/06/2023 às 16:10

A bacia de rejeito é da hydro alunorte e não da Albras.

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Rui disse:

24/06/2023 às 21:42

Muito suspeita essa notícia, primeiro porque a Albras não produz rejeito, e sim a Alunorte, onde é refinado a alumina.

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Raimundo Alves de brito junior disse:

24/06/2023 às 12:45

estive na albraz de Barcarena bem com na mina,o ambiente de trabalho é excelente e a preservação do ecossistema é exemplar.

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