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MP Militar vai apurar ataque ao jornalista Kleyton Silva

Por Vivianny Matos Publicado em: 20/04/2023 às 19:09

O assessor de comunicação do Sindicato dos Servidores do Ministério Público do Pará foi atacado por um coronel da Polícia Militar e mais três homens, após cobrir a posse do Procurador-Geral de Justiça, em Belém (PA); ele já foi ouvido pelo Ministério Público Militar e teve o seu veículo periciado pela Polícia Civil (Foto: Vito Gemaque /SINJOR)

O Ministério Público Militar do Pará, através do Controle Externo da Atividade Policial no estado, informou à Amazônia Real que vai apurar as agressões do coronel da Polícia Militar Leonardo Franco contra o jornalista Kleyton Silva, assessor de comunicação do Sindicato dos Servidores do Ministério Público do Pará (Sisemppa). Segundo o promotor de Justiça Armando Brasil, será formulada uma representação criminal para apuração do caso dentro do prazo de 40 dias, podendo haver prorrogação para diligências.

“O jornalista Kleyton já esteve em contato comigo. Ele formulou uma representação criminal em desfavor do oficial e o fato será apurado”, disse à reportagem Armando Brasil, que é responsável pela investigação do caso.

A agressão contra o jornalista Kleyton Silva aconteceu no dia 13 de abril durante a posse do Procurador-geral de Justiça, César Bechara Nader Mattar, no Hangar – Centro de Convenções, em Belém (PA). O jornalista teve a sua mochila revistada sem a sua presença pelo coronel Franco, que é chefe do Gabinete Militar do Ministério Público do Pará (MPE-PA). No estacionamento do centro, Kleyton, dentro de seu veículo, foi impedido de se locomover por dois seguranças do evento, e o coronel Franco, já vestido à paisana, que desceu de uma Hilux prata acompanhado por outro homem e atacou o carro de Kleyton, segundo o depoimento dele na Polícia Civil, que periciou o veículo.

“O jornalista, no exercício das suas funções, fora revistado e ao questionar a atitude fora tratado de forma ríspida e ameaçado em sua integridade física, pois tentaram invadir o seu veículo para lhe causar mal. É absurdo que tal conduta passe despercebida, devendo haver imediatamente a sua investigação e punição. A Resolução nº 181 de 7 de agosto de 2017 dispõe sobre instauração e tramitação de procedimento investigatório criminal a cargo do Ministério Público”, afirma o advogado Virgílio Moura, que atua na assessoria jurídica do Sinjor e está à frente da defesa de Kleyton Silva.

Virgílio Moura informou àreportagem que as imagens das câmeras do Centro Integrado de Operações (CIOp), que registraram os momentos no estacionamento, quando o profissional se preparava para sair do evento e sofreu o ataque do grupo de homens, comandados pelo coronel Franco, já estão de posse do delegado, responsável pela investigação dos fatos.

A Amazônia Real fez várias tentativas de contato com as assessorias de comunicação do Ministério Público do Estado do Pará e da Polícia Militar, mas até o presente momento não recebeu nenhum retorno.

Entenda o caso

Perícia no carro de Kleyton (Foto: Vito Gemaque /SINJOR)

Enquanto cobria, como assessor de comunicação do Sindicato dos Servidores do Ministério Público do Pará, a posse do Procurador-geral de Justiça, César Bechara Nader Mattar, no dia 13 de abril, no Hangar – Centro de Convenções, em Belém (PA), Kleyton Silva teve a sua mochila revistada sem a sua presença pelo Coronel Polícia Militar do Pará Leonardo Franco, que é chefe do Gabinete Militar do Ministério Público do Pará (MPE/PA). Ao ter conhecimento sobre o fato, o jornalista informou à assessoria de comunicação do MPE e chegou a questionar diretamente ao militar que não quis conversar no evento, negou a ação e disse que falaria ao lado de fora com o jornalista, que se recusou a sair do local.

Após concluir o trabalho e se preparar para sair do Hangar, já em seu veículo, Kleyton, que foi seguido, foi impedido de se locomover, a princípio por dois seguranças do evento, ainda no estacionamento, e em seguida pelo próprio coronel Franco, já vestido à paisana, que desceu de uma Hilux prata acompanhado por outro homem. O jornalista teve o carro atacado pelo coronel Franco e pelo outro homem, ainda não identificado. O assessor conseguiu se manter trancado no veículo e ligou pedindo ajuda. Só então os dois homens, que não conseguiram tirá-lo do veículo, desistiram. Segundo o relato, eles o ameaçaram dizendo que iriam procurá-lo. Um dos homens teria inclusive fotografado a placa do carro com um celular.

Com receio de ser seguido, Kleyton voltou para o Hangar. Dessa vez uniformizado, o coronel Franco tentou dar voz de prisão ao profissional e tentou avançar em direção a ele, mas foi impedido por promotores de Justiça que estavam no local e garantiram ao jornalista que ele não teria sua integridade física comprometida e seria ouvido.

Leia a nossa reportagem completa sobre o fato.

Manifestações de apoio ao jornalista

A perícia no carro do jornalista Kleyton Silva foi acompanhada por representantes do Sinjor-Pa, do Sesemppa, da Fenamp, pelo advogado Virgílio Moura, e pelo vereador Fernando Carneiro (Foto: Vito Gemaque/ SINJOR)

Desde o início da repercussão do caso, várias instituições de comunicação e da sociedade civil estão se manifestando em apoio a Kleyton Silva. A Federação Nacional dos Servidores dos Ministérios Públicos Estaduais (FENAMP), se manifestou em seu site e redes sociais, afirmando que por meio do seu coordenador executivo Maurício Matos, juntamente com a diretoria do do Sindicato dos Servidores do Ministério Público do Pará (SISEMPPA), sindicato no qual trabalha Kleyton, estão acompanhando os desdobramentos do caso.

A Faculdade de Comunicação (FACOM) da Universidade Federal do Pará (UFPA), também se manifestou e lançou uma nota, dizendo que se soma “a todas as entidades e profissionais que se solidarizam com o jornalista e fotógrafo Kleyton Silva e em repúdio à violência e ameaças por ele sofridas no exercício profissional”. Kleyton Silva se formou pela UFPA e atuou também como estagiário na Rádio Web UFPA.

O Sindicato dos Bancários do Pará também disse que repudia o ataque sofrido pelo jornalista Kleyton Silva, assim como o Sindicato dos Funcionários do Poder Judiciário do Estado do Pará (SINDJU-PA). “Repudiamos veementemente a violência cometida pelo coronel da Polícia Militar (PM) Leonardo Franco e outras três pessoas não identificadas. O jornalismo é um pilar fundamental para a manutenção da democracia e a garantia dos direitos humanos. Ações que visam intimidar e ameaçar profissionais de imprensa são inadmissíveis e representam um atentado à liberdade de expressão e informação”, diz um trecho da nota do SINDJU-PA.

“Nosso amigo Kleyton Silva (fotógrafo, jornalista e músico integrante do Clube da Guitarrada) sofreu um ataque gravíssimo de um Coronel da PM e seu grupo na última quinta feira, 13 de abril, quando exercia sua atividade como jornalista (…). Esperamos que a violência sofrida pelo nosso companheiro não fique impune”, afirma em nota o Clube da Guitarrada.

Para garantir a defesa da liberdade de imprensa e da liberdade de expressão, a agência de jornalismo independente e investigativa Amazônia Real não recebe recursos públicos, não recebe recursos de pessoas físicas ou jurídicas envolvidas com crime ambiental, trabalho escravo, violação dos direitos humanos e violência contra a mulher. É uma questão de coerência. Por isso, é muito importante as doações das leitoras e dos leitores para produzirmos mais reportagens sobre a realidade da Amazônia. Agradecemos o apoio de todas e todos. Doe aqui.

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Reportagem Noticiosa

Sobre a matéria

Correções

O nome do jornalista Kleyton Silva foi grafado errado.

Texto atualizado às 9h19 do dia 21/04/2023.

Citações

"O jornalista, no exercício das suas funções, fora revistado e ao questionar a atitude fora tratado de forma ríspida e ameaçado em sua integridade física, pois tentaram invadir o seu veículo para lhe causar mal. É absurdo que tal conduta passe despercebida, devendo haver imediatamente a sua investigação e punição. A Resolução nº 181 de 7 de agosto de 2017 dispõe sobre instauração e tramitação de procedimento investigatório criminal a cargo do Ministério Público", afirma o advogado Virgílio Moura, que atua na assessoria jurídica do Sinjor e está à frente da defesa de Kleyton Silva.

Links:
https://amazoniareal.com.br/jornalista-e-atacado-por-coronel-da-pm/
https://www.instagram.com/p/CrPRgfzt4aw/?igshid=YmMyMTA2M2Y%3D
https://www.instagram.com/p/CrOOgsiOBMm/?igshid=YmMyMTA2M2Y%3D
https://fenamp.org.br/nota-de-repudio-ao-ataque-contra-o-jornalista-kleyton-silva-do-sisemppa/
https://bancariospa.org.br/sindicato-repudia-ataque-contra-o-jornalista-kleyton-silva-em-belem/
https://www.instagram.com/p/CrMlej4t-Zq/?igshid=ZTE2MDY0MWU%3D
https://pontodepauta.com/2023/04/18/em-belem-coronel-da-pm-revista-e-atenta-contra-jornalista-em-exercicio/

Local de Cobertura

Belém

Vivianny

Vivianny Matos

É paraense, filha das periferias belenenses. Graduada em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo. Também concluiu um MBA em Gestão Estratégica de Marketing e Comunicação Digital. Atuou como assessora de comunicação no terceiro setor na Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH) e da UNIPOP (Instituto Universidade Popular), entre os anos de 2015 a 2020, no Estado do Pará. Faz reportagens que abordam diversas temáticas indígenas.

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