Meio Ambiente

Universidades vão ampliar rede de sismógrafos na Amazônia

Por Elaíze Farias Publicado em: 18/11/2013 às 00:00

Tremores de terra na Amazônia são mais comuns do que se imagina, mas é muito raro identificar os epicentros e calcular a magnitude pela insuficiência de estações sismográficas na região. No Amazonas, há apenas um centro de sismografia, localizado no Centro de Balbina (também conhecido como “estação do Pitinga), em Presidente Figueiredo (a 107 quilômetros de Manaus), cujo registro é restrito à área.

Devido à escassez de estações na região amazônica as atividades sísmicas acabam sendo catalogadas apenas com base nos relatos das pessoas que sentiram os tremores. A magnitude e a localização do epicentro são desconhecidas e os tremores são relegados aos registros não-oficiais.

A carência de estações de monitoramento de abalos sísmicos é reconhecida por especialistas, mas a lacuna deve ser preenchida em breve com a instalação de pelo menos 25 sismógrafos nas regiões Norte e Centro-Oeste com transmissão de dados via satélite em tempo real. Um deles foi instalado em outubro na cidade de Paraupebas, no Pará. O outro, há duas semanas, em Boa Vista (RR). Ao todo, a Amazônia deverá receber 10 sismográficos.

Para o Amazonas, há previsão que em 2014 uma estação seja instalada nas proximidades de São Gabriel da Cachoeira (a 858 quilômetros de Manaus), município onde no último dia 10 foi sentido um tremor com duração de alguns segundos, mas o suficiente para assustar os moradores (leia sobre o assunto nesta reportagem). Outras duas cidades do Amazonas são candidatas a receber as estações: Coari e Tefé.

A ampliação da Rede Sismográfica do Brasil está senda realizada em parceria entre Universidade de Brasília (UnB), Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e Observatório Nacional (ON). O Observatório Sismológico da UnB ficou responsável pela ampliação nas regiões Centro-Oeste e Norte.

O coordenador da implantação da Rede Sismográfica Brasileira, Marcelo Assumpção, afirma que o mapeamento de pequenos tremores são importantes pois estes podem indicar locais mais propícios a terem um tremor forte no futuro.Leia entrevista completa.

A chefe em exercício do Observatório Sismológico da UnB, Mônica Von Huelsen, disse ao Amazônia Real que São Gabriel da Cachoeira é uma “cidade de referência” mas que ainda serão realizados testes em vários pontos da região para se determinar o local exato. “A escolha da rede tem como parâmetro cobrir áreas que não possuem monitoramento. A ideia é ocupar espaços vazios desde que tenhamos verba suficiente”, disse.

Mônica Von Huelsen explicou a importância de se instalar estações na Amazônia: “Apesar de não ser possível prever um terremoto, o conhecimento sísmico da região traz informações a despeito do comportamento característico quanto à sismicidade. Isto faz com que haja uma explicação do fenômeno e maior entendimento da população e maior informação de como agir durante um terremoto e o tipo de construção (das casas, por exemplo) que pode ser feita na área”.

O coordenador da Rede Sismográfica para a Amazônia, Marcelo Rocha, afirmou ao portal que há o planejamento de se instalar na Amazônia 10 estações sismográficas. Ele disse se tratar de um “grande desafio”, considerando as dificuldades de logística da região, mas que a UnB vem contanto com apoio de instituições locais, como é caso da Universidade Federal de Roraima (UFRR).

“Pretendemos instalar estações no interior da Amazônia e temos algumas cidades planejadas. No entanto, não podemos confirmar a instalação em nenhuma delas, pois isto depende de uma avaliação dos nossos técnicos das condições geológicas e de infraestrutura local. Entre as cidades mais do interior que planejamos instalar estações temos Coari, Tefé, São Gabriel da Cachoeira, entre outras. Esperamos que até o final de 2014 tenhamos toda a rede em funcionamento pleno”, disse.

Rocha explicou que, como os dados deverão ser enviados em tempo real, será possível melhorar o processo de monitoramento e de conhecimento do comportamento sísmico do país. “Isto de certa forma é importante para a segurança das cidades, pois permite trazer informações que antes não se tinha pela falta de monitoramento”, afirmou.

Reportagem Noticiosa

Sobre a matéria

Elaíze Farias

Cofundadora da Agência Amazônia Real e editora de conteúdo. É referência em reportagens sobre povos originários, populações tradicionais, denúncias de violações de direitos territoriais e direitos humanos, crise climática, violências socioambientais e impactos de grandes empreendimentos na natureza e nas populações amazônicas. Entre as premiações recebidas, está o Prêmio Imprensa Embratel de 2013. Em 2021, foi homenageada no 16º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), junto com Kátia Brasil, também fundadora da Amazônia Real. Em 2022, recebeu o Prêmio Especial Vladimir Herzog. É jornalista formada pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM).

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1 Comentário

Mauro Venilton gomes disse:

24/06/2016 às 21:41

Falo em nomes de todas as intinias do auto rio negro,são Gabriel da cachoeira sofre um grande descaso em relação às promessas de em plantação de uma agência da caixa econômica,até agora é só promessa é o povo em dois em dois meses ,vem sofrendo o descasos onde está as autoridade

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