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O avistamento dos Moxihatëtëa

Essa grande maloca avistada durante um sobrevoo nos mês de setembro por servidores da Fundação Nacional do Índio (Funai) é do povo Moxihatëtëa. Eles vivem dentro da Terra Indígena Yanomami, na região do extremo norte de Roraima, na fronteira com […]

Povo indígena isolado chamado de Moxihatëtëa (Foto: Guilherme Gnipper/ FPEYY/ Funai)

Por Amazônia Real Publicado em: 14/12/2016 às 18:24

Essa grande maloca avistada durante um sobrevoo nos mês de setembro por servidores da Fundação Nacional do Índio (Funai) é do povo Moxihatëtëa. Eles vivem dentro da Terra Indígena Yanomami, na região do extremo norte de Roraima, na fronteira com a Venezuela, na Amazônia brasileira. A Funai divulgou as fotos essa semana em seu site.

Até a metade da década de 1990, os Moxihatëtëa eram considerados desaparecidos. Em junho de 2011, esse povo – que é um subgrupo da etnia Yanomami de denominação Yawaripë – foi localizado pela Frente de Proteção Etnoambiental Yanomami e Ye’Kuana (FPEYY) e a Hutukara Associação Yanomami (HAY), durante uma atividade de reconhecimento aéreo.

Durante o sobrevoo em 10 setembro deste ano foi possível visualizar indicativos de que o grupo está aparentemente bem, segundo a Funai. Os indígenas cultivam roças de banana e o número de tapiri permanece o mesmo desde que o grupo passou a ser monitorado pela Funai, em 2011, apontando para uma possível estabilidade do número de famílias.

Segundo o coordenador de Proteção e Localização de Índios Isolados da Coordenação Geral de Índios Isolados e Recém Contatados (CGIIRC) da Funai, Fabrício Amorim, as atitudes dos Moxihatëtëa revelam que o grupo quer se manter isolado, pois todas as suas ações se dão no sentido de evitar contatos sistemáticos com a sociedade não-indígena. “É possível, no entanto, que eles tenham contatos esporádicos e não permanentes com outros grupos de Yanomami”, acrescenta.

O nome Moxihatëtëa foi dado à etnia pelos Yanomami. No passado, segundo a Funai, esse povo isolado foi um inimigo histórico dos Yanomami. “Mas hoje os Yanomami, através de suas associações representativas, atuam para que o estado reconheça o direito à autodeterminação desse povo, garantindo o direito ao isolamento voluntário, bem como as condições necessárias aos seus processos de vida, buscando contribuir com a segurança e a preservação do território onde vivem”, disse a fundação.

“Este grupo é tradicionalmente conhecido pelos seus antigos vizinhos e inimigos Yanomami de língua yanomae/yanomama do oeste e do sul como Moxi hatëtëma thëpë. A designação remete ao fato de que esses índios manteriam o prepúcio do pênis (moxi) preso entre dois barbantes (hatëtë) amarrados na cintura”, explica a Funai.

As ameaças dos garimpos

Dentro da TI Yanomami vivem os índios isolados Moxihatëtëa. (Fotos: Guilherme Gnipper/ FPEYY/ Funai)

Nos anos 1990, os Moxihatëtëma circulavam ocasionalmente nas regiões dos rios Catrimani, Mucajaí e Apiau, diz a Funai. “Nessa época, se ouvia falar de ataques armados contra eles por garimpeiros e de conjecturas sobre o possível desaparecimento do grupo devido às doenças e à violência. Alguns contatos esporádicos foram relatados no decorrer da década, mas apenas em 2011 se teve a comprovação de que não haviam desaparecido.”

Hoje, o maior risco à integridade dos Moxihatëtëa, diz a Funai, são os garimpos. “Mas a ameaça é comum a todos os coletivos indígenas da TI Yanomami.”

O sobrevoo realizado pelos servidores da Frente de Proteção Etnoambiental Yanomami e Ye’Kuana (FPEYY) teve o objetivo de realizar um levantamento sobre a atual situação dos índios isolados e do território yanomami, bem como monitorar as atividades ilícitas que ocorrem em seu interior, com foco no garimpo ilegal e nas invasões da terra resultantes da expansão da fronteira agrícola em Roraima.

“Foram avistados durante o sobrevoo na TI Yanomami diversas pistas de pouso clandestinas, acampamentos e a presença de balsas para extração de ouro, que confirmam a atividade garimpeira ilegal na região”, disse a Funai, explicando que “a cada ano, são realizadas diversas operações de combate ao garimpo nas terras indígenas mais afetadas por esse ilícito, entre elas a Terra Indígena Yanomami. As operações contam com a participação da Funai, Ibama, Polícia Federal, entre outros órgãos com competência para atuar nessas situações.” Leia mais aqui.

Reportagem Noticiosa

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