Amazônia Realidade

Agenda cultural: em abril tem Acampamento Terra Livre pela garantia de direitos

A agenda cultural da Amazônia Real destaca este mês vários eventos e opções em Manaus, Belém, São Paulo e até em Brasília. É na capital federal que os povos indígenas fazem o evento de maior referência ao Dia do Índio, […]

Acampamento Terra Livre em Brasília (Foto: Alan Azevedo/Greepeace/2016)

Por Kátia Brasil Publicado em: 04/04/2018 às 18:08

A agenda cultural da Amazônia Real destaca este mês vários eventos e opções em Manaus, Belém, São Paulo e até em Brasília. É na capital federal que os povos indígenas fazem o evento de maior referência ao Dia do Índio, comemorado em 19 de abril. Em um momento de grande ameaça aos direitos dos povos originários, provavelmente a mais grave desde a reabertura da democracia brasileira, o movimento indígena realiza entre os dias 23 e 27 deste mês o 15º. Acampamento Terra Livre. Desde que foi iniciado, o ATL, como é mais conhecido, vem crescendo em número de povos e organizações participantes.

Ano passado, cerca de 4 mil indígenas de todo o país participaram da mobilização, que incluiu debates, reuniões e protestos na capital do país. Também estiveram presentes artistas e nomes representativos da cultura brasileira, além de lideranças indígenas de outros países.

O Acampamento Terra Livre é promovido pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), com apoio de organizações não-governamentais indígenas e não indígenas que defendem pautas de proteção ao meio ambiente e direitos dos movimentos sociais. Saiba mais sobre o evento aqui.

A importância de defender os direitos dos indígenas no cenário brasileiro atual é enfatizada por Dinamam Tuxá, coordenador-executivo da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib). Para ele, as ameaças sempre existiram, mas foram agravadas no atual governo do presidente Michel Temer (PMDB). “É um governo golpista, que entrou de forma nada democrática, havendo a ruptura da nossa democracia. Então, com isso, os povos indígenas, que já eram vulneráveis, se tornaram ainda mais vulneráveis, porque não há políticas públicas específicas para esses povos”, diz Dinamam Tuxá.

A organização do ATL escolheu o lema “Unificar as lutas em defesa do Brasil Indígena – Pela Garantia dos direitos originários dos nossos povos”.

As expectativas para a mobilização, segundo Dinamam Tuxá, são para estabelecer diálogos entre indígenas e o governo. “Nós temos uma estimativa de 3 a 5 mil indígenas que estão vindo para debater, dialogar, e tentar construir e dar também visibilidade à causa indígena porque ela é importante para nós, que somos indígenas, e para o mundo porque esse debate traz diversos benefícios para a humanidade, principalmente a conservação e preservação ambiental”.

Agende em Manaus

“Conversas Fotográficas” com Marcela Bonfim e Rogério Assis

A fotógrafa Marcela Bonfim e o fotógrafo Rogério Assis (foto acima) são os convidados das palestras “Conversas Fotográficas”, evento aberto ao público realizado pelo Programa de Pós-graduação em Letras e Artes da Universidade do Estado do Amazonas (PPGLA-UEA), com apoio da agência Amazônia Real e da produtora Avangi Cultural. Marcela Bonfim abordará a história das comunidades quilombolas na Amazônia, tema de seu novo trabalho “(RE)Conhecendo a Amazônia Negra”, com mediação da cineasta Keila Serruya. Com mediação do jornalista e fotógrafo Alberto César Araújo, Rogério Assis trará a palestra “Fotografia e Ativismo Socioambiental”, relatando suas décadas de trabalho do fotojornalismo e questões do seu novo livro “Mato?” (Editora Olhavê). O evento será apresentado pela professora do PPGLA, Luciana Páscoa.

Quando: 5 de abril
Horário: 20h
Local: Mini-auditório do 2º. Andar da Escola Superior de Artes e Turismo – ESAT

Rua Leonardo Malcher, 1728, esquina com Major Gabriel, Praça 14, na zona centro sul de Manaus

Entrada: Gratuita

(RE)Conhecendo a Amazônia Negra

(Foto: Marcela Bonfim)

A fotógrafa paulista e residente em Porto Velho (RO), Marcela Bonfim apresenta pela primeira vez em Manaus a exposição fotográfica “(RE)Conhecendo a Amazônia Negra”. A mostra ficará na galeria Moacir Andrade, na sede do Sesc Amazonas. A exposição é composta por imagens dos povos, costumes e influências negras na região amazônica. Trata-se de uma forma de movimento político em prol do (re)conhecimento do legado e contribuição da população negra na constituição do tecido sociocultural de Rondônia, da região norte e do Brasil, uma vez que as pesquisas e registros sobre as populações negras se concentram nas especificidades e características das populações das regiões nordeste, centro e sul do país – sem muito destaque para o norte. Marcela é formada em Ciências Econômicas (2008) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), e é especialista em Direitos Humanos e Segurança Pública (2011) pela Fundação Universidade Federal de Rondônia (UNIR). Desde 2012, dedica-se à fotografia, tendo participado do projeto “Reabilitando pela Arte” (2014-15), realizado no sistema prisional de Rondônia; exposições coletivas pelo Sesc-RO e Agência Amazônia Real (AM). A mostra, que foi vista por um grande público em São Paulo, em 2017, será vista em outras nove cidades da Amazônia, entre elas, Boa Vista, em Roraima, e Rio Branco, no Acre.

Quando: 6 de abril a 3 maio

Horário: das 13h às 17h (de segunda a sexta-feira)

Local: Galeria Sesc Moacir Andrade (Rua Henrique Martins – Centro)

Entrada: Gratuita

Clube das Manas

A edição de abril do clube de leitura do Instituto Mana terá como tema o livro “A Resposta”, de Kathryn Stockett. A obra é um conjunto dos relatos de empregadas domésticas negras sobre suas relações com as patroas, no ambiente racista do Mississippi na década de 60. “A Resposta” foi adaptado para o cinema em 2011, com Viola Davis, Octavia Spencer e Emma Stone no elenco. O filme recebeu o título em português de “Histórias Cruzadas”, com direção de Tate Taylor. Octavia Spencer venceu o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante.

Quando: 25 de abril

Horário: 19h

Local: Livraria Leitura – Amazonas Shopping (Av. Djalma Batista, 498)

Agende no Rio de Janeiro

Kumu Ovídio Tukano

Pela primeira vez fora do Amazonas, o indígena Ovídio Tukano estará em uma roda de conversas promovida pelo Centro de Tradições Nativas Nowa Cumig, no Rio de Janeiro. Ovídio é um dos Kumu (também chamado por pajés) que atendem no Centro de Medicina Indígena – Bahserikowi´i, localizado em Manaus.

Quando: 6 de abril
Horário: 19h30 às 21h30

Local: Centro de Tradições Nativas Nowa Cumig

Rua Tobias do Amaral, 104 – Cosme Velho, Rio de Janeiro

Entrada: Gratuita

Agende em São Paulo

Lançamento dos livros Mestres da Reportagem II e III

Para reunir testemunhos de grandes nomes do gênero da reportagem no Brasil, a professora e jornalista Patrícia Paixão, junto com dezenas de alunos e jornalistas recém-formados, lançam neste sábado (7 de abril) dois novos volumes da série “Mestres da Reportagem”. No primeiro volume, de 2012, foram entrevistados 22 repórteres, incluindo Eliane Brum, Sônia Bridi e Geneton Moraes Neto. Para os novos volumes, 45 profissionais foram entrevistados sobre suas trajetórias profissionais e bastidores de reportagens marcantes. Entre eles, André Caramante, fundador do site Ponte Jornalista, Tai Nalon, da plataforma multimídia de fact checking Aos Fatos, e a cofundadora da agência Amazônia Real, Kátia Brasil. Ela foi entrevistada pelas jornalistas Gabrielle Pedro e Luiza Rubio. A professora e coordenadora da obra, Patrícia Paixão, destaca que o projeto não tem pretensão de criar um ranking de repórteres, mas de “transformar a série em um grande memorial das carreiras de nomes importantes do nosso jornalismo”.

Durante o evento de lançamento dos novos volumes da série será promovido um bate papo com o debate “Os desafios de ser repórter no século XXI”, com alguns dos entrevistados das obras: Aiana Freitas (BandNews FM), Fausto Salvatori Filho (Ponte Jornalismo) e Nathan Fernandes (Revista Galileu). Os valores referentes aos direitos autorais da primeira impressão das obras serão doados à organização não-governamental Conectas Direitos Humanos.

Data: 07 de abril (sábado)

Horário: das 16h30 às 18h30

Custo: R$ 60,00

Local: Centro Cultural São Paulo – CCSP

Rua Vergueiro, 1000 – Liberdade

Evento de lançamento das obras no Facebook

Djuena Tikuna em São Paulo

Show de Djuena Tikuna no Teatro Amazonas (Foto: Alberto César Araújo/Amazônia Real)

A cantora indígena Djuena Tikuna fará participações em três eventos durante sua estada em São Paulo, entre os dias 10 e 13 de abril. Entre os eventos estão uma palestra sobre a musicalidade Tikuna (10 de abril), o lançamento do livro “Cantos da Floresta”, da pesquisadora Magda Pucci e Berenice de Almeida (11) e, por fim, o show do Grupo Mawaca, que contará com cantores indígenas de todo o Brasil (13 de abril).

Palestra

Quando: 10 de abril

Horário: 19h30

Local: Espaço Nave Cultural – Sesc Taubaté

Avenida Eng. Milton A. Peixoto, 1264 – Taubaté – São Paulo

Lançamento do Livro “Cantos da Floresta”

Quando: 11 de abril

Horário: 19h30

Local: Espaço de Tecnologia e Artes – Sesc 24 de Maio

Rua 24 de Maio, 109 – República – São Paulo

Show do Grupo Mawaca

Quando: 13 de abril

Horário: 19h

Local: Estúdio Mawaca

Rua Inácio Borba, 483, Chácara Santo Antônio – São Paulo

Agende em Belém

Lançamento do livro “Paulo Fonteles, sem ponto final”

Ismael Machado lançará a biografia de Paulo Fonteles, militante dos direitos humanos assassinado aos 38 anos. Como militante estudantil, ele foi preso e torturado durante a ditadura militar. Fundador da Sociedade Paraense de Direitos Humanos, Fonteles também esteve envolvido na solidificação da Comissão Pastoral da Terra e o Sindicato dos Trabalhadores Rurais, mantendo-se crítico das ações de violência contra populações tradicionais e camponeses. O livro é fruto de parceria entre o Instituto Paulo Fonteles de Direitos Humanos, Fundação Maurício Grabois e Editora Anita Garibaldi, além de contar com mais de 50 entrevistas e a colaboração de Paulo Fonteles Filho.

Quando: 10 de abril

Horário: 19h

Local: Sede da OAB

Praça Barão do Rio Branco nº 92 – Campina – Belém

Agende em Brasília

Acampamento Terra Livre

Acampamento Terra Livre, em 2017 (Foto: MídiaNinja)

O ATL é promovido pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), com apoio de organizações não-governamentais indígenas e não indígenas que defendem pautas de proteção ao meio ambiente e direitos dos movimentos sociais. Saiba mais sobre o evento aqui.

Quando: de 23 e 27

Local: Brasília

A imagem que ilustra esta coluna é do Acampamento Terra Livre em Brasília (Foto: Alan Azevedo/Greenpeace/2016)

Mande sugestões de eventos nas cidades amazônicas para o e-mail: [email protected]

*Maria Cecília Costa faz parte do Projeto Treinamento em Jornalismo Independente e Investigativo da Amazônia Real. É estudante do 7º. Período do Curso de Jornalismo da Universidade Federal do Amazonas (UFAM).

Reportagem Noticiosa

Sobre a matéria

Kátia Brasil

Kátia Brasil é co-fundadora e editora executiva da agência de jornalismo independente e investigativo Amazônia Real, com sede em Manaus (AM). Recém formada pela Faculdade Hélio Alonso, no Rio de Janeiro, foi morar na Amazônia no início do ano de 1990. Trabalhou na TV Cultura e jornais O Globo, A Gazeta de Roraima, O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo. Entre os prêmios que ganhou estão o Esso Regional Norte 1991 e Women Journo Heroes (#JournoHeroes), da International Women’s Media Foundation (IWMF), em 2019, Prêmio Abraji, em 2020, Vladimir Herzog e Comunique-se, ambos em 2021. É uma das jornalistas brasileiras +Admiradas Negras da Imprensa Brasileira, em 2024. É diretora editorial do Projor/Observatório da Imprensa. Conselheira do Tornavoz e RBJA, e membra da Comissão da ABI Ambiental. Foi eleita em 1o. lugar Região Norte do Prêmio TOP 100 +Admirados Jornalistas Brasileiros. Integra o forbiddenstories.org, o Fórum Permanente das Mulheres de Manaus (FPMM) e o Coletivo Mães Pela Diversidade em defesa das pessoas LGBTQIAPN+. ([email protected])