Amazônia Realidade

Em agosto tem shows de artistas indígenas no Teatro Amazonas e Jair Jacqmont no Inpa

Manaus (AM) – A Agenda Cultural da Amazônia Real traz, no mês de agosto, eventos que simbolizam atos de resistência de grupos cujos direitos são cerceados ao longo dos anos. A segunda edição do Festival Todas São Manas, no […]

Teatro Amazonas vai receber shows de grupos indígenas (Foto: Alberto César Araújo/Amazônia Real)

Por Kátia Brasil Publicado em: 07/08/2018 às 17:54

Manaus (AM) – A Agenda Cultural da Amazônia Real traz, no mês de agosto, eventos que simbolizam atos de resistência de grupos cujos direitos são cerceados ao longo dos anos. A segunda edição do Festival Todas São Manas, no dia 12 de agosto, trata da revalorização da mulher na cultura hip hop, enquanto o evento A Hora do Mamaço apoia as mulheres que que queiram amamentar seus filhos em qualquer lugar que julgar conveniente. Além destes eventos, o Teatro Amazonas vai receber a primeira edição da “Wyae, a Mostra de Música Indígena” nos dias 9 e 10 de agosto. A coordenação dos shows é da cantora e compositora Djuena Tikuna, que concedeu uma entrevista à Amazônia Real. A artista foi a primeira cantora indígena a protagonizar um espetáculo musical no palco do Teatro Amazonas. Como coordenador do “Wyae, a Mostra de Música Indígena”, ela levará dezoito grupos a casa centenária, além promover uma feira de artesanato indígena no Largo São Sebastião. A entrada é gratuita. Wyae (pronuncia Vijaé) é uma palavra em Tikuna que significa cantoria em português. Leia a seguir:

Amazônia Real – Como surgiu a ideia de criar a Wyae, Mostra de Música Indígena?

Djuena Tikuna – Ela é fruto de uma demanda real, de uma necessidade histórica que nós artistas indígenas enfrentamos. Estamos à margem dos grandes palcos culturais. E essa realidade não é exclusividade do Amazonas. Nós, povos indígenas, vivemos sem apoio às nossas inciativas culturais, sem o reconhecimento, sem as palmas e a visibilidade que todo e qualquer artista deseja para o seu trabalho. Nossa cultura é rica e valorizada, é ponto positivo nos editais, desde que não sejamos nós os proponentes. Não falo de mim, mas falo em nome dos meus parentes que não conseguem apoio para suas iniciativas. Chegamos a ver espetáculos na música, no teatro e até mesmo nas artes visuais, aonde os brancos nos interpretam, uma espécie de black face amazônico. Queremos nós mesmos fazer a nossa arte.

A princípio pensamos um Festival, algo que pudesse contemplar os representantes por calhas de rios, com uma série de atividades de intercâmbio entre os artistas e formação de público, um verdadeiro escambo cultural, reconhecendo os parentes artistas de todo o Estado. Para isso, até inscrevemos um projeto no Itaú Cultural e outros editais desse porte, mas pelo visto, eles preferem reforçar os estereótipos.

Amazônia Real – Qual a importância da Mostra?

Djuena – A Mostra é mais um grito de resistência, não é só uma expressão de nossos sentimentos enquanto artistas. É uma autoafirmação da importância que a cultura tem para nós e as futuras gerações. Toda e qualquer arte indígena é uma obra de resistência. Não se pode fugir disso. Vivemos a contemporaneidade sem esquecer nossas tradições. O artista indígena tem esse compromisso, um olhar mais profundo para dentro. Cantamos vários estilos musicais, mas sempre cantamos nossas realidades e valorizando a nossa língua materna, que é a nossa maior identidade. Essa Mostra vem dar um maior destaque ao momento de fortalecimento que estamos ajudando a construir. Seja em Manaus ou no interior, os povos indígenas vivem um processo de fortalecimento e até mesmo, em alguns casos, de resgate cultural. É preciso ajudar a pensar em estratégias que nos fortaleçam enquanto sujeitos culturais, capazes de manter a cultura viva. A Mostra é importante para isso. Fizemos um pacto pela cultura. Podemos ter nossas diferenças no que diz respeito à política, aos nomes que ocupam os cargos nas organizações indigenistas ou no controle social, mas na cultura queremos falar uma só voz, queremos voar juntos, como uma revoada de pássaros multicoloridos no pôr do sol.

Amazônia Real – Você foi a primeira indígena a dirigir, produzir e se apresentar no palco do Teatro Amazonas com outros artistas indígenas. O que significa para você aquele show?

Djuena – Com o apoio de diversos parceiros, amigos e parentes, construímos um verdadeiro ato-show, um grito de protesto num momento histórico de protagonismo dos povos indígenas no maior símbolo cultural do Estado, construído graças ao sangue derramado de nossos parentes nos seringais. Isso para mim e minha família tem um significado muito especial, pois a minha arte sempre estará a serviço do meu povo. Acredito que aquela apresentação contribuiu para pautar a cultura indígena em várias instancias. Aos poucos vamos saindo da invisibilidade. Ainda temos um longo caminho pela frente, mas somos fortes, há 518 anos resistimos.

Amazônia Real – Como estão as expectativas dos artistas indígenas para a Mostra?

Djuena – É importante dizer que convidei meus amigos do grupo Raízes Caboclas para ser a banda de apoio para os nossos artistas. Vamos receber também a participação da nossa convidada especial Marlui Miranda, uma grande incentivadora da música indígena e uma das principais responsáveis pela difusão do gênero no país e no mundo. Os parentes estão muito satisfeitos como as coisas estão acontecendo. Reconhecem o esforço que nós e nossos parceiros estamos tendo com a produção do evento. Para a maioria dos artistas será uma novidade cantar no palco do Teatro Amazonas, isso é motivo de muito orgulho para eles. Mas no geral, todos têm a clareza de que se trata de um momento importante para a valorização não só dos talentos da música, mas para o fortalecimento da nossa cultura. Também queremos usar nossa cantoria como forma de diálogo com os caciques dos brancos para que ouçam a nossa voz e assim possamos cantar nossa proposta para a cultura.

Onde é?

Wyae – 1ª Mostra de Música Indígena

Local: Teatro Amazonas

Data: 9 e 10 de agosto

Horário: 20h

Entrada Franca

AGENDE-SE

Livro homenageia defensores dos direitos humanos

Irmã Giustina Zanato (de saia estampada), que mora atualmente em Moçambique, na África, será uma das homenageadas do livro (Foto: Arquivo pessoal)

O livro “Vidas que Falam – Promotores dos Direitos Humanos, da Justiça e da Paz” será lançado no dia 9 de agosto pela jornalista Cristiane Silveira e o deputado estadual José Ricardo (PT/AM). Nele serão contadas as histórias de 30 pessoas que atuaram no Amazonas em defesa dos Direitos Humanos. Entre os 30 nomes homenageados estão Francy Júnior Camilo Assunção, Adamor Guedes, Nádia Vettori, Luzarina da Silva, Giustina Zanato e Padre Humberto Guidotti.

Data: 9 de agosto

Local: Centro de Formação Maromba (Rua da Maromba, s/n, Chapada)

Horário: 19h30

Festival promove o hip hop feminino

Foto: Alberto César Araújo/Amazônia Real

O Festival Todas São Manas acontecerá no dia 12 de agosto, no Centro de Manaus. O festival é protagonizado por artistas mulheres do hip hop manauara, englobando elementos como MC, DJ, grafite e break dance, dispostas em apresentações, exibições de filmes, rodas de conversa, grafite ao vivo e batalhas de dança. O evento também disponibilizará um espaço infantil, no qual as mães participantes possam deixar seus filhos durante o evento. Esta será a segunda edição do projeto.

Local: Les Artistes Café Teatro

Data: 12 de agosto

Entrada: Gratuita

Tacacá na Bossa terá do samba ao pop rock

Shows no Tacacá da Bossa (Foto: Divulgação)

A programação do Tacacá na Bossa acontece todas as quartas-feiras sob a coordenação do Joaquim Melo, nos dias: 08/08 – 18h: Show África Brasilis, com James Rios e Marcia Siqueira; 20h: Lançamento do Enredo da Escola de Samba Reino Unido da Liberdade 2019 com a bateria, passistas, além dos movimentos afro brasileiros e Maracatu Tambor de Crioula, entre outras atrações;

15/08 – 19h: Cirandas de Manacapuru, Flor Matizada, Guerreiros Mura e Tradicional;

22/08 – 19h: Banda Platinados; 20h30: Luneta Mágica;

29/08 –19h: Especial Maués! Gambá e bandas de Maués;

Local: Largo São Sebastião, centro de Manaus

Congresso questiona a democracia atual

Foto de Divulgação

O PPGICH (Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas) da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) promove, entre os dias 15 e 17 de agosto, a programação do “III Transfronteiras – Virada à Democracia: Bionecropolítica, raça e feminismos”. O evento terá programações simultâneas nas cidades de Manaus e Tefé. Terá como objetivo questionar as formações atuais da democracia e propor medidas que problematizem conceitos como raça, etnia, gênero, sexualidades e violências.

Local: Escola Superior de Artes e Turismo – ESAT – UEA (R. Leonardo Malcher, 1728)

Data: 15 a 17 de agosto

Horário: de 8h às 18h

Ingressos e programação completa: https://www.even3.com.br/transfronteiras3

Exposição aborda floresta e nuvens amazônicas

Exposição Latitude, no Paiol da Cultura do Inpa (Foto: Alberto César Araújo/Amazônia Real)

O artista Jair Jacqmont iniciou, em junho, a exposição “Latitude Amazônica”, no Paiol da Cultura do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). No entanto, a programação segue até o fim de agosto. Na obra, um painel de 22m de comprimento, nuvens cercam o visitante na altura dos olhos, levando-o a refletir sobre a importância da floresta para a manutenção do clima na América do Sul. O evento é uma parceria entre o Inpa e o LabVerde, que promove experiências a partir do confronto de disciplinas como, no caso, ciência e artes plásticas.

Local: Paiol da Cultura do Inpa (Bem-te-vi, s/nº, Petrópolis)

Data: até 26 de agosto

Horário: Terça a sexta-feira: 9h às 12h e das 14h às 16h; Sábado e domingo das 9h às 16h.

Simpósio Nacional debaterá relações de poder na literatura

Foto de Divulgação

O Simpósio Nacional Jogos de Poder em Literatura será promovido no fim de agosto pelo grupo de pesquisa “Relações de gênero, poder e violência em literaturas de língua portuguesa”. O evento pretende trazer discussões sobre questões sociais a partir de textos literários e como estes se revelam como reflexo do campo social ao qual pertencem. As inscrições para apresentação de trabalhos vão até dia 31 de julho, no entanto, para ouvintes, as inscrições seguem até o dia 24 de agosto.

Local: Auditório da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Amazonas, setor norte

Data: 27 a 29 de agosto

Horário: a partir das 13h30

Inscrições: https://goo.gl/d7WXoJ

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*Maria Cecília Costa participa do Projeto de Treinamento em Jornalismo Independente e Investigativo da Amazônia Real. É estudante do 7º. Período do Curso de Jornalismo da Universidade Federal do Amazonas (UFAM).

Reportagem Noticiosa

Sobre a matéria

Kátia Brasil

Kátia Brasil é co-fundadora e editora executiva da agência de jornalismo independente e investigativo Amazônia Real, com sede em Manaus (AM). Recém formada pela Faculdade Hélio Alonso, no Rio de Janeiro, foi morar na Amazônia no início do ano de 1990. Trabalhou nas TVs Educativa e Cultura e nos jornais O Globo, A Gazeta de Roraima, O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo. Entre os prêmios que ganhou estão o Esso Regional Norte 1991 e Women Journo Heroes (#JournoHeroes), da International Women’s Media Foundation (IWMF), em 2019, Prêmio Abraji, em 2020, Vladimir Herzog e Comunique-se, ambos em 2021. É uma das jornalistas brasileiras +Admiradas Negras da Imprensa Brasileira, em 2024. É diretora editorial do Projor/Observatório da Imprensa. Conselheira do Tornavoz e RBJA, e membra da Comissão da ABI Ambiental. Foi eleita em 1o. lugar Região Norte do Prêmio TOP 100 +Admirados Jornalistas Brasileiros. Integra o forbiddenstories.org, o Fórum Permanente das Mulheres de Manaus (FPMM) e o Coletivo Mães Pela Diversidade em defesa das pessoas LGBTQIAPN+. ([email protected])