Meio Ambiente

Cheia do rio Negro pode chegar a 29,60 metros, diz CPRM

O 3º Alerta de Cheias em Manaus, divulgado nesta sexta-feira (30) pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM), prevê que o pico da enchente do rio Negro acontecerá na primeira quinzena do mês de junho com o nível das águas variando […]

Na rua dos Barés uma ponte de madeira foi construída acima da alagação (Foto: Elaíze Farias/AR)

Por Kátia Brasil Publicado em: 30/05/2014 às 16:22

O 3º Alerta de Cheias em Manaus, divulgado nesta sexta-feira (30) pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM), prevê que o pico da enchente do rio Negro acontecerá na primeira quinzena do mês de junho com o nível das águas variando entre 29,44 metros e 29,60 metros.

A enchente na bacia amazônica é um fenômeno natural que acontece todos os anos. Como publicou a agência Amazônia Real, a cheia do rio Negro tem influência do rio Madeira e pode ficar entre as cinco maiores enchentes registradas em 112 anos.

O nível do rio Negro marcou 29,29 metros nesta sexta-feira (30). As águas sobem em média 3 centímetros por dia. A marca de emergência é de 28,94 metros. A maior enchente registrada foi com 29,97 metros em 2012. A quinta cheia histórica, com 29,42 metros, aconteceu em 1989.

Marco Antônio Oliveira, superintendente do CPRM, disse que, se o nível do rio Negro ultrapassar a marca de 29,44 metros, as águas irão permanecer acima da emergência por mais de 45 dias, até o início a vazante (seca). Isso significa que a Defesa Civil precisa retirar as famílias que estão em áreas inundadas.

“Se avaliarmos que o nível de emergência ocorreu no dia 21 de maio, então teremos praticamente o mês de junho todo com águas altas ainda em Manaus. O pico da cheia do rio Negro deve ocorrer na primeira ou segunda semana do mês de junho”, afirmou Marco Oliveira, superintendente do CPRM.

Segundo a Defesa Civil Municipal, 13 bairros estão afetados por inundações da enchente do rio Negro, em Manaus. Mais de 1,4 mil famílias foram cadastradas para receber um benefício social de R$ 300. Com o dinheiro, elas irão alugar casas para deixar as residências que estão alagadas.

A prefeitura de Manaus também construiu 3.235 pontes de madeira em ruas alagadas para facilitar a passagem dos pedestres. Nos igarapés que cortam a cidade de Manaus, as equipes de limpeza retiraram 900 toneladas do lixo jogado pela populaçao no rio Negro.

Influência do fenômeno El Niño na Amazônia Oriental

Durante a divulgação do 3ª. Alerta de Cheias em Manaus, a meteorologista Jaci Saraiva, do Sipam (Sistema de Proteção da Amazônia), disse que a previsão para o trimestre junho, julho e agosto na Amazônia Ocidental, que inclui a regiões oeste e sul do Amazonas, é de chuvas acima do normal, menos para o estado de Roraima.

Segundo Jaci Saraiva, a atenção se volta para a região da Amazônia Oriental, que compreende a divisa dos estados do Amazonas e Pará, os estados do Amapá e o Maranhão, por causa do fenômeno climático El Niño_que aquece a temperatura das águas do Oceano Pacífico Equatorial. A previsão é de menos chuvas ao longo do trimestre.

“Nós vínhamos levantando a influência do El Niño no Pacífico Equatorial desde o mês de abril. A tendência disso é aflorar. Estamos avisando que vai chover menos naquela região do Pará e pode ocorrer seca. Normalmente, o El Niño não tem impacto na Amazônia Ocidental. Agora, se ele for intenso, pode causar algum impacto na região Leste (divisa dos estados do Amazonas e Pará) ”, afirmou a meteorologista Jaci Saraiva.

O superintendente do CPRM, Marco Oliveira disse que o fenômeno El Niño vai influenciar o tamanho da estiagem os rios da bacia amazônica. “Com o fenômeno El Niño atuando, teremos um verão menos chuvoso do que nos anos anteriores” afirmou.

Reportagem Noticiosa

Sobre a matéria

Kátia Brasil

Kátia Brasil é co-fundadora e editora executiva da agência de jornalismo independente e investigativo Amazônia Real, com sede em Manaus (AM). Recém formada pela Faculdade Hélio Alonso, no Rio de Janeiro, foi morar na Amazônia no início do ano de 1990. Trabalhou na TV Cultura e jornais O Globo, A Gazeta de Roraima, O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo. Entre os prêmios que ganhou estão o Esso Regional Norte 1991 e Women Journo Heroes (#JournoHeroes), da International Women’s Media Foundation (IWMF), em 2019, Prêmio Abraji, em 2020, Vladimir Herzog e Comunique-se, ambos em 2021. É uma das jornalistas brasileiras +Admiradas Negras da Imprensa Brasileira, em 2024. É diretora editorial do Projor/Observatório da Imprensa. Conselheira do Tornavoz e RBJA, e membra da Comissão da ABI Ambiental. Foi eleita em 2025 como uma das 100 jornalistas +Mais Admiradas da Imprensa Brasileira. Integra o forbiddenstories.org, o Fórum Permanente das Mulheres de Manaus (FPMM) e o Coletivo Mães Pela Diversidade ([email protected])