A gigante da mineração não é empresa de varejo
Citações
"É quase uma reprodução integral dos press-releases da companhia. É a hora do toma lá para manter o dá-cá, que explica ser a Vale uma das maiores anunciantes da imprensa no país, sobretudo nos Estados nos quais atua, o mais importante deles para a companhia sendo o Pará", diz Lúcio Flávio Pinto.
Local de Cobertura
Belém (PA)
Muito oportuna sua matéria e considerações, Lúcio Flávio.
Eu lembro algumas coisas para sua avaliação e dos leitores, a partir da experiência com a Vale em Minas Gerais.
1° – segundo relatorios 20F da Vale SA para a Comissão de Valores Mobiliarios dos EUA, as jazidas mais longevas da Vale ainda se encontram em MG, destacadamente nos complexos Vargem Grande (Nova Lima e Itabirito) e Mariana (Mariana, Ouro Preto e Catas Altas), que têm jazidas com previsão de produção para além de 2100, enquanto Carajás, segundo a empresa, deverá exaurir suas jazidas dentro de 50 anos + ou -.
Com os problemas das barragens em MG, a Vale resolveu cobrir o buraco dos contratos de longo prazo, incentivando CNPJs laranjas e investindo na aquisição de “terceiros” – o que tb consta das tabelas de produção de minério de ferro dos complexos Sul e Sudeste, conforme os últimos relatórios 20F.
A Vale, como as outras players de exportação da commodity (Anglo American, CSN e terceirizadas), obviamente optaram por atender à divisão internacional (e tb à nacional) do trabalho/produção e entrega. Esse sistema ou cadeia produtiva dispensa transformação (nacional) para recepção do produto pelo consumidor final. Embora o Ibram e outros sindicatos patronais picaretas da mineração de ferro gostem de agregar indústria e metalurgia automobilística, entre outras, na fraude do faturamento e geração de empregos e PIBs do setor.
Evidentemente, pelo que você descreve, continuamos a ser mero fornededor de materia-prima e a Vale se vangloria de ser operadora mór desse projeto.