A Amazônia segundo Lúcio Flávio Pinto

Polícia caça Saúde e Alegria

Por Lúcio Flávio Pinto Publicado em: 23/12/2019 às 14:51

Depois de investir contra os brigadistas voluntários de Alter do Chão, presos e indiciados como autores dos incêndios que ocorreram na área de proteção ambiental do famoso balneário do rio Tapajós, a polícia civil do Pará vai investigar a ONG que dá apoio institucional a esses brigadistas. Ao cumprir o mandado de busca e apreensão de documentos na sede da organização Saúde e Alegria, que atua na região há 32 anos, os policiais apreenderam extratos bancários e outros documentos que registram doações e financiamentos de entidades internacionais, alguns de valores expressivos. O objetivo é acusar a ONG de desviar dinheiro destinado a ações ambientais e sociais em proveito próprio

Foi por isso que o juiz Alexandre Rizzo, da 1ª vara criminal da comarca, mandou desentranhar dos autos do inquérito policial sobre os incêndios um envelope lacrado, dentro do qual havia “documentos e informações acerca de fatos diversos” dos que a polícia investigou no procedimento administrativo, “com imputações e possíveis indiciados/denunciados distintos”.

A medida seria necessária, no entendimento do juiz, ante “a potencialidade lesiva de seu conteúdo”, o que levou Rizzi a decretar segredo de justiça sobre essas informações e os possíveis desdobramentos. A providência preservaria a “integridade física e moral dos virtuais investigados”. O juiz determinou o encaminhamento urgente do material ao Ministério Público do Estado, “devendo o responsável guardar a máxima segurança”.

Com a suspensão das atividades do judiciário até quinta-feira (26), nesse tempo a polícia poderia trabalhar para desenvolver a tese a que chegou. Assim, reforçaria o pedido de abertura de um novo inquérito, este para investigar as atividades da Saúde e Alegria, posta sob a mesma suspeição dos cinco brigadistas que apoia. O anúncio dessa nova operação daria argumento ao discurso do presidente Jair Bolsonaro contra as ONGs, especialmente estrangeiras, que atuam na Amazônia.

A imagem deste artigo mostra os brigadistas e seu advogados em Santarém, no Pará (Foto: Brigada de Alter do Chão)

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* amazoniahj.wordpress.com – uma enciclopédia da Amazônia contemporânea, já com centenas de verbetes, num banco de dados único, sem igual.

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Lúcio Flávio Pinto é jornalista desde 1966. Sociólogo formado pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo, em 1973. Editor do Jornal Pessoal, publicação alternativa que circula em Belém (PA) desde 1987. Autor de mais de 20 livros sobre a Amazônia, entre eles, Guerra Amazônica, Jornalismo na linha de tiro e Contra o Poder. Por seu trabalho em defesa da verdade e contra as injustiças sociais, recebeu em Roma, em 1997, o prêmio Colombe d’oro per La Pace. Em 2005 recebeu o prêmio anual do Comittee for Jornalists Protection (CPJ), em Nova York, pela defesa da Amazônia e dos direitos humanos. Lúcio Flávio é o único jornalista brasileiro eleito entre os 100 heróis da liberdade de imprensa, pela organização internacional Repórteres Sem Fronteiras em 2014. Acesse o novo site do jornalista aqui www.lucioflaviopinto.com.

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Sobre a matéria

Lúcio Flávio Pinto

Lúcio Flávio Pinto é jornalista desde 1966. Sociólogo formado pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo, em 1973. Editor do Jornal Pessoal, publicação alternativa que circula em Belém (PA) desde 1987. Autor de mais de 20 livros sobre a Amazônia, entre eles, Guerra Amazônica, Jornalismo na linha de tiro e Contra o Poder. Por seu trabalho em defesa da verdade e contra as injustiças sociais, recebeu em Roma, em 1997, o prêmio Colombe d’oro per La Pace. Em 2005 recebeu o prêmio anual do Comittee for Jornalists Protection (CPJ), em Nova York, pela defesa da Amazônia e dos direitos humanos. Lúcio Flávio é o único jornalista brasileiro eleito entre os 100 heróis da liberdade de imprensa, pela organização internacional Repórteres Sem Fronteiras em 2014. Acesse o novo site do jornalista aqui www.lucioflaviopinto.com.