Povos Indígenas

‘Somos a favor da demarcação já, sim’, afirma procurador da República, em Macapá

Por Bianca Andrade Publicado em: 01/02/2019 às 01:27

No Amapá, Alexandre Guimarães afirma que mesmo terras demarcadas sofrem ameaças de fazendeiros e mineradoras (Foto: Bianca Andrade/Amazônia Real)

Macapá (AP) – Com a apresentação cultural do povo Tiriyó, os amapaenses iniciaram, na quinta-feira (31), as duas rodas de conversa “(R)existir para existir”, uma diferente forma de manifestação que fez parte dos atos da campanha nacional “Sangue Indígena: nenhuma gota a mais”. Mais de 250 pessoas participaram do evento, que ocorreu em paralelo a uma mostra audiovisual, a uma feira de artesanato e a painéis do cenário indígena do país, no hall de entrada da Universidade Estadual do Amapá (Ueap), campus Macapá.

“Neste atual cenário sofremos vários ataques, então a gente vem lutando pelas garantias dos direitos indígenas conforme a Constituição Federal. Estamos lutando cada vez mais para que não haja o ataque diretamente do governo para as populações indígenas”, afirmou o coordenador executivo do Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Amapá e Norte do Pará (Apoianp), Kutanan Waiana, mediador da primeira roda de conversa. “De parente para parente, de parceiro para parceiro”, foi assim que a mediadora e uma das coordenadoras do evento, Simone Karipuna, iniciou a segunda parte dos debates, que contou com a participação dos parceiros e intervenções do público.

Ato dos indígenas aconteceu na Ueapa, em Macapá (Foto Bianca Andrade/Amazônia Real)

Joenis Pereira, representante da Fundação Nacional do Índio (Funai), catalogou as ameaças do governo Bolsonaro com a MP 870. “Não houve nenhuma consulta aos povos indígenas. Enquanto servidor, a gente cumpre a legislação e estamos discutindo a mudança da lei, que é um sinal de apreensão”, enfatizou.

O procurador do MPF, Alexandre Guimarães, enfatizou o simbolismo da data e afirmou que o MPF está atento.“Somos a favor, sim, da demarcação já, pois é um direito que vocês têm e está sendo negado pelo poder público. Aqui temos as terras demarcadas, mas não encerra o problema, temos que continuar lutando contra fazendeiros, mineradoras, pessoas que querem extrair tudo sem se importar com quem mora na terra. Não é favor, é uma obrigação do poder público, seja qual for o governo, é preciso respeitar a Constituição”, destacou.

A representante da Licenciatura Intercultural Indígena, professora Carina Almeida, ressaltou a importância da educação escolar-indígena nesse processo, uma conquista dos povos indígenas. “A educação se democratizou no Brasil, trazendo muitos avanços, inclusive, gerando este espaço que estamos. Se não tivesse este espaço, nós não estaríamos aqui reunidos, tomando a palavra, falando nas mídias sociais e nos manifestando”, salientou.

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Reportagem Noticiosa

Sobre a matéria

Bianca Andrade

Nascida em Macapá, capital do Amapá, Bianca Andrade é publicitária, especialista em Comunicação Social e assessoria de comunicação. Há três anos ingressou na Agência Amazônia Real, iniciando seu primeiro trabalho na equipe com a matéria sobre a abertura da Renca para a mineração. ([email protected])