Comunidades da rodovia Transacreana enfrentam crise hídrica

Por Fabio Pontes Publicado em: 31/10/2021 às 08:00

Com a escassez de chuva, a prefeitura leva caminhões-pipa para os ribeirinhos. Alguns cavam poços para matar a sede (Foto de Alexandre Cruz Noronha)

Rio Branco (AC) – Se no começo de 2021 os moradores do Acre conviveram com a grande cheia dos rios que deixou cidades inteiras debaixo d’água, desde meados de julho a realidade é bem diferente. Com o início do “verão amazônico”, os acreanos passaram a lidar com a poluição do ar causada pelas queimadas, o aumento das temperaturas e dos dias sucessivos sem chuvas. Os mesmos rios que transbordaram e desabrigaram milhares de pessoas meses atrás, agora apresentam vazantes acentuadas que comprometem a segurança hídrica da população.

É o caso das comunidades rurais localizadas ao longo da Rodovia Transacreana, onde se concentra parte da produção agrícola e pecuária da capital Rio Branco. Com dificuldade de se encontrar água no subsolo, a grande maioria das famílias que ali vivem depende das chuvas ou de mananciais nas redondezas tanto para o próprio consumo, quanto para manter a produção nos roçados e a criação de animais. Com a severa estiagem deste ano, muitas dessas fontes já secaram.

A crise hídrica no mundo é um dos temas que serão discutidos na Conferência das Nações Unidas (ONU) sobre Mudanças Climáticas, que começa neste domingo (1º de novembro), em Glasgow, na Escócia. Governos e especialistas irão debater o aumento da temperatura no planeta e formas de frear o aquecimento. A agência Amazônia Real vai realizar uma cobertura especial da #COP26.

Em Rio Branco, capital do Acre, a crise hídrica fez a prefeitura distribuir, até o fim de setembro, quase três milhões de litros de água potável para 2.400 famílias de comunidades rurais. Sem essa ajuda, muitas famílias não teriam água nem mesmo para beber e preparar a comida. Com as chuvas cada vez mais escassas numa época do ano já caracterizada pela estiagem em grande parte da Amazônia, açudes e tanques (que são águas represadas dos igarapés) secaram. Já em outros, o que sobrou de água não é adequado para o uso humano.

É o caso da dona de casa Maria Antônia da Silva Araújo, de 50 anos. O tanque que ela pagou para cavarem ano passado, ao lado de sua casa, está quase seco. A água que sobra tem uma cor verde, mostrando-se imprópria para o consumo. Mas é dali mesmo que ela e os vizinhos puxam a única disponível nas redondezas para beber, preparar a comida e as necessidades domésticas. A solução é tratar o líquido com cloro.

A dona de casa investiu 600 reais para cavar um tanque ao lado de casa. Como a região onde mora não é boa para retirar água de poços, tanques e açudes servem como reservatório para os meses de chuva e de seca. Como a estiagem durante o verão amazônico no leste do Acre tem ficado mais extrema, ela vê, a cada dia, a disponibilidade de água diminuir. Além dela, o tanque também é a fonte para os vizinhos mais próximos, que puxam a água por meio de bombas.

Só com caminhão-pipa

Dona Maria Antônia da Silva (Foto: Alexandre Cruz Noronha/Amazônia Real)
Dona Raimunda Nonata de Araújo mostra sua caixa d'água seca (Foto: Alexandre Cruz Noronha/Amazônia Real)
Dona Raimunda Nonata de Araújo mostra um dos açudes da comunidade quase seco (Foto: Alexandre Cruz Noronha/Amazônia Real)
Gilson de Souza Manso (Foto: Alexandre Cruz Noronha/Amazônia Real)
Mãe dando banho na filha em comunidade que sofre com falta d'água (Foto: Alexandre Cruz Noronha/Amazônia Real)
Sem chuva há meses, açudes da comunidade Manoel Marques secam (Foto: Alexandre Cruz Noronha/Amazônia Real)
Sem chuva há meses, açudes da comunidade Manoel Marques secam (Foto: Alexandre Cruz Noronha/Amazônia Real)
Sem chuva há meses, açudes da comunidade Manoel Marques secam (Foto: Alexandre Cruz Noronha/Amazônia Real)
Caminhão pipa abastece a caixa d'água coletiva da comunidade Manoel Marques (Foto: Alexandre Cruz Noronha/Amazônia Real)

Maria Antonia é uma das moradoras da Vila Manoel Marques da Cunha, na zona rural de Rio Branco. Está localizada no quilômetro 14 da Rodovia Transacreana. Com quase 20 famílias, a comunidade é uma das 17 atendidas pelo serviço de distribuição de água potável da prefeitura, que em 31 de agosto decretou situação de emergência ambiental na zona rural por causa da seca.

Pelo menos duas vezes por semana, o caminhão-pipa da empresa contratada para fazer o serviço abastece a caixa d’água de 5 mil litros colocada na ruela principal de barro. “Isso daí eles colocam hoje, e amanhã de manhã já não tem mais nada”, diz a também dona de casa Raimunda Nonata de Araújo. A caixa d’água da comunidade foi colocada bem ao lado da cerca de sua casa.

Do lado de dentro, uma caixa Brasilit de cimento, com capacidade para 500 litros, está vazia. Geralmente ela é abastecida com água da chuva ou de um açude nos fundos da casa. Com tantos dias sem chuva, o açude secou, sobrando apenas uma água barrenta. “Aqui nessa região já tem mais de 100 dias que não cai uma gota d’água. A cada verão é esse sufoco, mas esse ano está pior. Nunca tivemos a situação de ver esse açude seco assim”, diz Raimunda Nonata.

Antes da Vila Manoel Marques, o caminhão-pipa – que transporta 15 mil litros – abasteceu a caixa da Vila Manso. Também localizada na Transacreana, é preciso percorrer um trajeto de ao menos 4 quilômetros numa estrada de chão para chegar à comunidade de 150 famílias. Ali, o igarapé e o açude que serviam como fonte secaram. Perfurar poços é inviável. Moradores dizem já ter furado poços de quase 100 metros de profundidade, mas nada de água.

Para piorar ainda mais a situação, o único açude que restava teve toda a vegetação no seu entorno destruída por uma grande queimada que atingiu a fazenda onde está localizado. “Lá ainda era a única opção que a gente tinha. A gente pedia para o fazendeiro e ele deixava a gente pegar a água. Agora, depois desse fogo, nem sei como vai ficar”, comenta Gilson da Silva Manso, filho do fundador da comunidade, Francisco Manso.

Aos 44 anos, Gilson afirma que nasceu e se criou na comunidade. Segundo ele, a estiagem de 2021 foi uma das mais fortes que ele já presenciou. “Nunca que esse igarapé tinha secado. Antes, ele ficava muito vazio, mas não ao ponto de ficar sem água. Esse ano foi tão seco que nem manga deu. As águas estão sumindo”, lamenta ele.

O rio Acre está distante pouco mais de 500 metros da casa dele, mas as dificuldades do caminho atrapalham a busca da água. “Lá tem um barranco que é enorme. Como o rio está muito seco é preciso descer o barranco todo. E para subir com a água é muito complicado”, explica.

Queimadas e incêndios florestais

Terreno ao lado da comunidade Manoel Marques que acabara de ser queimado
(Foto: Alexandre Cruz Noronha/Amazônia Real)

Além da falta de água, as comunidades da Transacreana convivem, a cada verão amazônico, com a fumaça das queimadas. Por concentrar parte das propriedades agrícolas de Rio Branco, a região concentra grande número de queimadas. Por aqui, o fogo é usado como a forma mais prática e barata para fazer a limpeza dos roçados e pastagens. Com tantas áreas em chamas, a fumaça também invade o perímetro urbano, deteriorando a qualidade do ar.

Entre os 22 municípios acreanos, Rio Branco é o quarto com mais registro de focos de calor entre janeiro e setembro: 700. Em todo o Acre, são 7.695 focos no período; alta de 4% em comparação com a mesma época de 2020. Toda essa fumaça tóxica que piora o ar também compromete a água que os moradores da Transacreana esperam cair do céu, segundo dados do Programa Queimadas, do Inpe.

“A gente não consegue usar a água das primeiras chuvas que caem porque ela vem com um gosto diferente, de fuligem. Vem com um cheiro ruim. A gente aproveita só para serviço de casa, lavar a roupa, e mesmo assim coloca um cloro antes”, diz Maria Rosineide da Silva, 55 anos de idade. No quintal dela está outra caixa d’água de 5 mil litros instalada pela prefeitura.

“Aqui vem gente de carro, a pé, de bicicleta buscar água. Das casas mais perto até as mais longes”, afirma Rosineide, enquanto acompanha a caixa ser reabastecida. “Essa água é a nossa salvação. Se não fosse isso, a gente não tinha de onde beber. Aqui não tem poço. A única água é da chuva, mas não chove mais.”

Além de ser uma importante região da produção agropecuária – com o tráfego intenso de caminhões boiadeiros – a Transacreana também é rota da extração de madeira. No caminho até a Vila Manoel Marques, toras e mais toras se acumulam no pátio de uma madeireira. Ao final da rodovia fica a Reserva Extrativista Chico Mendes, que sofre com a ação de roubo de madeira e grilagem de terras públicas.

Desmatamento em alta

Período de estiagem e queimadas em Rio Branco no Acre
(Foto: Sérgio Vale/Amazônia Real/2020)

A intensificação do período seco no Acre acontece ao mesmo tempo em que o estado registra expressivo aumento nas taxas de desmatamento e queimadas nos últimos três anos. De acordo com o último boletim do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), elaborado pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), o Acre foi o terceiro estado que mais derrubou floresta em agosto, superando Rondônia e Mato Grosso.

Ao todo, foram 236 quilômetros quadrados desmatados. Em comparação com julho, houve redução. Um mês antes, o Acre já tinha perdido 313 quilômetros quadrados de cobertura florestal. Os dados apontam que, desde 2019, o desmatamento no Estado está em ascensão, deixando para trás estados da Amazônia Legal tidos como os vilões da preservação ambiental. Entre agosto de 2019 a julho de 2020, segundo o Imazon, o total de floresta desmatada foi de 476 quilômetros quadrados . Já de agosto do ano passado a julho último, quilômetros quadrados de floresta desapareceram; aumento de 95%.

Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) indicam que entre 1988 e 2020, o Acre desmatou 15,7 mil quilômetros quadrados de Floresta Amazônica. As piores taxas foram no início dos anos 2000. Em 2003 o desmatamento chegou a 1.078 quilômetros quadrados . O pior ano nessa série histórica foi 1995: 1,2 mil quilômetros quadrados . De 2006 a 2017 houve redução. A partir de 2018, apenas aumento.

A elevação não ocorre por acaso. Foi naquele ano que Gladson de Lima Cameli, do Progressistas, foi eleito governador do Acre. Sua principal promessa de campanha era fazer do agronegócio a força propulsora da economia local. Para isso, ele prometia flexibilizar e acabar com a burocracia da legislação ambiental, repetindo o mesmo discurso de Jair Bolsonaro na disputa pela Presidência. Com a vitória de ambos nas urnas, o ambiente político no Acre ficou propício para a prática de crimes ambientais.

Os dados são preocupantes porque a devastação apresenta uma nova dinâmica, ampliando a área de influência do “arco do desmatamento” para a região oeste acreana, onde está a maior cobertura florestal intacta. Em agosto, Sena Madureira, no Vale do Purus, ficou na quinta colocação entre os municípios que mais desmataram a Amazônia.

Em décimo lugar está Feijó. Os municípios acreanos passaram a dividir o ranking da devastação com outros já conhecidos, como Lábrea, no vizinho Amazonas, Porto Velho, a capital de Rondônia, e São Félix do Xingu e Altamira, no Pará.

Como consequência, os municípios acreanos líderes em floresta desmatada também o são no ranking das queimadas. O fogo é a etapa seguinte à derrubada da mata, sendo usado para consolidar a nova área aberta. As estatísticas do Inpe apontam que entre janeiro e setembro, foram detectados 7.948 focos de queimadas – alta de 4% quando se compara com o mesmo período de 2020. Feijó, Sena Madureira e Tarauacá estão na lista dos 20 municípios da Amazônia Legal que mais queimaram nos nove meses deste ano.

Levantamento realizado pelo Laboratório de Geoprocessamento Aplicado ao Meio Ambiente (LabGama), da Universidade Federal de Acre (Ufac), detectou 200.800 hectares de cicatrizes de queimadas entre julho e setembro. Segundo a análise, 30% deste rastro do fogo foram identificados em áreas classificadas como terras da União, ou seja, em terras públicas.

Ação da grilagem

Incêndio em fazenda próxima à comunidade Manoel Marques
(Foto: Alexandre Cruz Noronha/Amazônia Real)

A invasão de terras públicas para fins de grilagem passou a caracterizar os crimes ambientais nos últimos três anos no Acre. Em julho, a Amazônia Real mostrou que grileiros e madeireiros de Rondônia passaram a invadir o Acre em busca de terras e toras.

”O que nós estamos vendo é o aumento progressivo nas áreas queimadas no Acre, com um patamar de 200 mil hectares nas áreas afetadas pelo fogo. A gente não vê as mudanças ambientais para o futuro. A gente vê isso acontecendo agora. Se a gente fizer uma retrospectiva dos últimos 10 anos, toda cidade do Acre teve cheia ou seca extrema. A contribuição do desmatamento e das queimadas para essas mudanças ambientais já estão sendo vistas agora”, diz Sonaira Silva, pesquisadora da Ufac e coordenadora do LabGama.

Como destaca Sonaira, esses eventos extremos acontecem com mais intensidade nos municípios localizados ao longo da bacia do rio Acre. Identificadas como Alto Acre e Baixo Acre, essas regiões concentram a maior parte da área já desmatada. Elas foram as mais impactadas pela abertura das fazendas de gado a partir da década de 1970, com a política da ditadura militar de “integrar” a Amazônia ao restante do país.

Única fonte para o serviço de captação e distribuição de água para metade da população, o rio Acre atingiu volume crítico de vazante (1,33 metro) entre o fim de agosto e o começo de setembro, depois de ter ultrapassado a cota de transbordamento (15,50 metros) em fevereiro. Por menos de três centímetros, o rio não atingiu a cota mais baixa já registrada na capital, desde que a medição passou a ser feita, há 50 anos. Em 17 de setembro de 2016, o rio Acre ficou em 1,30 metro; no último 29 de agosto, chegou a 1,33 metro.

As poucas chuvas que caíram em pontos isolados evitaram que o recorde de vazante fosse superado, evitando, ainda, o que seria um colapso no serviço de distribuição de água. Apesar de certa melhora, o nível do rio Acre continua classificado como em situação de alerta máximo pela Defesa Civil. As chuvas ainda são raras, insuficientes para o manancial “sair do vermelho”. Em suas cabeceiras, no Alto Rio Acre, a cota está abaixo do 1,40 metro.

O Acre é banhado pelas bacias do Purus, Juruá e Acre. Eles e seus afluentes são classificados como rios de cabeceira por estarem localizados nas nascentes da Bacia Amazônica, em território peruano. São mananciais que dependem essencialmente das chuvas para manter seus níveis. Quanto mais chuva, maior o volume e mais altas as probabilidades de cheias. Se chove menos – como agora nos meses de estiagem – alcançam níveis críticos.

O rio Yaco, por exemplo, que é afluente do Purus, deixou 80% do perímetro urbano de Sena Madureira debaixo d’água em fevereiro, quando chegou perto dos 17 metros. Neste começo de outubro, media 96 centímetros. O rio Juruá ainda se encontra em situação de alerta na sua parte alta por conta da vazante. Em Porto Walter, a medição apontou um nível de 1,15 metro. No começo o Juruá transbordou deixando centenas de desabrigados em municípios do Acre e do Amazonas.

“Com certeza esse será um dos anos mais quentes da história. As mudanças climáticas já estão ocorrendo. O desmatamento não para de subir, e isso afeta todo o ciclo. Como a Floresta Amazônica é o que é devido à reciclagem de água, então quanto menos reciclagem de água houver, menos chuvas teremos, tendo reflexos sobretudo no período de seca, que é justamente quando mais precisamos de água”, afirma Sonaira Silva.

Com mais e mais áreas de mata sendo desmatadas no Acre, analisa a cientista, a tendência é de os próximos “verões amazônicos” fiquem ainda mais rigorosos – tanto com a ampliação do número de dias sem chuvas, quanto das temperaturas. “O Acre já é um exemplo vivo dos extremos climáticos, dos efeitos das modificações no ambiente”, diz Sonaira Silva.

“A primeira coisa é perceber que a Amazônia é finita. Estamos acostumados a dizer que a Amazônia é fronteira. E fronteiras, quase por definição, não têm limites. Nós encontramos limites. E o que nós fazemos no exemplo do desmatamento afeta o resto. Neste caso, afeta o ciclo das chuvas e da temperatura também”, resume o ecólogo Foster Brown, da Ufac. Brown é uma das principais referências nos estudos sobre as mudanças climáticas no sul da Amazônia.

De acordo com ele, as pesquisas apontam que durante os últimos 40 anos, o período de seca na região – o verão amazônico – tem se prolongado, em média, um mês a mais. São nessas quatro décadas que a Amazônia mais perdeu cobertura florestal para a ocupação humana e da atividade agropecuária.

As chuvas mais escassas nessa parte da região Norte, completa ele, estão ligadas ao aumento do desmatamento. Com menos árvores realizando a evapotranspiração, tem-se menos umidade que alimenta as chuvas.

“Se você corta a árvore, corta este processo de formação de chuvas por reciclagem das águas. Isso vai piorando a situação”, comenta o ecólogo Foster Brown. “Se você mexe com o ciclo de água, você está mexendo com a disponibilidade de água, e historicamente, nas últimas quatro décadas, temos temperatura aumentando e estamos prolongando o período de estiagem, o que significa menos água disponível.”

O que diz o governo do Acre

Queimadas no Acre em 2020 (Foto: Sergio Vale/Amazônia Real)

A Amazônia Real procurou as Assessorias de Imprensa da Secretaria de Meio Ambiente e Políticas Indígenas (Semapi) e do governo do Acre para saber quais medidas são adotadas para o combate ao desmatamento no estado. Em resposta, o governo afirmou que foi criado o Comitê Integrado de Ações Ambientais, que desenvolve “as missões integradas de comando e controle”. Outras medidas, diz a nota, foram a adoção de políticas públicas de apoio às comunidades rurais e moradoras de unidades de conservação para adoção de práticas sustentáveis de produção.

“O governo do Estado do Acre, através do Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac) e demais parceiros como Batalhão de Policiamento Ambiental (BPA), Semapi e Bombeiros, todos os anos lança a Operação Focus, ações de comando, controle e fiscalização ambiental junto aos polígonos de desmatamentos, queimadas e exploração ilegal de madeira ilegal no Estado do Acre, que durante os períodos mais críticos (julho, agosto e setembro) de desmatamento e queimadas potencializam os trabalhos em todas as regionais do Estado”, diz a nota.

Questionado sobre quais medidas judiciais o governo estadual adota para punir os infratores ambientais, a assessoria informou que mandados de reintegração de posse foram movidos pela Procuradoria Geral do Estado para expulsar pessoas que invadiram terras públicas estaduais.

“Já o Imac trabalha na esfera administrativa das infrações ambientais, ou seja, são gerados processos após as infrações identificadas pelos agentes ambientais e após são encaminhados os autos de infração para o Ministério Público Estadual e Federal, dependendo da jurisdição”, acrescenta a nota.

Segundo a assessoria, o Imac já aplicou 19,3 milhões de reais em multas desde 2019. O maior volume de autuações aconteceu em 2020, com 11,3 milhões de reais. Em 2021, apesar do aumento das taxas de desmatamento, a aplicação de multas foi reduzida. Até setembro, o Imac realizou autuações que somam 3,8 milhões de reais.

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“A gente coloca a água nos baldes e coloca o cloro. Depois de uns minutos o barro desce e a gente coloca a água limpa em outros baldes. E assim a gente vai vivendo. Tenho fé que logo, logo vai voltar a chover para melhorar a nossa situação. Tenho fé em Deus”, diz Maria Antônia da Silva Araújo, moradora de Rio Branco (AC).

Links:

https://amazoniareal.com.br/cheias-no-acre-ja-atingem-o-amazonas/

https://amazoniareal.com.br/grileiros-e-madeireiros-de-rondonia-invadem-acre/

Local de Cobertura

Rio Branco

Fabio Pontes

Fabio Pontes é jornalista acreano, há mais de uma década escrevendo, desde a Amazônia, sobre meio ambiente, povos indígenas e comunidades extrativistas, crises migratórias, mudanças climáticas (enchentes e secas severas) e a política regional. Já produziu reportagens para os principais veículos de imprensa do Acre e do país. Desde 2016 escreve para a Amazônia Real. Twitter: @fabiospontes