A Avaliação Ambiental Estratégica da BR-319: 2 – um desfile de falsos argumentos para justificar a BR-319

Artigo confronta justificativas conhecidas que defendem a pavimentação da BR-319, tais como uma suposta necessidade de transportar via terrestre de produtos da ZFM (quando sabe-se que o transporte por cabotagem é mais barato), e a garantia de que haverá controle e fiscalização ambiental.

Fila de caminhões para embarcar no Porto da Cesa, BR 319 durante a seca do rio Negro (Foto: Alberto César Araújo/Amazôniia Real/2024).
Amazonia Real Por Amazônia Real Publicado em: 22/10/2025 às 11:53
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1 Comentário

  1. RICARDO LUIZ VILELA DE CASTRO disse:

    Excelente matéria!

    Tenho a opinião de que seria muito melhor e mais barato para o Brasil e região amazônica que em vez de se asfaltar o trecho do meio da BR 319, sejam subsidiados os transportes de carga e de passageiros tanto aéreos quanto fluviais pelo Rio Madeira.

    A matéria cita possíveis justificativas de Segurança Nacional, mas até o Exército Brasileiro sabe que para se locomover na Amazônia as melhores vias são fluviais e aéreas, evitando o transporte terrestre.

    Os números que vou apresentar são aproximados, mas servem para se ter uma ideia do assunto:
    A) Pavimentação da BR 319:
    • Como a pavimentação deve custar algo em torno de R$ 4 bilhões (R$ 10 milhões por km), e como o governo se financia atualmente a uma taxa de 15% ao ano (títulos do Tesouro), o custo de capital só com os juros do investimento será em torno de R$ 600 milhões anualmente.

    B) Subsídio (e investimento) aos transportes fluvial e aéreo:
    • Para viabilizar durante todo o ano o transporte de cargas pelo Rio Madeira, a dragagem (e sinalização) deveria ser mantida continuamente, o que custa aproximadamente R$100 milhões, segundo o orçamento atual. O subsídio direto de transporte de passageiros e de cargas também poderia ser considerado, embora eu não tenha os números do número de barcos/viagens/passageiros/carga ao longo do rio por ano para colocar aqui.
    • O número aproximado de pessoas que viajam de avião entre Por Velho e Manaus é de 100 mil passageiros por ano. O preço médio aproximado da passagem é de R$ 600. O custo pago da passagem paga por todos estes passageiros é, portanto, R$ 60 milhões. Com um subsídio de R$ 300 em cada passagem, seria possível atender uma demanda de 200 mil passageiros por ano (o dobro do atual) com esse mesmo custo baixo (R$ 60 milhões) quando comparado com o custo de manutenção da rodovia asfaltada e principalmente o custo de capital da obra.
    • O transporte aéreo de cargas também poderia ser subsidiado a um custo similar ao custo do subsídio de viagens de passageiros.

    Em suma, o subsídio aos transportes aéreo e fluvial custaria provavelmente menos da metade do custo de capital da pavimentação e teria um impacto ambiental infinitamente menor, além de propiciar uma integração social maior e mais universal entre os moradores locais, que moram majoritariamente às margens do Rio Madeira, e não às margens da BR 319.

    Enfim, esta é minha pequena contribuição à discussão, ou seja, peço que façam estudos comparativos entre a pavimentação e os subsídios aos transportes aéreo (Aeroportos de Porto Velho, Manaus, Manicoré e Borba, por exemplo) e fluvial ao longo do Rio Madeira.

    Agradeço pela atenção.
    Ricardo Castro

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