O júri, presidido por Fernando Garea, presidente da Agência EFE, valorizou “o épico do trabalho, a solidez e o prestígio de uma pequena equipe de jornalistas que trabalham com informações locais” (Foto: Yanahin Matala Waurá/Amazônia Real).
Manaus (AM) – O júri dos Prêmios Internacionais de Jornalismo Rei da Espanha anunciou nesta quinta-feira (31) os vencedores da edição de 2018, na sede central da Agência EFE, em Madri. Os sete jurados concederam à agência de jornalismo independente e investigativa Amazônia Real o Prêmio Rei da Espanha de Meio de Comunicação de Maior Destaque da Ibero-América.
Em comunicado oficial às fundadoras da Amazônia Real , jornalistas Kátia Brasil e Elaíze Farias, o presidente do júri e da EFE, Fernando Garea, disse que ao conceder o prêmio a agência brasileira “o júri valorizou o épico do trabalho, a solidez e o prestígio de uma pequena equipe de jornalistas que trabalham com informações locais”.
Garea comunicou às jornalistas que a cerimônia de premiação será realizada em ato presidido pelo rei Felipe VI na sede da agência EFE, em data a ser marcada em março ou abril. “Parabéns e saudações”, disse ao congratular as jornalistas.
Com sede em Manaus, no Amazonas, agência de notícias independente Amazônia Real nasceu em 21 de outubro de 2013. Sua missão é produzir grandes histórias da Amazônia e suas populações, especialmente aquelas que têm pouco espaço e visibilidade na chamada grande imprensa brasileira.
Sem fins lucrativos, o trabalho da agência é fazer jornalismo ético e investigativo, com uma linha editorial em defesa da democratização da informação, liberdade de expressão e direitos humanos.
“No primeiro ano, trabalhamos dentro da minha casa, um quarto virou redação. Depois criamos uma rede de parceiros e partimos para pedir doações aos leitores e instituições que apoiam a mídia, além de realizar eventos. Optamos por sermos independentes e desta forma não podemos receber recursos públicos, principalmente em uma região como a Amazônia, onde as liberdades de expressão e imprensa são cerceados todos os dias. É impossível “, disse a jornalista Kátia Brasil.
As indígenas Juma: a Amazônia Real dá voz às populações invisíveis da região (Foto: Gabriel Uchida/Amazônia Real)
Em cinco anos de atividades, o site www.amazoniareal.com.br já alcançou um público de mais de 3 milhões de leitores. Mais de 180 países acessam o conteúdo da agência, que divulga suas notícias pelas redes sociais e com a colaboração de inúmeros parceiros das mídias independente, alternativa e independente.
A jornalista Elaíze Farias disse que ficou muito honrada com concessão do Prêmio Ibero-Americano de Jornalismo. “A premiação representa um marco em nossa experiência de jornalismo independente realizado em uma região famosa, sobre a qual muito se fala, mas ainda é pouco conhecida nos grandes centros do Brasil e em outros países. Uma região considerada ‘remota’, mas que tem uma rica diversidade de populações humanas e não-humanas que precisa de visibilidade. A prioridade da Amazônia Real é desenvolver um jornalismo transformador e de justiça social.”
Jurados na sede da Agência EFE em Madrid (Foto: Angel Diaz/EFE)
Um júri internacional avaliou nesta 36ª edição dos prêmios 200 trabalhos procedentes de 18 países que concorreram. Os Prêmios Internacionais Rei da Espanha de Jornalismo são realizados pela EFE e pela Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (AECID), organização do Ministério das Relações Exteriores.
Nesta quinta-feira, também foram divulgados os jornalistas e veículos de imprensa vencedores desta edição. O brasileiro Marcelo Magalhães, os espanhóis Francisco Moreno e Conchi Cejudo, a venezuelana Maryelina Primera, o boliviano Roberto Navia, o português Nuno André Ferreira, o argentino Diego Cabot e o nicaraguense Wilfredo Ernesto Miranda foram os vencedores nas categorias tradicionais. Joaquín López-Dóriga foi agraciado com uma menção honrosa pela sua carreira na televisão.
Participaram do júri, além de Fernando Garea, a vice-presidente e diretora da AECID, Ana Calvo, os jornalistas Rosa María Mateo, administradora provisória única da RTVE; Rosa María Calaf, ex-correspondente da TVE; Alberto Peláez, correspondente chefe do Noticieros Televisa na Espanha; Giles Tremlett, escritor e jornalista do “The Guardian”, e Nicolau Santos, presidente da agência de notícias “LUSA”.
Elaíze Farias e Kátia Brasil, em evento no Icbeu Manaus, um dos parceiros da agência (Alberto César Araújo/Amazônia Real)
Esta é a segunda vez que a Amazônia Real ganha uma premiação internacional. Em 2016, através de uma votação pública, a Deutsche Welle (DW), empresa de comunicação da Alemanha, concedeu à agência o prêmio The Bobs pelo engajamento na internet e pela defesa da liberdade de expressão e dos direitos humanos.
“É um reconhecimento internacional para o trabalho de todos os nossos colaboradores, mulheres e homens jornalistas, fotógrafas (os), editores, colunistas, desenvolvedores, designers, todos aqueles que apostaram desde o primeiro momento e construíram essa rede de profissionais nos estados da Amazônia: Amazonas, Acre, Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Rondônia, Roraima e Pará. Além dos colaboradores que estão no Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Paraná, Pernambuco e São Paulo. Quero agradecer também a todas as pessoas que nos deram a chance de ouvi-las e visibilizá-las com coragem , pois muitas são ameaçadas de morte por conflitos, suas histórias em nossas reportagens ”, destacou Kátia Brasil.
Na fundação da agência Amazônia Real , o trabalho contou com a participação da jornalista Liège Albuquerque. Hoje integram a equipe os seguintes profissionais, em diferentes áreas mantidas pela agência: Alberto César Araújo, Vandré Fonseca, Maria Cecília Costa, César Nogueira, Bruno Kelly, Carlos Durigan, Patrícia Melo, Philip Fearnside, João Paulo Barreto, João Paulo Machado, Elvira Eliza França, Eduardo Filipo, Nelson Mota, Max D´Luã, Juarez Silva Jr., Dalvo Santiago Cruz e Fernando Crispim, em Manaus (AM); Fátima Guedes e Floriano Lins, em Parintins (AM); Fábio Zuker, em Santarém (PA); Lúcio Flávio Pinto, Moisés Serraf, Catarina Barbosa e Cícero Pedrosa Neto, em Belém (PA); Fábio Pontes, Freud Antunes e Odair Leal, em Rio Branco (AC); Ana Aranda, Marcela Bonfim e Gabriel Uchida, em Porto Velho (RO); Erisvan Guajajara e Ana Mendes, em São Luís (MA); Yanahin Matala Waurá, Andreia Fanzeres, Keka Wernek, Marcio Camilo e Binho Giovanny Vera, em Cuiabá (MT); Yolanda Simone e Nayra Wladimilla, em Boa Vista (RR); Bianca Andrade e Anderson Menezes, em Macapá (AP); além de Izabela Sanchez, em Campo Grande (MS); Maria Fernanda Ribeiro, Carlos Eduardo Magalhães e Eduardo Nunomura, em São Paulo; Gustavo Panacioni, em Curitiba (PR); Carlos Potiara, em Brasília (DF), Barbara Arisi, na Holanda; e parceiros de jornalismo como o site #Colabora, agência A Pública, InfoAmazônia e Mídia Ninja, Revista AzMina. Os membros da Associação Amazônia Real de Jornalismo Investigativo: Ana Luiza Teles, Mário Freire e Zacarias Farias. E também os jornalistas parceiros Eliane Brum e Fabiano Maisonnave.
Além de instituições como: Icbeu Manaus, Embaixada dos Estados Unidos, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Programa de Pós-Graduação em Letras e Artes da Universidade do Estado do Amazonas (UEA),Nova Cartografia Social da Amazônia (UEA), Museu da Amazônia (Musa), Artigo 19, Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Greenpeace, Google, Aliança pela Água, Associação Bem Te Vi, o Centro de Medicina Indígena Bahserikowi’i, e diversas instituição de ensino no país.
No trabalho de campo, a agência vai aos locais remotos da Amazônia, como a aldeia dos Kanamari, na Terra Indígena Vale do Javari, no Amazonas, na fronteira do Brasil com o Peru (Foto: Bruno Kelly/Amazônia Real)
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Complementando: o documentário sobre a série do Estadão que ganhou o primeiro Rei de Espanha de Jornalismo impresso é “Por esos ojos”
Querida Kátia Brasil, amiga de tantos anos, e uma das minhas mais brilhantes “focas”: fico imensamente feliz por ver a Amazônia Real ganhar o Prêmio Rei de Espanha de Jornalismo, com o qual tenho uma ligação simbiótica. Pauta minha, “Holocausto argentino”, série de 06 (seis) reportagens investigativas publicadas pelo O Estado de S. Paulo em janeiro de 1983, rendeu e mim e a mais quatro colegas do Estado – Marcos Wilson, Luiz Fernando Emmediato, José Maria Mayrinque e Roberto Godoy – o primeiro Prêmio Rei de Espanha na categoria jornalismo impresso, que antes não existia. Além dos dólares, o prêmio me rendeu também um atentado com um carro -bomba no estacionamento do jornal, no bairro do Limão, e que me obrigou a deixar a sede vir ser correspondente em Roraima, sob a proteção dos Ministérios do Exército e Aeronáutica e Polícia Federal. As reportagens podem ser localizadas no acervo histórico do Estadão e também no Youtube, onde a parte 3 é dedicada a mostrar, com uma entrevista minha, o trabalho que fizemos e que acabou derrubando a ditadura militar argentina. Beijos e abraços do velho e distante amigo. Plinio
Obrigada, Plínio Vicente (meu chefinho plin plin). Nunca o esquecerei.
Obrigada por valorizar nossa Amazônia. Este é um reconhecimento certamente merecido. Levar nossas histórias, nossa realidade ao mundo é fazer valer nossas raizes.
Parabéns a equipe e muito mais sucesso a todos.
Obrigada, Maria do Carmo.