Política

Jovens negros e indígenas são os alvos da violência policial no Amazonas

Amazonia Real Por Nicoly Ambrosio Publicado em: 29/11/2024 às 09:00
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“Meu filho era um jovem trabalhador e universitário. Durante o dia estudava, final de semana trabalhava, e uma vez ou outra ele precisava se divertir. Os jovens não têm mais direito de se divertir, só porque estão na periferia? Os jovens da periferia não são bem vistos, eles [policiais] acham que todos os jovens são vagabundos e meu filho não era vagabundo. Primeiro eles atiram, e depois eles perguntam quem era você” - Aldemira Winholt, mãe de Marco Aurélio Castro

“Ser jovem de periferia é, recorrentemente, negado pelas forças de segurança como critério de seleção, mas devemos pensar também nos fatores mais subjetivos e simbólicos. Pensar que a maioria das vítimas são jovens não brancos e de periferia não é uma coincidência, nem a propagação desse comportamento ao longo do tempo, partindo de uma abordagem justificada pela guerra às drogas e pela diminuição da violência. Isso existe porque o racismo é um dispositivo muito eficiente; quanto mais o tempo passa, mais ele adquire novas formas para se perpetuar” - Tayná Boaes, pesquisadora do Observatório da Segurança Amazonas

“A questão da violência policial sobre os corpos indígenas, principalmente da juventude, passa muito despercebida pelo fato de não haver informações e dados em relação a essa realidade. A gente acaba não sendo favorecido por várias políticas públicas, é bem difícil enquanto movimento conseguir dados para realizar ações em busca de políticas públicas que amparem essas pessoas” - Pedro Tukano, coordenador do coletivo de indígenas LGBTQIAPN+ Miriã Mahsã e ativista do movimento de juventude indígena do Amazonas

“Nas periferias, dependendo como as polícias chegam, os jovens, com ou sem envolvimento com o crime, costumam se esconder, porque sabem que podem ser alvos de abordagens violentas. Não é por acaso que, segundo dados da própria Secretaria de Segurança Pública, apenas 1 policial em serviço morreu em situação de ‘confronto’ em 2023” - Fábio Candotti, pesquisador do Observatório da Segurança Amazonas

“A juventude negra no Amazonas, especialmente nas periferias, enfrenta altas taxas de pobreza, desemprego, falta de direitos básicos, cultura e exclusão social, o que intensifica sua exposição à violência policial. A criminalização da pobreza faz com que os jovens negros sejam observados e monitorados como ‘alvos preferenciais’ nas políticas de segurança pública, com consequências fatais” - Francy Junior, historiadora e ativista ecofeminista do Movimento das Mulheres Negras da Floresta - Dandara

“Ver uma pessoa negra escrevendo um conto sobre a sua realidade periférica inspira qualquer um. Quem diria que minha realidade poderia ser algo tão bonito, como a literatura? Eu acredito que o movimento negro atua pelo protagonismo da juventude negra” - Vitória Miranda, pesquisadora, coordenadora do Enegrecendo a Ufam e ativista do movimento negro e indígena em Manaus

https://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/2023/10/11/pms-envolvidos-em-acao-que-deixou-universitario-morto-em-manaus-sao-afastados-das-ruas.ghtml

https://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/2023/10/08/universitario-morre-apos-ser-baleado-durante-acao-da-pm-em-manaus-jovem-de-um-futuro-promissor-diz-pai.ghtml

https://anovademocracia.com.br/am-ativistas-do-mepr-denunciam-assassinato-de-jovem-pela-pm/

https://anf.org.br/estudante-da-universidade-federal-do-amazonas-morre-apos-ser-baleado-por-pm/

https://observatorioseguranca.com.br/pele-alvo-a-cada-24-horas-sete-pessoas-foram-mortas/

https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2024-08/violencia-matou-mais-de-15-mil-jovens-no-brasil-nos-ultimos-3-anos

https://nosmulheresdaperiferia.com.br/genocidio-por-que-o-termo-e-associado-a-populacao-negra/

https://pp.nexojornal.com.br/linha-do-tempo/2024/05/24/violencia-contra-a-juventude-negra-da-mobilizacao-social-ao-plano-juventude-negra-viva

https://drive.google.com/file/d/1Es_wgKXniACtnI48RfMJ3_SM8y8zAdkT/view

https://www.gov.br/funai/pt-br/assuntos/noticias/2023/dados-do-censo-2022-revelam-que-o-brasil-tem-1-7-milhao-de-indigenas#:~:text=O%20estado%20%C3%A9%20seguido%20por,86%2C7%25%20do%20total.

https://www.acritica.com/policia/cameras-policiais-n-o-est-o-nas-prioridades-do-amazonas-diz-ssp-1.343337

https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2019/10/policia-militar-mata-ao-menos-17-pessoas-em-manaus.shtml

https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2020/09/ministerio-publico-diz-ter-indicios-de-que-morte-de-17-pela-pm-no-amazonas-foi-intencional.shtml

https://portal.fgv.br/noticias/estudo-mostra-impacto-uso-cameras-corporais-seguranca-evento-ministerio-publico-militar

https://www.acritica.com/geral/criancas-do-guetto-chega-a-sua-quinta-edic-o-beneficiando-publico-infantil-da-zona-sul-de-manaus-1.283188

https://portalnorte.com.br/noticias/cultura/2024/04/25/filmes-amazonicos-serao-destaque-nepal-cine-manaus/
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Nicoly Ambrosio

É jornalista formada pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e fotógrafa independente residente na cidade de Manaus. Como repórter, escreve sobre violações de direitos humanos, conflitos no campo, povos indígenas, populações quilombolas, racismo ambiental, cultura, arte e direitos das mulheres, dos negros e da população LGBTQIAPN+. Já expôs trabalhos fotográficos no 10° Festival de Fotografia de Tiradentes (Tiradentes/MG, 2020) e Galeria do Largo - Espaço Mediações (Manaus/AM, 2020). De 2020 a 2022, participou do projeto de Treinamento no Jornalismo Independente e Investigativo da Amazônia Real.

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