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Sindicalista do MP sofre retaliação após defender jornalista no Pará

Por Vivianny Matos Publicado em: 08/05/2023 às 09:00

O diretor-geral do Sindicato dos Servidores do Ministério Público do Pará, Diogo Alvarenga Solano, teve sua gratificação dispensada pelo Procurador-Geral de Justiça do Ministério Público do Pará. Ele prestou depoimento em defesa do jornalista Kleyton Silva, agredido por um coronel da Polícia Militar. O Sindicato dos Jornalistas no Estado do Pará levou o caso das ameaças ao secretário de Segurança Pública do Estado do Pará, Ualame Machado (Foto da reunião/Sinjor-PA)

Justamente na última terça-feira, 2 de maio, data escolhida como o Dia Nacional de Combate ao Assédio Moral no ambiente de trabalho, foi publicada no Diário Oficial do Pará a portaria de dispensa do exercício da gratificação de tempo integral do servidor Diogo Alvarenga Solano, diretor-geral do Sindicato dos Servidores do Ministério Público do Pará (Sisemppa), a partir de 17/04/2023, data na qual Solano prestou depoimento no inquérito que apura a agressão que o jornalista Kleyton Silva sofreu por parte do coronel Leonardo Franco, da Polícia Militar, chefe do Gabinete Militar do Ministério Público do Pará (MPE-PA), e mais um grupo de homens sob seu comando.

A dispensa é uma perda significativa na renda do diretor. Em nota, publicada no site do Sisemppa, diversas instituições da sociedade civil paraense se manifestaram contra a ação do Procurador-geral de Justiça, César Bechara Nader Mattar, e acreditam que o fato se trata de uma retaliação a Solano, por seu apoio ao jornalista.

“O mais grave é que o servidor Solano é também o atual presidente do Sisemppa, o que reforça o caráter punitivo e de represália direta contra um líder sindical por parte do atual procurador-geral de justiça do MPPA, César Bechara Nader Mattar Júnior. Ressaltamos que até essa data o procurador-geral não determinou qualquer tipo de apuração interna acerca da conduta do coronel PM Leonardo Franco contra o jornalista, ou mesmo procurou a entidade para falar sobre o ocorrido. A publicação desta portaria, com seu conteúdo de evidente represália ao presidente do sindicato, impondo-lhe perda remuneratória sem qualquer justificativa plausível, é, portanto, o primeiro aceno público do PGJ à comunidade de servidores do MPPA, após os fatos de 13 de abril de 2023”, diz um trecho da nota de repúdio.

A apuração

_{Perícia no carro de Kleyton (Foto: Vito Gemaque /SINJOR)}

O Ministério Público Militar do Pará, responsável pelo Controle Externo da Atividade Policial no estado, está investigando os fatos e deve ouvir o coronel Leonardo Franco nos próximos dias. O jornalista Kleyton Silva já foi ouvido pelo promotor de Justiça Armando Brasil. Foi feita uma representação criminal para apurar os fatos dentro de 40 dias, podendo haver prorrogação deste prazo.

A Polícia Civil do Pará investiga o caso e já está com as imagens das câmeras do Centro Integrado de Operações (CIOp), que podem ter registrado as cenas da tentativa de agressão contra o jornalista no estacionamento do Hangar. O veículo do jornalista já foi periciado e as digitais estão sendo analisadas.

Relembre o caso

_{Perícia no carro de Kleyton (Foto: Vito Gemaque /SINJOR)}

Kleyton Silva, assessor de comunicação do Sindicato dos Servidores do Ministério Público do Pará, relatou à Amazônia Real que sofreu tentativa de agressão no dia 13 de abril, quando trabalhava na cobertura jornalística da posse do Procurador-Geral de Justiça, César Bechara Nader Mattar, no Hangar – Centro de Convenções, em Belém (PA). O profissional de comunicação teve a sua mochila revistada sem a sua presença pelo coronel Franco. No estacionamento, Kleyton, dentro de seu veículo, foi impedido de se locomover por dois seguranças do evento e o coronel Franco, já vestido à paisana (sem o seu uniforme, como estava dentro do evento), desceu de uma Hilux prata acompanhado por outro homem – que, segundo a apuração, provavelmente é outro PM – e tentou tirar o profissional do carro, de forma violenta. Leia a reportagem completa sobre a denúncia de agressão.

Kleyton Silva, que é ex-colaborador da agência Amazônia Real, é músico e recebeu diversas manifestações de apoio de instituições da sociedade civil de defesa dos direitos humanos, de diversas categorias em defesa dos direitos trabalhistas e de entidades que defendem o livre exercício da imprensa.

A Amazônia Real procurou as assessorias de comunicação do Ministério Público do Estado do Pará e da Polícia Militar, mas até a publicação desta reportagem não obteve nenhuma resposta.

Sinjor cobra medidas contra violência

Representantes do Sinjor, do Sisemppa) e Fenamp, entre outras autoridades, acompanharam a perícia no carro do jornalista Kleyton Silva (Foto: Vito Gemaque/ Sinjor)

Diretores do Sindicato dos Jornalistas no Estado do Pará e o presidente da Comissão de Liberdade de Imprensa da OAB, Mauro Vaz-Salbe Junior, se reuniram com o secretário de Segurança Pública do Estado do Pará (Segup), Ualame Machado, no dia 18 de abril.

A pauta do encontro foi a violência contra jornalistas no Pará, incluindo o caso de Kleyton Silva. Segundo Vito Gemaque, presidente do Sinjor, Ualame Machado disse que acompanhará o andamento do inquérito que está apurando a tentativa de agressão contra o profissional de imprensa.

O Sinjor destacou seis pontos para a reunião: a apresentação do 1o. Relatório de Violências contra Jornalistas no Pará – 2022; a lentidão na investigação dos processos de jornalistas; a apresentação do Relatório do Sinjor no Conselho Estadual de Segurança Pública (Consep); o assento para o Sinjor, como representação de jornalistas, no Consep; a criação de um observatório e de protocolo de enfrentamento à violência aos jornalistas no Pará, além de possíveis parcerias para eventos em conjunto como formação para jornalistas.

De acordo com o Sinjor, Ualame Machado recebeu o relatório, ouviu os principais apontamentos e conclusões do documento e garantiu que a entidade poderá apresentar o documento em uma das próximas reuniões do conselho. O secretário também se mostrou favorável à implementação de um observatório e um protocolo de enfrentamento à violência contra jornalistas.

Ainda segundo o Sinjor, para acompanhar os casos de violência contra jornalistas que estão abertos, o secretário indicou um assessor da Polícia Civil, que também estará em contato direto com o sindicato. E sobre a possibilidade do sindicato ocupar uma cadeira nas reuniões do Conselho de Segurança Pública, a criação de uma nova lei para o ingresso de outras entidades da sociedade civil está sendo discutida.

Para garantir a defesa da liberdade de imprensa e da liberdade de expressão, a agência de jornalismo independente e investigativa Amazônia Real não recebe recursos públicos, não recebe recursos de pessoas físicas ou jurídicas envolvidas com crime ambiental, trabalho escravo, violação dos direitos humanos e violência contra a mulher. É uma questão de coerência. Por isso, é muito importante as doações das leitoras e dos leitores para produzirmos mais reportagens sobre a realidade da Amazônia. Agradecemos o apoio de todas e todos. Doe aqui.

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Reportagem Noticiosa

Sobre a matéria

Citações

https://amazoniareal.com.br/jornalista-e-atacado-por-coronel-da-pm/

https://amazoniareal.com.br/mp-militar-apura-ataque-ao-jornalista-kleyton-silva/

https://www.instagram.com/p/CrMD0yWOF5i/

https://www.instagram.com/p/CrOOgsiOBMm/?igshid=YmMyMTA2M2Y%3D

https://fenamp.org.br/nota-de-repudio-ao-ataque-contra-o-jornalista-kleyton-silva-do-sisemppa/

https://bancariospa.org.br/sindicato-repudia-ataque-contra-o-jornalista-kleyton-silva-em-belem/

https://sisemppa.org.br/_post-novidades/nota-de-repudio-2/

Vivianny

Vivianny Matos

É paraense, filha das periferias belenenses. Graduada em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo. Também concluiu um MBA em Gestão Estratégica de Marketing e Comunicação Digital. Atuou como assessora de comunicação no terceiro setor na Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH) e da UNIPOP (Instituto Universidade Popular), entre os anos de 2015 a 2020, no Estado do Pará. Faz reportagens que abordam diversas temáticas indígenas.

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Agressão Assédio moral Assessor Belém Carro Coronel Franco Diogo Alvarenga Solano Jornalista Kleyton Silva liberdade de expressão Ministério Público MP MPPA Pará Perícia PM Polícia Militar Servidor Sindicato Violência

1 Comentário

MARIA DO SOCORRO DA COSTA COELHO disse:
08/05/2023 às 21:32
Tanto o jornalista como o coordenador do sindicato e servidor público Solano foram vítimas de violência. Minha solidariedade!
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