Cultura

Projeto “Casinha de Livros” chega em duas escolas de Manaus

Por Kátia Brasil Publicado em: 14/06/2019 às 19:28

As escolas públicas Professor Carlos Farias Ouro de Carvalho e Rubens Sverner foram beneficiadas pela iniciativa (Foto: Érica Marinho/ Semed)

Manaus (AM) – Onze milhões: é esse o número de analfabetos no Brasil, segundo a última Pesquisa por Amostra de Domicílios (Pnad), feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – (IBGE), em 2017. Há outro ponto: entre os brasileiros alfabetizados, a média de leitura é de 2,43 livros por ano, como revela a pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”, de 2016, realizada pelo Instituto Pró-Livro e Instituto Brasileiro de Opinião e Estatística (Ibope).

Segundo a mesma pesquisa, 30% da população brasileira nunca comprou livro.

Desde 2010, no entanto, há obrigatoriedade de bibliotecas em escolas públicas brasileiras, após a aprovação da lei nº 12.244/2010. A medida aponta para a importância do desenvolvimento de hábitos de leitura ainda na infância, durante a realização da educação básica. Assim, iniciativas buscam facilitar o acesso à leitura pelos estudantes e comunidades carentes, no ambiente escolar. Entre elas está o projeto “Casinha de Livros”, que pelo segundo ano consecutivo chega em Manaus.

O projeto foi inaugurado em dois colégios públicos: Escola Municipal Professor Carlos Farias Ouro de Carvalho, no bairro Monte das Oliveiras, na quinta-feira (13); e hoje (14), na Escola Municipal Rubens Sverner, no Novo Israel, localizada na zona oeste da capital amazonense. A rede pública municipal e estadual apoia a iniciativa.

O projeto “Casinha do Livro” em escola de Manaus (Foto de divulgação)

“Casinha de Livros” é um projeto realizado pela produtora cultural CEC Brasil e Rede Educare, com patrocínio de uma indústria de Manaus, via Lei de Incentivo à Cultura. O projeto nas escolas Professor Carlos Farias Ouro de Carvalho, que fica na zona sul de Manaus, e Rubens Sverner deve abranger 1.880 estudantes, de 6 a 15 anos de idade.

Criado em 2015, o projeto “Casinha de Livros” percorre cidades brasileiras, doando às escolas periféricas um ambiente em formato de casa, composto inteiramente por materiais recicláveis, além de mesas, cadeiras, teatro de fantoches e acervo com 500 livros, material em braile para pessoas com deficiência visual, e jogos de tabuleiro para atividades recreativas.

As temáticas dos livros variam de contos populares a campeões de venda e inclui livros mais densos, que abordam questões como empoderamento feminino. A doação de todo o material à escola é definitiva e a gestão do acervo passa a ser de responsabilidade da própria instituição receptora da doação.

Para a composição do acervo, é feita uma pesquisa prévia com a instituição que receberá a casinha, como afirma Kátia Brasileiro, idealizadora do projeto e diretora da Rede Educare.

“Antes da compra, é feita uma visita para identificação de público para que o acervo a ser montado atenda o perfil do público e temas que a escola queira trabalhar com os alunos. O principal objetivo do projeto é trazer espaços acolhedores para que os estudantes desenvolvam o hábito de leitura”, diz ela.

As crianças têm acesso as livros de histórias e de contos populares (Foto de divulgação)

Para Kátia Brasileiro, a falta de espaços desse tipo colabora para que haja baixo interesse dos brasileiros em relação à leitura.

“Com livros que encham os olhos, com conteúdo relevante, dentro de um espaço pronto para a atividade da leitura, cria-se a vontade de estar nesse espaço e de consumir esses livros. A importância é criar um espaço de convivência também, que crie nas crianças memória afetiva de um local, dentro da escola, com livros e jogos que eles podem aprender e se divertir também”, afirma a diretora do Educare.

Alunos da Escola Municipal Professor Carlos Farias Ouro de Carvalho
(Foto: Érica Marinho/ Semed)

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Reportagem Noticiosa

Sobre a matéria

Kátia Brasil

Kátia Brasil é co-fundadora e editora executiva da agência de jornalismo independente e investigativo Amazônia Real, com sede em Manaus (AM). Recém formada pela Faculdade Hélio Alonso, no Rio de Janeiro, foi morar na Amazônia no início do ano de 1990. Trabalhou na TV Cultura e jornais O Globo, A Gazeta de Roraima, O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo. Entre os prêmios que ganhou estão o Esso Regional Norte 1991 e Women Journo Heroes (#JournoHeroes), da International Women’s Media Foundation (IWMF), em 2019, Prêmio Abraji, em 2020, Vladimir Herzog e Comunique-se, ambos em 2021. É conselheira da Énois Jornalismo, do Tornavoz e Projor. Integra o forbiddenstories.org, o Fórum Permanente das Mulheres de Manaus (FPMM) e do Coletivo Mães Pela Diversidade (katia@amazoniareal.com.br)