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Tacar fogo no mundo – linchamento Gamela

O Conselho Indigenista Missionário (CIMI) divulgou nesta quarta-feira (4) o vídeo-reportagem “Tacar fogo no mundo – linchamento Gamela” sobre a atual situação desse povo no estado do Maranhão. Enquanto as autoridades governamentais insistem em minimizar o ataque bárbaro de fazendeiros […]

Índios Gamelas sofreram ataque de pistoleiros e fazendeiros (Foto: Ana Mendes/CIMI)

Por Amazônia Real Publicado em: 03/05/2017 às 21:24

O Conselho Indigenista Missionário (CIMI) divulgou nesta quarta-feira (4) o vídeo-reportagem “Tacar fogo no mundo – linchamento Gamela” sobre a atual situação desse povo no estado do Maranhão. Enquanto as autoridades governamentais insistem em minimizar o ataque bárbaro de fazendeiros e pistoleiros no último domingo, 30 de abril, contra os indígenas, eles permanecem ameaçados em suas próprias terras. Eles esperam a demarcação do território tradicional pela Fundação Nacional do Índio (Funai).

Desde 2015, sem qualquer providência do Estado para a demarcação de suas terras, o grupo de Gamela composto por cerca de 1.200 pessoas está retomando o seu território ancestral, nos arredores dos municípios de Viana, Matinha e Penalva.

Segundo o CIMI, os crimes contra os Gamela aconteceram após uma reunião de fazendeiros em torno de um grupo intitulado “Movimento pela Paz”, que conta com a participação de políticos. Esses fazendeiros estão com as propriedades dentro do território tradicional dos Gamela e não querem a demarcação. No ataque violento, 13 índios ficaram feridos. Dois indígenas tiveram as mãos decepadas e outros ficaram com projéteis alojados no corpo. Veja a foto abaixo que desmente as autoridades do Maranhão:

Índio Gamela, Aldely ferido com faca teve a mão decepada (Foto reprodução celular)

Os Gamela e as entidades de apoio aos povos indígenas exigem a imediata abertura do Grupo Técnico para a demarcação da terra indígena Gamela pela Funai.

Em reportagem à agência Amazônia Real, Inaldo Kum´tum Akroá Gamela conta como foi o massacre: “estávamos nos organizando para recuar, quando os atacantes entraram por um portãozinho que dá acesso a casa [da fazenda] e foi tiro, pau, pedra e facão. Eram mais de 200 pessoas nos atacando. Ficamos cinco feridos de facão e arma de fogo. Um teve as duas mãos decepadas. Outros levaram tiro, corte de perna, tentativa de arrancar a perna. Eu levei um tiro no lado esquerdo da cabeça. Outro levou chumbo no rosto. Outras pessoas levaram paulada, então o número de feridos é maior. Esse ataque teve caráter de linchamento. A intenção era nos matar”, relatou Inaldo, que foi uma das 13 vítimas do ataque em uma área de retomada do território tradicional em Povoado das Bahias, no município de Viana, no Maranhão.

Na madrugada de segunda-feira (01), Inaldo Kum´tum Akroá Gamela teve alta médica do Hospital Socorrão 2, em São Luís. Na unidade permanecem internados quatro índios feridos e em estado grave: Aldely de Jesus Ribeiro (foto acima), que teve as mãos decepadas e os joelhos cortados, José André Ribeiro (irmão de Aldely), José Ribamar Mendes e Francisco Jansen da Luz.

As Polícias Militar e Civil investigam o caso, mas não há pistas dos autores dos crimes. O Ministério da Justiça enviou homens da Polícia Federal para investigar o ataque aos índios Gamela. Até o momento nenhuma pessoa foi presa por acusação dos crimes.

Inaldo Kum´tum Akroá Gamela criticou a tentativa do governo do Maranhão de divulgar informação de que Aldely de Jesus Ribeiro não sofreu tentativa de ter suas mãos decepadas. Para o governo, ele sofreu fraturas nas mãos. “O que não é verdade”, diz.

“Agora, o governo do Maranhão afirma que foi fratura, quer discutir o conceito do massacre. Houve um espancamento. Ele não sofreu isso [mãos decepadas] com uma queda, mas com um ato violento. Ele estava com as mãos grudadas apenas na pele”, afirmou.

Na noite desta segunda-feira (01), a Amazônia Real apurou a respeito do estado de saúde dos quatro pacientes internados.

Segundo a Fundação Nacional do Índio (Funai), Aldely de Jesus Ribeiro teve várias lesões de arma branca por todo o corpo e sofreu politraumatismo. Ele está usando fixadores nos punhos para que não perca as mãos. A tíbia está lesionada.

José Ribamar Mendes está em situação estável, mas também usa fixadores nos punhos, pois houve tentativa de decepar suas mãos.

Francisco Jansen da Luz está com uma bala alojada no crânio e deverá passar por cirurgia. José André Ribeiro tem uma bala alojada no lado direito do pulmão e está internado na enfermaria.

Veja o vídeo do CIMI que foi produzido com reportagem e imagens de Ana Mendes e roteiro de Andressa Zumpano (que fez também a montagem) e Ingrid Barros.

Reportagem Noticiosa

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